Este Blog...

É fruto da maneira como vejo o mundo. Aceitam-se discordâncias e divergências, sempre dentro de uma lógica de boas maneiras, claro!

Sejam bem-vindos!

Wednesday, December 30, 2009

Sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo + adopção, parte III

A discussão no Facebook já vai longa, portanto vamos lá recentrar a questão, se me é permitido...

1.Não sou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que não quer dizer que tenha de os perseguir impiedosamente com uma cruz na mão gritando 'vai de retro, Satanás', nada disso.
2.Não sou a favor da adopção de crianças por casais homossexuais. A questão que levantei tinha um único propósito: descobrir o contrasenso da argumentação dos que defendem o casamento, mas que não vão legalizar a adopção, apenas e só isso...

E a minha posição tem uma lógica. Não sou acusador nem moralizador da sociedade, pelo que nunca andarei por aí a levantar a alguém ou a alguma classe de pessoas, sejam eles quem forem. Isso não quer dizer que me coloco ao lado dos seus comportamentos. Por exemplo: quando alguém visita um assassino a uma cadeia, para o ajudar a encontrar o seu caminho em Deus, está a apoiar o assassinato que essa pessoa promoveu? Não, está, isso sim, a trazer uma nova esperança, e a fazer aquilo que Jesus sempre fez: dar uma oportunidade àqueles que a sociedade escorraçou. Não comparo um assassino a um homossexual, mas ao dizer que deveriamos ter as nossas portas abertas àqueles cuja sexualidade difere da nossa, apenas estou a dizer aquilo que creio que Jesus faria. Sim, eu creio que ele se daria com os homosseuxais, porque eles precisam tanto do amor de Deus como eu. O exemplo da mulher adúltera é taxativo. Quando Jesus disse 'aquele que nunca errou, que atire a primeira pedra' estava a declarar que o adultério já não era pecado? Não, estava sim a dar uma nova oportunidade àquela mulher, que de outra maneira teria sido morta naquele lugar.

Quantos homossexuais já não foram 'mortos' para um relacionamento com Deus porque a nossa atitude enquanto embaixadores é a que é? Quantos já não viram esfriar ou desaparecer um desejo de perceber quem Deus é, porque a Igreja não é capaz de responder, de os receber, de os ajudar, como fazemos com tantos outros tipos de pessoa? A igreja, que deve ser inclusiva, tornou-se um pólo de rejeição para estas pessoas? Será isto correcto?

Quanto à adopção. Reafirmo que não sou a favor. Não devido à questão educativa, mas porque não acredito na homossexualidade como um estilo de vida, logo não acredito que daí possa surgir uma família no seu pleno direito. A única coisa que afirmei foi que acredito ser contrasenso propôr-se uma coisa sem se propor a outra. Se o grande argumento para se legalizar o casamento é o da igualdade de direitos, então também deveriamos permitir que essa igualdade incluisse a adopção. Também não sou hipócrita. Mesmo não acreditando na homossexualidade como estilo de vida, creio que muitas das crianças orfãs e rejeitadas que vivem nas instituições, viveriam melhor em lares, mesmo sendo estes de casal homossexual. Volta a dizer que com isto, não me declaro a favor. Apenas estou a explanar a fraca qualidade do argumento da igualdade de direitos.

De resto, só a acrescentar o quão desastrosa é a nossa linguagem no que toca aos homossexuais. Se a única coisa que temos a responder-lhes é 'o teu estilo de vida é errado, vais arder no Inferno', então se calhar está na altura de nos calarmos. Ou talvez de adoptarmos uma nova linguagem. Sem nunca abdicarmos dos princípios que vêm escritos na Bíblia, obviamente

Tuesday, December 29, 2009

Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, parte II

Há um contrasenso tremendo no maior argumento a favor da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O argumento em causa é o que diz que 'não devemos vedar a alguém um direito (neste caso o casamento) apenas porque a sua opção, seja ela sexual ou de outra ordem, é distinta. É um argumento que tem o seu quê de validade, embora possa ser perigoso se adoptado para todas as áreas, gostos e tendências que proliferam na sociedade. Mas não é por isso que deixa de ser um argumento lógico, se o restrigirmos, claro, apenas à perspectiva relativa à igualdade de direitos. Dizia eu que há um contrasenso. Qual é ele? É simples. Então se vamos legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, porque não legalizamos a possibilidade de adopção de crianças por parte dessas mesmas pessoas? Ou será que vamos criar um casamento de primeira (o heterossexuaal) e um casamento de segunda (o homossexual)? E se sim, será que isto é a tal igualdade de direitos de que falávamos há pouco?

Não deixa de ser estranha esta opção. Não sou defensor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas tenho de reconhecer que deixar as coisas a 'meio caminho' não será uma grande solução. Dizem uns que 'até ao fim da legislatura a situação será aprovada'. Até ao fim da legislatura são, talvez, 4 anos. É o mesmo que rebentar um cano na minha rua, a companhia das águas ir lá resolver, instalando metade da canalização nova e deixando a outra metade por arranjar. Aquilo que hoje parece uma solução 'mais ou menos', amanhã pode dar origem a uma nova rotura...é isso que vai acontecer neste caso também.

No meu entender, modesto diga-se, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma deficiente aplicação do conceito de igualdade de direitos. E a questão principal é que não podemos tratar duas coisas distintas (casamento hetero e homossexual) da mesma maneira. O casamento heterrossexual será sempre firmado no conceito de formação de família, o que, entenda-se, pressupõe filhos, algo que, como sabemos nunca poderá acontecer com os casais homossexuais, excepto situações de adopção e/ou fertilização in vitro (no caso das mulheres). Ora, ao vedar o acesso à adopção a estes casais, estamos a bloquear uma das 'coisas positivas' que estes casamentos poderiam trazer: um lar para crianças sem lar. Estranho...?

Como disse no post anterior, é altura de a Igreja deixar de ser contra e mostrar-se mais a favor. Estamos a falar de pessoas que, durante anos, décadas, séculos, foram mal tratadas pela Igreja, sobre o peso da espada da lei. É tempo da 'Graça' chegar a eles também. Será que o seu estilo de vida é o mais correcto aos olhos de Deus? Pelo que diz a Bíblia, não o será. Mas o meu também não é. Peco, tal e qual como eles. Mas Deus derramou a Sua Graça e o Seu favor, e isso para mim é mais do que suficiente, tal como será para as suas vidas. Assim queiramos nós ser a verdadeira embaixada de Cristo na Terra e assumirmos o nosso papel de facilitadores da comunicação entre Deus e o Homem, apresentado a sua mensagem sem condenação, antes com a certeza de que ela é poderosa, libertadora e a única capaz de devolver ao Homem a dignidade com que Deus nos criou.

Thursday, December 17, 2009

Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo

Nota prévia: Separemos as águas. O Governo aprova o casamento entre homossexuais numa altura em que se sente ‘apertadinho’ de todos os lados’. Ou são os números da crise (especialmente o défice e o desemprego) que são absurdamente elevados, ou é o Presidente que não faz a vontade ao Governo, relembrando-o que tem de governar mais e queixar-se menos, ou é a oposição que faz contra-governo e aprova medidas contrárias à vontade do mesmo. Portanto, é óbvio que a pressa revelada nas últimas semanas tem como um dos objectivos descentrar a discussão política no país para um campo onde o Governo se sente à vontade. Passemos então àquilo que me levou a escrever


Está preparado o caminho para a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por várias razões, não creio que este fosse o timing correcto. Em primeiro lugar, fazê-lo numa época como o Natal, pode ser encarado como uma provocação aos Cristãos (se bem que acredito que não fosse essa a intenção). Em segundo lugar, a pressa impediu que ocorrese o debate que a questão merecia. Tal como aconteceu com o aborto, esta questão merecia ser debatida na sociedade (com ou sem referendo), porque isso levaria a que aqueles que são contra não apenas se manifestassem, mas agissem em defesa da família, tal como aconteceu com o aborto, onde após o referendo surgiram inúmeras associações de ajuda e apoio a mães solteiras, adolescentes ou sem condições para terem uma criança. Creio que o debate teria novamente esse efeito. O resultado seria o mesmo (leia-se: a legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, na mesma), mas com a vantagem de haver uma discussão clara e fundamental sobre a família, como a proteger e como conseguir que ela continue a ser o pilar que tem sido ao longo dos séculos.

Àparte algum oportunismo do Governo, creio que a questão merece os nossos pensamentos sérios e despidos de preconceitos. É óbvio que todos os cristãos se colocam em posição contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas também é óbvio que a Igreja pouco tem feito para proteger o modelo de família como o conhecemos. Quantos espaços criámos nas nossas igrejas para casais com dificuldades? Quantas vezes ensinámos as pessoas sobre como gerir a sua família, quer no planeamento da mesma, quer na área financeira, quer na educação dos filhos? Quantas vezes nos levantámos contra a crescente desfamiliarização da sociedade, visível no número de horas (poucas!) de que alguém comum dispõe para passar com a sua família, ou nos sempre crescentes e sempre implacáveis impostos que teimam em sufocar milhares e milhares de orçamentos familiares? A resposta é poucas vezes. Nunca nos temos lembrado da família, ou quando o temos feito é apenas por uns instantes, mas agora aparecemos como paladinos da verdade sobre a mesma. Será que é esse o papel da Igreja, mera moralziadora da sociedade e anotadora dos seus defeitos e virtudes?

Não sou favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas também não contam comigo para a ostracização dessas mesmas pessoas. O que faria eu quando um homossexual entrasse na minha Igreja? Será que ele não precisa tanto de Deus como eu? Então porque é que o haveria de ostracizar? Porque haveria de vedar o acesso de alguém à graça de Deus? É por isso que não me levanto. A Igreja tem sido omissa em tantas questões em que não o poderia ser. Na fome, na pobreza, na injusta e desproporcionada distribuição da riqueza, na falta de apoio àqueles que mais precisam, no apoio à família e na presença durante as crises familiares. Porém, essa mesma Igreja tem sido lesta na disciplina, na ostracização, no apontar o dedo, na regulamentação excessiva daquilo que eu posso e não posso, daquilo que eu devo e não devo, no amaldiçoar, no fechar as portas da Casa de Deus a gente que por causa disso NUNCA vai poder conhecê-Lo. Mas isso já não é grave, pois não? Isso já não é grave…

Não me levanto. E coloco-me a jeito para a crítica, eu sei. Não me levanto contra, mas levanto-me, isso sim, a favor. A favor de um Deus que derrama graça e justiça. A favor da família que Deus criou. A favor de uma Igreja que se levanta e actua. A favor de uma Igreja que inclui toda a gente e apresenta Deus tal e qual como Ele é: infinitamente bondoso, gracioso e amoroso. E é a favor desse Deus que eu me levantarei.

Wednesday, December 16, 2009

Mais do que um 'Bom Natal'

Mais do que o bacalhau, o perú, o polvo ou a carne à alentejana. Mais do que o beijinho ao pezinho do menino Jesus (interdito este ano de forma sábia...), que a missa do galo, que a procissão da terrinha ou os santinhos em fila indiana. Mais do que a família, o quentinho da lareira, o velhote de barbas que teima em aparecer em todo o lado (mas a que velocidade é que ele se reproduz?) ou mais que aquela música do Michael Bolton que é literalmente despejada em todos os sítios onde há uma aparelhagem e música ambiente. Mais do que as prendinhas no sapatinho, na árvore de Natal, à meia-noite ou de manhã, trocadas uns pelos outros ou dadas pelo tal velhote (olha, lá está ele outra vez!). Mais do que os pares de meias da avó, que a caixinha de bombons ranhosos da Tia de 90 anos da Beira, que as camisolas horipilantes da senhora do 3º esquerdo ou que o aquecedor de joelhos em dias de Verão. Mais do que a música do Kenny G, mais o seu saxofone que escorre azeite, que os dias de frio que enregela os ossos, as noites passadas agarrado ao aquecedor e a humidade que me faz espirrar a cada 3 segundos.

Mais do que este circo em que transformámos o Natal, onde é mais importante a bem-parecença daquilo que eu dou do que aquilo que eu faço em prol de...mais do que apenas ser um solidário datado, tão amigo dos pobres e desfavorecidos nesta altura, mas tão amigo de mim mesmo nos outros dias todos...mais do que a incapacidade que eu sinto de mudar o mundo a cada vez que abro o jornal...mais do que tudo isso...

Eu espero, sinceramente, que cada um de nós se lembre do que é o Natal. E o Natal não é a tradição, nem a família, nem os presentes, nem o velhote de barbas (teimoso, lá está ele a aparecer outra vez), nem a Popota, nem a correria, nem as compras, nem a consoada, nem a manhã de 25. O Natal é Cristo. É a celebração de um acontecimento, um nascimento que não é apenas histórico, mas que é um potencial transformador da minha e da tua vida.

É por isso que eu não desejo apenas um 'Bom Natal'. Desejo, isso sim, um Natal alegre, feliz, com aqueles que mais amamos e com todas aquelas boas de que todos gostamos. Mas, mais do que isso, desejo um Natal que recorde e honre o nascimento daquele que viria a dar a vida por nós. É isso que desejo. Que o teu e o meu Natal seja Cristo. E que tudo o resto seja um acrescento. Um belo, feliz e quente acrescento.

Wednesday, December 9, 2009

A preguiça e os desafios

Estou com preguiça de escrever. Tenho ideias, boas ideias, mas estou preguiçoso...

Deixem-me só dizer uma coisa, como que numa de dar a volta a esta preguicite aguda. Nunca virar a cara a um desafio é das coisas mais difíceis mas também das mais recompensadoras da nossa vida. Aprender a viver em permanente desafio é chave para o nosso crescimento. Por isso, tomem o vosso desafio, enfrentem-nos. Enfrentem os medos e as incapacidades. Enfrentem essa terrível maneira de estar que coloca o conforto acima de qualquer outra coisa. Enfretem as vossas frustrações ou medos de derrota. Peguem o desafio pelo mesmo sítio por onde se pegam os touros. E verão que, apesar das feridas e escoriações, vão acordar numa vida muito melhor do aquela que teriam no vosso sofá.

É um conselho de amigo...

Thursday, November 19, 2009

Qual é o preço?

Fiz asneira. De imediato caí em mim e pensei 'Tenho de corrigir isto. Fiz mal, tenho de o reconhecer, tenho de fazer alguma coisa para compensar e desfazer o mal que fiz.' Cheguei a um qualquer sítio, de um qualquer lado, de uma qualquer aldeia. Olho à minha volta e procuro qualquer coisa que me ajude a desfazer o que fiz. Ah, a consciência mói-me porque sei que errei, o corpo começa a sentir os efeitos da culpa que me invade de maneira cada vez mais criteriosa, parece que tudo se conjuga para o desastre. Assinei a minha sentença de maldição para sempre.

Mas eis que surge a luz, a luz em forma de homem. Uma luz que me diz 'faz'. E é isso que me preparo para fazer. Eis que ponho os pés ao caminho e penso, embrulhado no meu próprio peso lamacento. 'Ai, se pudesse voltar atrás', penso. Mas não posso, e é por isso mesmo que tenho de fazer algo, não posso ficar aqui parado, assim, à espera das consequências que nem sei se serão arcadas por mim ou por outro ou outros! E faço-me à estrada. A dor do arrependimento é mais forte que a dor do saber que tenho de sair do meu conforto para decidir reparar o que fiz de mal.

E então surge a oportunidade. Alguém me oferece, sem nenhum esforço ou preço alto envolvido, a redenção da minha consciência. 'Uma oportunidade vestida a ouro', pensei eu. Seria? De que me serviria se o pagamento do meu erro se resumisse ao preço de um simples 'quero'? Aquela pessoa estava diante de mim, esticava a mão, repetidamente, oferecia-me aquilo que eu queria ouvir. E eu, de impulso, queria dizer que sim, que aceitava. Afinal, nada como não ter de me esforçar para corrigir a embrulhada em que me meti. Que oportunidade! Até estava capaz de agradecer a Deus pela divinamente comandada mão daquele homem...

Preparava-me para aceitar quando, de repente, caí na realidade. E o estrondo foi maior do que pensava. Então, mas para que passei por tudo isto? Será que vou sair desta sem aprender uma única coisa? E então pensei. Logo verbalizei, 'não, não aceito. Antes quero pagar o preço justo do que me ofereces. Porque não quero que a minha vida seja a de um menino mimado que só viu facilidades. Quero aprender com aquilo que a vida tem para me dar. Não ma dês. Vende-ma!' O homem, por seu turno, absolutamente surpreendido com a minha proposta, insistia: 'toma, ofereço-ta. Porque havia de te vender algo que te quero oferecer?' Mas eu estava determinado nos meus objectivos. 'Vende-ma', dizia eu, 'e pelo seu preço justo'. Porque não quero passar a correr pela vida sem poder dizer que aprendi dela alguma coisa. Porque não quero poder dizer que vou de milagre em milagre todo o santo dia.

O homem olhava para mim, quase que petrificado pela minha atitude. Apostava em como 'então mas isto cabe na cabeça de alguém' era a frase que lhe passava na cabeça repetidamente. 'Não me dês a solução. Antes vende-ma', repeti novamente. Até que ele me perguntou, numa mistura de incredulidade e dúvida, 'porque queres que ta venda?'. Respirei fundo, não tinha uma resposta imediata para aquilo, o que eu tinha feito era quase um acto reflexo. Até que senti alguma coisa cá dentro, que me fez perceber claramente o porquê. E disse-o ao homem que ali estava a minha frente: 'quero comprar-te isso, porque não quero chegar diante de Deus com uma vida que não me custou nada. Quero oferecer-lhe algo que me tenha saído do couro. Aquilo que Ele tinha para me oferecer já ofereceu. Agora é a minha vez de fazer algo. Aí tens a tua resposta.' E, num acto imediato, abri a carteira. Sem olhar para quanto lá tinha, peguei num molho de notas e passei-as para a mão deste homem. Ele continuava incrédulo. Eu também. Afinal, foi a única vez até hoje em que não perguntei 'qual é o preço?' E sei que nunca me arrenpenderei disso...

Monday, November 16, 2009

O início de algo

A maior parte das histórias começam com um erro. Alguém decide errar, por simples desobediência, por falta de coragem, por mero desconhecimento ou imprudência, ou até pelo sincero pensamento de que está a fazer o melhor. Raras vezes (ou talvez nunca!) as histórias começam com grandes actos heróicos. Tenho-me perguntado porquê. E talvez tenha encontrado uma resposta minimamente plausível para esse facto.

O facto de a maior parte das histórias começarem com um erro não é mais do que o assumir que o ser humano precisa da adversidade para se transformar. É a vantagem das crises, dão-nos a possibilidade de nos convencermos a nós próprios de que é preciso mudar, de que é preciso fazer alguma coisa. Geralmente uma boa história começa com um erro, e depois evolui para uma catadupa de acções redentoras levadas a cabo por uma espécie de 'messias'. É assim que se processa.

Sempre gostei da ideia de como começa uma árvore ou uma planta. Semente lançada à terra e por aí fora, bla, bla, bla. Esquecemo-nos que a semente que é lançada à Terra só produz depois de ter morrido. Isso não torna a semente desnecessária, pelo contrário sem semente e sem a sua morte, não há árvore, não há planta. Parece um contra senso? É capaz. Mas é mesmo assim que funciona.

Talvez alguns de nós devêssemos olhar para o errar com olhos mais optimistas. Errar pode ser, desculpem a expressão, 'tramado'. Mas também pode ser o início de uma bela história. O Filho pródigo começou com um erro. E o erro só potenciou a beleza do final da história. Moisés começou com um erro, ao matar um egípcio, mas isso só potenciou o seu destino. A própria humanidade começou com um erro, mas aquilo que Adão fez trouxe-nos até aqui, e esse 'aqui' deve ser menos desdenhado e mais apreciado por nós, meros seres humanos.

Meter a pata na poça é parte do encanto da vida. Errar faz parte de uma jornada que só termina quando expiramos pela última vez. Tudo para que o morrer seja lucro. Porque nada levaremos desta vida, nem nada nos valerá depois de fecharmos os olhos. Eu erro. Eu falho. Eu arrependo-me de muita coisa que fiz. Mas também sou mudado, moldado, transformado pelas dificuldades e pelos erros. Porque para o morrer ser lucro, o viver tem de ter algum propósito. E no meu dicionário só há espaço para um conceito sinónimo da palavra viver: Jesus. Porque é Ele que pode pegar numa história e mudar-lhe o rumo. Para sempre.

Monday, November 9, 2009

E o muro caiu...

Faz hoje 20 anos que o Muro de Berlim caiu. Uma alegria para uns, um momento negro para outros. Não gosto de confundir comunismo com aquilo que se fez na União Soviética depois da morte de Lenine, apenas porque não tem nada a ver. Marx e Engels até voltas no caixão devem ter dado. De uma sociedade que visava defender a igualdade e combater as assimetrias que o capitalismo teimava em desenhar, passámos para uma outra em que a liberdade não passava de uma palavra irritante que feria os ouvidos de Estaline e de dos seus compinchas e sucessores. Não me lembro em qual dos livros e teorias de Marx isto viria escrito...

O muro e a sua queda não passarão do 'está consumado' do comunismo. Todos já se tinham apercebido do que ia acontecer, de que o comunismo como o conhecíamos tinha os dias contados e seguia pela via dolorosa até ao monte caveira. O muro foi o momento em que se marcou o final dessa viagem. Finito, acabou a cortina de ferro, acabou o Ocidente vs URSS, acabou a Guerra Fria...e o comunismo? Terá acabado também?

Não sou comunista, mas sempre tive uma boas relações de amizade com quem fosse. Sempre gostei de algumas das suas características pessoais. Os que conheço são pessoas cordiais, sérias e amigas do seu amigo. Talvez por isso tenha à vontade para falar disto. É que o grande problema do comunismo, no geral, não são as suas ideias (embora existam muitas com as quais não concorde), é a sua base. Será que há alguém que não ache que o mundo poderia ser melhor se fôssemos todos iguais, verdadeiramente? Será que alguém duvida que a boa distribuição dos recursos não era a resposta para tantos e tantos problemas que o mundo tem vivido? Claro que não. Creio que o conunismo tem muito de bom, embora a sua interpretação tenha sido distorcida vez após vez, da Coreia do Norte a Cuba.

A base, voltemos à base. Nenhum dos problemas da Humanidade será resolvido se insistirmos em colocar o Homem e o humanismo no centro de tudo. Nem comunismo nem capitalismo poderão ser a resposta enquanto nós formos a questão central. O único resultado palpável será o contributo para o crescimento dos nossos egos, manias e desvarios, todos colocados num lugar bem mais acima do que deveriam estar. Não posso também deixar de assinalar que o comunismo veio trazer ao de cima alguns dos mais sanguinários, crueis e anti-democratas líderes mundiais. De Kim Jong-Il a Estaline a lista é longa e merece reflexão.

Posto isto, creio que a queda do muro ainda continua a ser a resposta. Muro de Berlim? Não, não é a queda do muro de Berlim...são outros muros...são outros muros...aqueles que temos construído entre o Homem e o seu Arquitecto. É preciso derrubar esses porque aquilo de que o Homem precisa é de uma renovação geral e global. E essa só esta ao alcance daquele que fez o projecto inicial...

Friday, November 6, 2009

Estive a mais

Abro um parentesis para falar de futebol novamente, mas apenas para chegar a um ponto que nada tem a ver com futebol. Paulo Bento demitiu-se do comando técnico do Sporting. Na conferência de imprensa produziu a seguinte afirmação: «estive quatro meses a mais no Sporting.' É dela que faço o meu ponto de partida hoje.

Saber fazer e saber estar são conjugações indispensáveis para qualquer um. A competência, o esforço e a dedicação são palavras básicas de importancia chave em qualquer coisa que façamos. Mas muitas das vezes esquecemo-nos que discernimento também o é. E discernimento é saber fazer o que deve ser feito, no tempo certo, no lugar certo. Ao proferir esta frase, Bento admitiu que faltou discernimento para ver que o seu tempo tinha terminado ali. Repara-se como isto afecta tudo e todos. Afectou a instituição, porque parece estar muito longe dos planos que tinha para esta temporada. Afecta Bento, que ficará ligado para sempre a este início de época sombrio e terrível. Afecta os adeptos, aqueles que veêm de fora, pela descrença e falta de fé e esperança (mesmo que seja numa coisa secundária como o futebol...).

Sabermos qual é o tempo das coisas, o tempo de entrada, o tempo de saída, o tempo de colocar certas decisões em prática, é fundamental. O timing, como lhe chamam os ingleses, pode fazer de uma decisão certa uma atitude errada, quando tomada num momento inadequado. Discernirmos o quando é muitas vezes mais difícil do que discernirmos o como ou o porquê.

Digo estas coisas porque enquanto povo, temos dificuldade nas 'saídas'. É raro ver alguém que consegue ser airoso na saída. É raro ver alguém que é capaz de discernir que o seu tempo, num determinado lugar, terminou. E é triste. É triste ver gente capaz, dedicada e competente, deitar tudo a perder porque não soube quando sair de cena.

'Estive a mais' é uma frase que devemos evitar. E de evitar é também o pânico de sair de determinado lugar. Porque haverá sempre um novo desafio, uma nova luta, assim queiramos e saibamos nós encontrá-los. É porque eles estão aí à espreita a qualquer momento, basta estar atento.

Thursday, October 29, 2009

Fair-Play

A propósito do Saramgo e das suas afirmações, mais uma vez se veio provar que a Igreja (no geral) e os cristãos continuam a padecer de uma doença crónica, revelada de tempos a tempos: incapacidade de lidar com qualquer tipo de crítica ou ideia diferente. Falta-nos fair-play, falta-nos entrar na era da liberdade de expressão e opinião. Foi por isso que, da última vez que esteve em Portugal, na ocasião do lançamento do projecto 'Um Milhão de Líderes', Marcos Witt proferiu vezes sem conta a ideia de que a Igreja deveria ter mais pastores e líderes e menos ditadores. Há gente que ainda confunde capacidade de liderança com capacidade de manipulação e firmeza com teimosia e incapacidade de ouvir críticas ou opiniões.

Quem me conhece ou lê este blog sabe que gosto de arrasar com a ideia da opinião pela opinião. No meu entender, a opinião deve ter em conta alguns factores: o factor oportunidade, o factor conhecimento, o factor construtivo e o factor humildade. O factor oportunidade porque devemos esperar pela hora certa para dar a nossa opinião. O factor capacidade porque nos devemos limitar a opinar sobre questões sobre as quais tenhamos conhecimento. O factor construtivo porque nos devemos limitar a opinar para construir e nunca para destruir. O factor humildade, porque devemos estar prontos para que a nossa opinião não seja reconhecida como válida. Ora, logo a Igreja, onde opinião é quase sagrada, é que havia de ser o sítio onde pior lidamos com a opinião dos outros. Saramago disse o que disse. Em última análise, é ele o responsável pelas afirmações que teve. Que temos nós que ver com isso? É triste, mas há mais gente a ler a Bíblia por causa de Saramago do que por causa de todos os líderes da igreja portuguesa juntos!

Quando era miúdo era fã do Herman. Escapava-me à cama para ver os programas quando eram durante a semana. Achava um piadão aos skectches e ao humor corrosivo. Lembro-me de sketches polémicos, como a última ceia ou outros relativos a Fátima, entre outras coisas. Sempre achei estranho que fôssemos tão fãs do Herman quando ela fazia humor com a igreja católica, e tão contra o mesmo quando ele fazia sketches humorísticos com Deus. Então mas isto é que é Fair-Play? Lembro-me muito bem de um sketch em que Herman interpretava o papel de Deus, e alguém fazia de Baptista Bastos, um ateu convicto. Que grande sketche! Acho que o próprio Deus se terá rido à brava. Mas nós não. O Herman estava a 'gozar' com Deus! Ultraje! Blasfémia! Mas o delírio voltava com um Sketche sobre Fátima ou os católicos. Muito coerente...

Isto a propósito do sabermos lidar com as críticas, as opiniões e o sabermos rir de nós próprios. Alguém critica a Bíblia? Preocupemo-nos mais em informar as pessoas e em responder às suas necessidades (através da Bíblia) do que em fazer grandes defesas teológicas. A Bíblia defende-se a ela própria. Alguém brinca com a Igreja ou com Deus? Tenhamos Fair-Play para perceber e até agradecer, porque só é trazido para o humor aquilo que é relevante. Alguém se levanta contra a Igreja? Antes de respondermos vejamos se não há razões para isso... às vezes, até eu próprio tenho vontade de me levantar contra a Igreja. Não contra a Igreja que Deus instituiu, mas a Igreja que os homens tornaram um antro de intolerância, de ilicitude, de interesses e de irrelevância.

Depois de tantos erros históricos que já cometemos enquanto Igreja nos últimos (largos!) séculos, vamos evitar cometer mais um: virar as costas à sociedade só porque não gostamos do que ela diz de nós... até porque este seria o pior erro histórico de todos os tempos...

Monday, October 26, 2009

Caim, Saramago e Deus

Fruto do estudo que deu origem à palavra que partilhei ontem na minha igreja, cá está 'Caim, Saramago e Deus', tudo junto no mesmo saco!

É importante situarmos esta discussão que se gerou na passada semana acerca das declarações de Saramago. Tudo isto surge porque Saramago vê na história de Abel e Caim traços de ruindade de Deus e alguma injustiça no comportamento de Deus para com Caim. Mas será que isto corresponde à verdade? Será que é exactamente assim? Será que Caim não fez nada para que Deus não aceitasse a sua oferta? Estaremos perante um mero capricho de Deus?

O que aconteceu a Caim, importa dizê-lo, não foi fruto do destino, nem sequer das circunstâncias. Não é reportado que Abel e Caim tivessem tido quaisquer problemas anteriores a este. Não é reportado que Caim tivesse uma má natureza, por assim dizer. Até as actividades a que estes dois se dedicaram eram das mais nobres (pastorícia e agricultura) da época e sem grandes diferenças de estatuto entre si. Caim fez uma escolha e Abel fez outra. Essa foi a diferença, mas já lá vamos.

A atitude de Deus também foi inatacável. Limitou-se a responder à atitude de Caim. Colocar o ónus do que aconteceu nesta história em Deus é de uma injustiça tremenda. Abel trouxe o melhor do que tinha (as primícias, ou seja a primeira e mais importante parte do seu trabalho), enquanto Caim trouxe uma simples parte. A diferença da qualidade entre o que Caim e Abel trouxeram é feita biblicamente por omissão. Ao referir-se à oferta de Abel como 'primícias' e ao omitir a qualidade da oferta de Caim, é-nos dado a entender que Abel terá sido excelente, enquanto Caim apenas normal. E quanto ao que é a normalidade aos olhos de Deus, apenas refiro uma passagem: 'Mas visto que és apenas morno – nem quente nem frio – hei-de vomitar-te da minha boca!’ Está tudo dito, não está?

Há que assinalar como Caim transformou uma questão que era sua e da sua atitude, ou, quando muito, uma questão entre ele próprio e Deus, numa questão pessoal entre ele e o irmão. Só assim se explica que tenha partido para o assassinato do seu irmão.

Colocar em Deus o ónus desta história é desonestidade e incapacidade de interpretação do que está escrito. Caim escolheu. Mesmo depois de Deus lhe ter aberto as portas ('se fizeres o que é bom serás aceite e feliz'), mesmo depois de Deus ter colocado as cartas em cima da mesa ao dizer-lhe quais seriam as consequências de se deixar dominar pela maldade. Caim escolheu. Escolheu a oferta que deu, a 'normal' oferta que deu. Escolheu assassinar o irmão, mesmo sabendo que isso teria tremendas consequências. Escolheu não ouvir Deus nem os seus conselhos. Seguiu um caminho que geralmente leva à ruína: o não sermos ensináveis. Escolheu a falsidade ('irmão, vamos dar uma volta?') e a mentira (Não sei onde ele está, Deus! Por acaso, serei eu guarda dele?'). Caim fez uma série de escolhas erradas, mas o mais interessante ainda nem sequer é isso...

Deus decidiu proteger Caim. Ao medo deste em ser atacado e morto por outros povos (pergunta do milhão de €: que outros povos seriam estes? Então afinal o mundo não era só habitado por Adão, Eva, Caim e Abel por esta altura?), Deus respondeu com a promessa de que quem atacasse Caim teria um castigo sete vezes superior ao seu. Incrível. Parece-me um pouco da demonstração 'antecipada' da graça e do amor que caracterizam a natureza divina. Apesar de Caim ter nitidamente errado de forma consciente e premeditada, Deus escolheu protegê-lo da maldade que o próprio Caim iniciara. Que tremendo...

A única coisa de que trata esta história é da atitude. Da de Abel e da de Caim. De um Abel que trouxe algo de muito bom, e de Caim que trouxe apenas algo. Esse é o nosso desafio. Normalidade ou excelência? Apenas o que é requerido ou milha extra? O que é pedido ou tudo o que há em nós? São dúvidas que se decidem nas coisas do dia-a-dia. E, já agora, deixem-me reescrever aquele dito português. «Dos extravagantes rezará a História.»

Wednesday, October 21, 2009

À Procura do Entusiasmo Perdido

Nesta frase se pode resumir uma boa parte da nossa vida. Andamos cerca de 20 anos a acumular sonhos, objectivos, projectos de realização pessoal, a estabalecer metas, umas mais realistas e outras menos, a projectar ilusões para o futuro, a pensar no sonho em que a nossa vida se tornará quando formos independentes, doutores ou engenheiros, chefes de família, felizes e realizados, tanto na área financeira, como na profissional, ou até mesmo na familiar. E depois andamos 60 anos à procura da fuga desses mesmos objectivos, porque nos queremos esquecer de todos eles...

Quando éramos novos (até parece que sou muito velho) a ilusão era o nosso nome do meio, mas a rotina bolorenta em que a nossa vida se tornou teve o condão de sugar toda a criatividade, toda a ilusão, todo o sonho, toda a vitalidade. Hoje, resumimos a vida à procura de darmos melhores condições aos nossos filhos, às nossas esposas, aos nossos maridos, ou ao conseguir pagar a gigantesca conta em que a nossa vida se tornou. E onde morreu o sonho? Onde morreu o entusiasmo? Onde morreu o ideal? Já essa 'grande' banda de seu nome BAN (mais conhecida por ter sido a banda de João Loureiro, filho de Valentim Loureiro e ex-presidente do Boavista) cantava um pedido simples, 'dá-me um ideal'.

Hoje o mundo move-se com base no compromisso e no medo. No compromisso que assumimos de tentar dar o melhor àqueles que nos são queridos e no medo de que o contrário disso aconteça. Problema 1: o melhor que nos é apresentado, e que se resume a dinheiro para pagar faculdade aos filhos, boa casa, bom carro, roupa de marca, casa de férias, férias no estrangeiro, e tudo o que mais quiserem, não é, na realidade, o melhor da vida. Problema 2: quando descobrimos que abdicámos dos nossos sonhos, valores e princípios, já é tarde de mais e estamos prontos para uma única coisa: a reforma.

Não peço que me deêm um ideal, mas deêm-me o entusiasmo de fazer alguma coisa apenas porque existe um tremendo prazer nisso. Não me peço que devolvam todos os sonhos, mas que pelo menos me devolvam a ideia de que as oportunidades estão lá, basta agarrá-las e ser diligente com elas. Porque não é apenas o conhecimento que faz o mundo avançar. É a paixão , é o entusiasmo, é a garra. Por isso é tempo. É tempo de encontrar o entusiasmo perdido. É tempo de desfrutar do que, mesmo sendo pequeno, é tão fantástico! É tempo de desfrutar das nossas famílias e dar-lhes mais do que somos e não do que temos. É tempo de desfrutar dos nossos amigos e ser verdadeiramente ajuda nas suas vidas. É tempo de assumir que temos responsabildiade social, e de irmos pela rua dizer que a vida é entusiasmante, fantástica, e foi feita para ser vivida na sua plenitude. Porquê? Apenas porque temos a promessa de alguém que um dia disse que era possível viver, e não apenas de uma forma normal, mas de uma forma abundante...

Wednesday, October 7, 2009

Há coisas que nos ultrapassam

Há coisas que nos ultrapassam. Certamente. Mas há coisas pelas quais somos ultrapasados. E isso dói mais do que a primeira, não dói?

Há coisa que nos saem do alcance. Há coisas que nos fogem sem que possamos fazer algo para o evitar. Mas também há coisas que nos escapam por negligência, por incapacidade, ou porque as damos por garantidas. E é essa a destrinça que importa fazer.

Tenho dias em que me apetece processar pessoas por estagnação por negligência. Tenho outros dias em que me apetece processar a mim mesmo pelas mesmas razões. Se Deus nos deu condições, se Deus nos deu talentos, se Deus nos deu um cérebro (e que cérebro!), se Deus nos deu tudo o que precisamos, de que estamos à espera para alcançar o que está proposto à nossa frente.

Tenho a certeza que quem lê estes parágrafos estará a dizer ‘é certo, Ruben, tens toda a razão!’ Eu não quero ter razão! Eu quero é que nos deixemos de falinhas mansas e desculpas esfarrapadas. Eu quero é que sejamos homenzinhos e mulheres à séria, capazes de fazer tudo o que for preciso até não nos restar uma gotinha de sangue! Afinal, que tipo de gente é que somos? O que nos distingue? O que nos torna diferentes? O que apresentamos de forma viva à sociedade? Padrões de comportamente moral? Só? Que fraca ideia de Evangelho que andamos a ‘distribuir’ por onde passamos…

Ao longo de décadas, de séculos, alguém tentou e conseguiu reduzir cristianismo a um padrão de comportamento moralista e moralizador. E fê-lo com um tremendo sucesso. A Igreja é mais conhecida pelo não do que pelo sim. Não é isto triste? Mas onde é que se foi buscar esta ideia? Quem concebeu igreja como a moralizadora da sociedade perdida? Quem concebeu esta ideia peregrina? Não sei. Ou pelo menos acho que não sei. Mas sei que está na hora de a deixar de lado. Abram-se as portas e venham daí. Venham daí os mais desfavorecidos e os mais desgraçados, porque esses é que precisam do favor e da graça. Venham daí os famintos e os sem-abrigo, porque esses é que precisam de alimento e tecto. Venham daí os escorraçados e os oprimidos, porque esses é que precisam de apoio e liberdade. Venham daí, porque as portas estão abertas!

Há coisas que nos ultrapassam? Há, certamente. Mas a negligência com que encaramos o Evangelho e a Sua causa palpável na terra tem de acabar! Há coisas que nos ultrapassam? Há, certamente. Mas não há coisas pelas quais sejamos ultrapassados, nomeadamente pela antiga, bolorenta, limitadora, tradicionalista e castradora maneira de pensar. Há coisas que nos ultrapassam? Há, certamente. Mas está na hora de rebentar com as paredes que se construiram durante anos, e que serviram para não contaminar gente que nem sonhava que já estava contaminada pela negligência com que tratou o Evanglho, ao falhar numa mensagem tão clara como central: que a graça e o perdão de Deus não conhecem limites ou fronteiras! Há coisas que nos ultrapassam? Há, certamente. Mas já chega! Porque aos mornos a História não fará jus, mas dos que, quentes ou frios, assumirem na plenitude o que são e para o que vão! Um NUNCA MAIS carimbado em cima da Igreja morna!

Sejamos duros. O Evangelho é demasiado importante, demasiado caro, demasiado bom para ser desperdiçado neste circo que montámos nestes últimos tempos. E Tu, Deus, perdoa-nos se errámos aqui e ali. Olha para nós e tem compaixão. Faz-nos UM, em relevância, sentido de responsabilidade e amor. É só isso que eu Te peço!

Wednesday, September 23, 2009

Um pedaço de liberdade (ou porque dos servos rezará a História)

Falamos muito de liberdades. Como a sociedade portuguesa esteve tantos anos privada dela, adquiriu este hábito de falar dela a torto e a direito. Mas qual é, na verdade, o conceito de liberdade? Em que se traduz esta obsessão da nossa sociedade actual, hipervalorizado ao máximo, por vezes até ao extremo?

Há muitos tipos de liberdade. Geralmente, todos eles entroncam em questões comuns. Por exemplo, é difícil que uma sociedade em que não haja liberadade de imprensa possa consagrar outras liberdades individuais. O contrário, então, é impossível. Porquê? Porque liberdade é um conceito aberto, transversal e multi disciplinar. Liberdade não é um exclusivo de um domínio, de uma corrente, ou de uma tendência cultural ou política. O conceito de liberdade ultrapassa todos estes paradigmas, pulverizando-os.

Sinto-me cada vez mais contente por acordar todos os dias num país em que me posso exprimir livremente. Um país em que posso votar sem ser pressionado, nem ter que passar por colunas de bombas ou ver militares em tudo quanto é sítio em dia de eleições. Um país em que não sou obrigado a votar num partido único e dono da verdade, mas em que posso escolher entre 14 forças diferentes, desde um extremo ao outro. E liberdade é, e muito, isto. A liberdade de escolher aquilo que acredito ser o melhor, a liberdade de decidir, sem pressões externas, sem chantagens, sem dilemas que não os morais e interiores normais numa situação destas. Votar já é fantástico. Poder fazê-lo em consciência é dádiva que devíamos preservar com todas as forças.

Isto a propósito da liberdades. Das liberdades. E do que ela é ou elas são. A individual termina onde começa a dos outros. A de imprensa termina na calúnia e na mentira. A de expressão termina na injúria. A de pensamento termina no meu próprio mal. A de votar termina quando não exerço o meu direito. Mas, acima de tudo, continuo a achar que a maior liberdade é a daquele que, sendo livre, escolhe ser servo. Porque dos que escolherem servir rezará a História.

Friday, September 18, 2009

E nós, não estaremos a ser escutados?

Esta questão da escutas ao Presidente e à sua equipa levantou tremenda celeuma na sociedade portuguesa. Afinal, está em jogo a independência da Presidência, a seriedade do Governo e do PR, a cooperação estratégica, etc, etc, etc... mas a pergunta não deixou de ecoar na minha mente nas últimas horas... não estaremos todos a ser escutados?

Às vezes não seria mau de todo que agissemos como se estivéssemos a ser escutados, vigiados. Cada vez que ficamos entregues a nós próprios, a tendência é a de fazermos, desculpem a expressão, porcaria. O mais interessante da questão é que, de facto, estamos a ser escutados, vigiados, vistos. Mas também não deixa de ser interessante que a vigilância a que estamos sujeitos não é de forma a sermos incriminados de algo, mas de forma a sermos libertos e salvos de muito do nosso próprio dia-a-dia. Aquele que nós 'vigia', não o faz por perversão ou para acusação de alguém. Fá-lo pela necessidade de nos mostrar o melhor caminho, a melhor maneira.

Isto não deixa de me fazer pensar na forma como nos comportamos quando estamos a ser vigiados e quando não o estamos a ser. Porque é que somos tão diferentes numa e noutra situação? Porque nos comportamos detestavelmente quando estamos sós e somos tão bonzinhos quando somos vigiados? Afinal, somos autênticos ou não? Seremos verdadeiros, reais? Ou seremos apenas parte de uma novela à escala mundial em que desempenhamos papéis conforme as situações, conforme as nossas necessidades e os nossos interesses?

Dá que pensar não dá? Ou será preciso que o SIS nos escute para mudarmos o nosso pada~ro de comportamento?

Thursday, September 17, 2009

As promessas da campanha eleitoral

Amigos, esta é a minha estimativa de promessas a que vamos assitir na próxima campanha eleitoral, no desesperado 'apelo' ao voto...

- Sócrates promete que, vencendo, amanhã será Sexta-Feira;

- Por seu turno Manuela Ferreira Leite, prometerá que, se ganhar as eleições, todos os dias serão Segunda-Feira...afinal o país precisa de produzir;

- Já Louça virá dizer, comentando as promessas dos outros candidatos, que vai nacionalizar quer a Segunda, quer a Sexta, dizendo também que num futuro próximo, toda a semana será nacionalizada;

- Como resposta Jerónimo de Sousa dirá, com aquele ar 'autêntico', que, se a CDU fôr Governo, a Festa do Avante passará a ter início a 12 de Abril prolongando-se até 22 de Dezembro, todos os anos...farra da grossa, portanto;

- E falta Portas...que virá a público defender os agricultores, as PME's, os professores, os médicos, os pensionistas, os retornados, os ex-combatentes, os trabalhadores, os desempregados, as velhotas que assistem ao programa do Goucha, os jovens que vêm o Curto Circuito, os micro, pequenos, pequenotes, pequenitos, médios-pequenos, médios-médios, médios-grandes, grandes-pequenos, grandes-médios e grandes-grandes empresários, os lavadouros públicos, a lavoura, os tractores SAME, a fábrica da Guloso de Benavente, os produtores de porquinhos da Índia, os visitantes do ZOO, os próprios animais do ZOO, o Carlos Azenha, a Manuela Moura Guedes, a fauna, a flora, a flora intestinal, o Bifidus Activo, o Becel Pró-Activ e as empresas de cablagem de routers wireless. Quando tiver acabado de defender tanta coisa, vai-se aperceber que já é dia 23 de Novembro e que toda a gente já votou...

Vamos lá ver se falho por muito...cheira-me que não...

Wednesday, September 16, 2009

Que raio de conversa é essa?

Ricardo Araújo Pereira perguntou ontem a Manuela Ferreira Leite: 'Então a senhora anda a proclamar a antítese da política, dizendo que não promete nada que não possa cumprir? Mas que raio de brincadeira é esta?'

Estava a ver o programa em directo e de imediato soltei uma gargalhada sonora. É pouco comum ver um plítico, especialmente um candidato a primeiro-ministro responder a uma pergunta iniciada com a expressão 'mas que raio'. Mas deixemos o conteúdo da pergunta e passemos ao que me leva a escrever: aquilo a que damos importância numa campanha eleitoral.

Ao votar em eleições legislativas, estamos a escolher quem nos governa nos próximos 4 anos. Logo, estamos a falar daquelas que são, no meu entender, e em conjunto com as autárquicas, as eleições mais importantes do ponto de vista da construção do futuro do país. Sendo as mais importantes, exigiriam da parte de quem vota uma atitude responsável. Mas qual é a nossa aitude enquanto eleitores?

Para começar, há sempre uma percentagem superior a 30% que nem sequer se dá ao trabalho de comparecer no dia das eleições. E eu percebo. É difícil votar quando somos ameaçados, quando não temos liberdade para o fazer, e quando é preciso ir para as mesas de voto 3 ou 4 horas antes para conseguir votar. É normal que tudo isto torne desencorajante o acto em si. Em seguida temos os qeu votam pela carinha dos candidatos. Não conhecem nada, não sabem de nada, mas acham o xôr Portas 'tão simpático', ou o xôr Louçã 'tão honesto, coitadinho'. Depois destes temos a maioria, os que votam basicamente porque sim ou porque não. Conhece o programa de Governo? 'Não. Mas gosto muito da D.Ferreira Leite. É séria e o país precisa de seriedade'. Ou então 'não gosto nada do Sócrates, por isso vou votar na Dra.' Propostas conhecidas? Talvez o TGV, mas na realidade nem sabem para que serve ou o que está em jogo. Por fim, a minoria. Aqueles que se dão ao trabalho de ler, de ouvir o que realmente importa. Depois disso dizer 'sim senhor, concordo com as propostas de x ou y, têm o meu voto'. Mas esta realidade que aqui descrevi, talvez com algum exagero, não é mais do que o que nós somos na realidade.

Vejamos bem este facto. O que distingue melhor um político português? A sua obra? As suas propostas? Não, certamente que não. Um político em Portugal é mais conhecido pelo que não cumpriu do que pelo que fez, pelas gaffes e pequenas coisas do que pela obra. Sócrates será sempre lembrado pela promessa dos 150 mil empregos (que afinal foram perdidos, e não criados) e pelo caso da Universade Independente. Durão Barroso será sempre lembrado pelo choque fiscal, a maravilhosa transformação de descida em subida vertiginosa de impostos e pela saída para Bruxelas. Isto só para falar nos mais recentes. Mas não são só as promessas. Nós temos o país que merecemos. Um exemplo claro: talvez não nos lembremos de uma única medida dos 10 anos de governação cavaquista, mas lembramo-nos certamente do episódio 'bolo-rei', em que Cavaco degustava à grande e de boca aberta um enorme pedaço do dito cujo. A nós interessam-nos mais esta questiúnculas e pequenas coisas 'engraçadas' das campanhas e do exercício do poder, do que as verdadeiras questões de fundo. Estamos mais preocupados com o facto de Ferreira Leite dizer 'piquenas e médias empresas' do que com o que é proposto pelo seu partido. Estamos mais interessados na eleição de Sócrates como homem sexy platina na votação do Correio da Manhã, do que em ouvir o que ele pretende fazer durante mais 4 anos. Estamos mais interessados em ouvir Louça a falar da pseudo-moralização da política (naquele tom arrogante de dono da verdade...) e estamos pouco interessados em saber o que faria o BE se fosse Governo. Agora pergunto, o que é mais importante saber para votar: conhecer os programas e ideias ou saber o que veste, o que diz nas 'horas vagas', as gaffes, os gestos, a compra de pseudo-militantes para encher pavilhões e arruadas...afinal, o que interessa isso? Eu quero é saber quem governará melhor o país caso ganhe. Isso é um ponto de vista pessoal, que terei eu próprio de criar. Essa tomada de posição não tem paralelo nenhum com estas pequenitas coisas, que apenas nos distraem do essencial.

Tenho pena que demos tanta importância a estas coisas tão pequenas e insignificantes. Tenho pena que demos demasiada improtância ao que é acessório, e deixemos esquecido o que é essencial. Tenho pena que 95% dos eleitores que vão votar (estimativa minha) nem sequer leia os programas eleitorais de cada partido e escolha de acordo com eles...

É assim que somos. Logo, é normal que quem governa seja nem mais, nem menos, que o nosso fiel reflexo...

Thursday, September 10, 2009

Irra, que é teimoso!

É tiro e queda. À pergunta ‘qual o seu maior defeito?’, 95% dos portugueses pouco mais consegue responder que com um simples ‘teimosia’. O que me leva a pensar que, das duas, uma: ou somos demasiado bonzinhos no que toca a tudo o resto (ideia que, depois de 5 minutos numa estrada portuguesa, deixa de ser hipótese a considerar); ou então somos tão maus na nossa auto-avaliação como o somos a conduzir. Reparem também que este somos maus a conduzir nunca se aplica à primeira pessoa (nunca ouvi ninguém dizer que conduz mal, mas ouço toda a gente a dizer que em Portugal se conduz mal… como se nós conduzíssemos na Conchichina…), mas ao país em geral, exceptuando eu próprio, ou melhor, exceptuando a pessoa que diz a frase.

Não há mudança sem antes haver a percepção e o assumir de que precisamos dela. Há uma frase que eu simplesmente adoro e que diz que ‘somos capazes de ver o grão de areia no olho do nosso vizinho, mas somos incapazes de reparar na trave de madeira que está mesmo à frente dos nossos olhos.’ Poucas frases classificam tão bem o ser humano como esta. Muito perspicazes a apontar o que os outros devem fazer. Tranquilos, pacientes e, muitas vezes, insensíveis, na percepção das coisas que nós próprios temos de mudar.

Esta incapacidade de nos avaliarmos correctamente tem um preço alto a pagar, chamado estagnação. Ninguém é mais velho do que aquela pessoa que está no mesmo sítio há anos e anos e anos consecutivos. É possível ser velho na idade e novo na vida, se soubermos ser os nossos primeiros críticos, os nossos primeiros comentadores, dos nossos hábitos e atitudes. Aposto que se projectássemos noutra pessoa algumas atitudes que por vezes temos, seríamos os primeiros a apontar e acusar. Então porque temos esta tendência de dar ou retirar importância às coisas, consoante elas são praticadas ou ditas por nós, ou por outros? Porque somos assim tão incapazes de ver que, muitas vezes, as acusações que nós fazemos também reportam a coisas que fazemos, sem que reparemos ou sem que consigamos dar importância a isso?

Isto a que propósito? É simples. Uma das leis mais fantásticas da humanidade, é aquela que nos diz que se queremos alguma coisa dos outros para nós, devemos ser os primeiros a libertá-la. Não gostas da maneira como o teu patrão te trata? Então não te queixes, antes trata o teu patrão de forma cordial, simpática e semeia a forma como queres ser tratado sem reinvindicar. Não gostas da maneira como o teu vizinho te olha? Então não vás para casa dizer mal dele. Da próxima vez que o encontrares fala com ele, pergunta-lhe como está, liberta a forma como gostavarias de ser tratado.

Porque não é apontando dedos que iremos ver mudança a acontecer à nossa volta. É sendo os primeiros a mudar e a agir no sentido de fazer de cada lugar, de cada ocasião, de cada oportunidade, algo melhor.

Monday, September 7, 2009

Férias de Deus...

Ponto prévio: Este vai ser um post durinho, portanto se tiverem hiper-sensibilidade religiosa, isto é mesmo para vocês...leiam-no bem!

Faz-me confusão. Na minha cabeça não entra o conceito, nem sequer o consigo perceber. Falo daquelas pessoas que conseguem tirar férias do trabalho, de casa, das preocupações, da família (por vezes), dos amigos (embora quase nunca o façam), e que, pelo caminho, tiram férias de Deus. Mas o que é tirar férias de Deus? Será possível tirar férias de Deus? Não, não é. Então as pessoas vingam-se naquilo em que é mais fácil tirar férias: o simples acto de ir à igreja.

Para quem, como eu, acredita na igreja, não como instituição, mas como o braço vivo e activo de Deus na Terra, em cada cidade, vila e aldeia, torna-se difícil olhar para esta questão de ânimo leve. Aliás, só de escrever sobre isto já estou a ficar irritado. Todos nós, frequentadores de igreja ou não, cristãos convictos ou não, temos as nossas férias, o nosso tempo de descanso. Eu também o tenho. É claro que me ausento de Lisboa algumas vezes, vezes essas em que deixo de frequentar a Igreja. Mas seria incapaz de estar em Lisboa, em casa, e deixar de ir à Casa de Deus, 'apenas porque estou de férias'. Afinal em que acreditamos? Afinal, o que é, para nós, a igreja? Um frete? Ou será um espaço de vida? Fazemos igreja porque amamos Deus e a sua obra na Terra acima de qualquer coisa? Ou fazemos porque 'fica bem'? Porque não concebo que alguém que ame esta causa, a deixe orfã e tire férias dela. Porque não consigo entender e me parece incompatível que alguém ame e ignore a causa simultaneamente.

Cada um de nós tem direito ao seu descanso, e não é isso que me faz saltar as veias do pescoço, pelo contrário. O que me incomoda realmente é a mentalidade que nos afasta da Casa e da causa vezes sem conta porque, e passo a citar, 'também precisamos de descansar'. A minha pergunta é o que seria de nós, se Jesus também tivesse decidido que precisava de um descansozinho quando estava a caminho da cruz (e, segundo parece, Ele estaria bem mais cansado do que algum de nós alguma vez esteve...). O que aconteceria se Jesus, quando a caminho da cruz, tivesse decidido 'bom, eu vou para o Algarve e chego a tempo da cruz, mas como preciso de dormir, porque venho cansado das férias, amanhã não ponho os pés na igreja...'. Teria sido muito bonito, mesmo!

Tiremos as nossas férias e o nosso tempo de recarregar de baterias. Aquando da criação, está escrito que Deus, ao sétimo dia, descansou. Para alguns de nós parece mais que, ao sétimo dia, Deus trabalhou. Os outros seis foram para ir para o Algarve, arrumar aquele quartinho malvado que está desarrumado desde que nos mudámos, fazer uma limpeza de lés a lés à casa, ir ao Planetário com o sobrinho da filha da nossa melhor amiga. E por causa disso deixamos a causa coxa e orfã semanas e semanas a fio durante um ano. Vamos mostrar que uma das diferenças que nos caracteriza é o amor e a paixão pelos outros. Porque se passamos a vida a 'descansar' de Deus e da igreja, é sinal que precisamos de refocar as nossas prioridades, já que nada nos distingue de um funcionário de uma qualquer empresa. E, que eu saiba, nenhum de nós quer ver a causa de Cristo transformada numa empresa.

Da próxima, tiremos férias para descansar, vamos duas semanas para o Algarve, sim senhora! Mas quando estivermos por cá, não vamos dormir até às 12h, ou apanhar o carrinho para a Costa. Vamos ser e fazer parte da causa.

A ver se escapamos da letra de uma música com alguns anitos que dizia 'No Domingo, falo do quanto gostaria de ver um avivamento, mas na segunda-Feira nem sequer consigo encontrar a minha Bíblia.'

Friday, September 4, 2009

Uma Cruz

Só há uma cruz. Aquela que O levou até ao topo do monte, onde veio a morrer só porque eu quis. Aquela que foi carregada sem ajuda, sem brilho, sem glamour. Aquela que viu sangue, água, vinagre, injúrias, dor, morte. Aquela que se tornou o símbolo de uns tantos para a perdição de muitos.

Só há uma cruz. A que ainda não foi, nem é, nem será totalmente compreendida por nós. A que nós ainda não vimos, a que nós ainda não alcançámos na totalidade. A que pensamos ser o pior momento, a que pensamos ser a vergonha das vergonhas.

Só há uma cruz. Uma que não significa pregos e madeira. Uma onde não se ouve o barulho dos martelos a baterem no madeiro. Uma de onde não jorra morte, ou ódio, ou infâmia, ou culpa, ou maldição. Uma onde tudo o que fazia sentido deixou de fazer. Uma que usou as coisas estranhas para enganar as óbvias. Uma que veio baralhar as contas do senhores que ‘tudo’ sabiam.

Só há uma cruz. Não, não é a das mãos e pés pregados. Não, não é a da carinha infeliz e mísera de um corpo frágil e sem cor. Não, não é a do sofrimento, dor e súplica. Não, não é a do desafio do ‘salva-te a ti mesmo’. Não, não é da repetição exaustiva disto ou daquilo. Não, não é, definitivamente, a cruz da morte.

Só há uma cruz. A do sangue que escorre vitoriosamente. A da dor redentora, do amor encarnado e vivido. A da pedra removida, do lugar vazio, da surpresa, do impensável. A da misericórdia de um ser que, sendo forte, poderoso, se fez fraco, se tornou como um dos tais que o desprezaram, e por eles mesmo decidiu carregar peso e mais peso.

Só há uma cruz. Aquela de onde vejo todo o mundo. Aquela de onde se vê o lado direito do Grande. Aquela onde a Humanidade decidiu firmar estacas. Aquela que não mostra um ser morto, mas alguém vivo. Aquela onde quem quiser pode beber, e fazê-lo de graça.

É essa a cruz que eu conheço. Conheces outra?

Wednesday, September 2, 2009

A desgraça alhei(r)a

Interessante este desporto nacional que faz da desgraça alheia o toque de inspiração para o dia. Confesso se ainda não percebi se é apenas uma característica tuga ou se é mesmo o ser humano que é assim. Tenho a sorte de todos os meus amigos estrangeiros (e tantos que elas são...upa, upa!) serem uns porreiraços, o que não dá para fazer uma avaliação global e planetária da coisa.

Duas situações diferentes, duas marcas profundas da cultura portuguesa. Um acidente na estrada. Dois ou três carros completamente destruídos. A polícia a mandar avançar e nós a tentar ver o que nraio se passa ali. Curiosidade? Não. Gosto por perceber que tipo de desgraça alheia ali aconteceu. Por isso é que preferimos passar lá enquanto a polícia não chega, mesmo que nunca na vida paremos para chamar socorro numa situação dessas! Outra. O nosso vizinho, homem que até é simpático, passa pouco tempo em casa, porque se farta de trabalhar. Abre uma empresa, enriquece, embora continue simpático, sempre limitado pelo pouco tempo que passa em casa. Enriqueceu, ouvimos nós? Deve ter sido jogada, negócio escuro, droga, qualquer coisa. Porque enriquecer legitimamente é que nunca. Estranho que depois este mesmo povo vote em Isaltinos, Fátimas Felgueiras e Valentins Loureiros...

Eu confesso que de vez em quando sou acometido por este pensamento. Mas logo que me apercebo de tal facto, esbofeteio-me violentamente a ponto de nunca mais pensar na desgraça alheia como a minha alegria. Foi esta mentalidadezinha que nos tirou do topo do mundo e nos empurrou para o fundo da Europa. Foi esta maneira mesquinha e invejosa de ver as coisas que fez de nós os pequenotes que hoje somos. É por isso que eu prefiro a desgraça alheira. Aquela desgraça que vem em forma de colesterol quando me acometo a um prato da dita cuja como se não houvesse amanhã. É que a desgraça alheira não faz mal a ninguém a não ser a mim mesmo...e ainda me dá o belíssimo prazer de a poder saborear...

Monday, August 31, 2009

Momentos de Decisão

Existem momentos na nossa vida em que a pressão aumenta, o coração bate mais depressa, em que a adrenalina sobe até quase fazer disparar o coração. São normalmente momentos em que percebemos que algo está em jogo, momentos que percebemos que podem ser decisivos e que podem influenciar o nosso rumo daí por diante. É interessante ver como mudamos perante a possibilidade iminente de momentos de decisão, como a nossa atenção se redobra, como, de repente, nos tornamos atentos a todos os pormenores, todas as possibilidades, todas as potenciais movimentações.

Mas o que é feito dos outros momentos? O que é feito da esmagadora maioria dos momentos em que, à partida, não somos obrigados a atenção redobrada ou a um cérebro em permanente estado de alerta. São aquilo a que chamamos os ‘dias normais’, aqueles em que não temos nenhuma apresentação no trabalho ou na faculdade, aqueles em que não temos nenhum exame ou avaliação. Reparemos no exemplo dos atletas de alta competição. Eles não aparecem apenas nos dias dos Olímpicos ou dos Mundiais. Antes disso há toda uma preparação que lhes permite chegar aos momentos decisivos com todas as suas capacidades no topo, capazes de dar o melhor de si. De uma maneira simples, podemos dizer que a preparação de um atleta de alta competição tem dois momentos dstintos. Um primeiro momento, anterior ao sucesso, em que o atleta é preparado para melhorar os seus índices físicos gerais. Ao mesmo tempo, a sua exposição a um trabalho intenso e difícil de suportar molda a sua personalidade e capacidade de sofrimento. Num segundo momento, o atleta prepara-se especificamente para a sua disciplina, especialmente se falarmos de uma disciplina técnica. Ou seja, um saltador não treina apenas o salto em si, treina todos os aspectos relacionados com cada momento do salto, desde a velocidade, passando pelo acto da chamada, e terminando na maneira como ‘aterra’ na caixa de areia. Mas o verdadeiro momento decisivo não é quando se apresenta num Campeonato do Mundo ou nuns Jogos Olímpicos. O momento decisivo deu-se no primeiro dia de treino, quando decidiu que se iria esforçar e trabalhar para chegar a um determinado nível. Mais, os momentos decisivos foram todos aqueles em que decidiu ir correr em vez de ir beber uns copos com uns amigos (bem mais apelativo, não é?), ou todos aqueles em que decidiu ir saltar para a caixa de areia, em vez de ir ver o jogo de futebol, ou até todos aqueles momentos em que ficou horas a fio a melhorar a sua técnica de salto, em vez de ficar em casa, deitado a ver televisão.

Todos nós temos dons, e isso é um facto. Mas ainda não conheci nenhum dom que se desenvolvesse enquanto estamos sentados no sofá a beber cerveja, a comer tremoços e a ver televisão. O momento em que decidirmos deixar de viver por essa bitola, saindo da nossa zona de conforto, esse será o momento de decisão da nossa vida.

Wednesday, August 26, 2009

Esta coisa chamada Portugal

'Ora pois que aqui andamos.' Podia ser esta a frase que melhor definiria o actual momento do nosso país. Mas não. Com eleições à porta, a Silly Season a rebentar, parece que anda tudo esquizofrénico. Daí que a frase deveria ser algo como 'ora pois que aqui sobrevivemos, sabe Deus como.'

Escutas na Casa da Presidência, recusas de debates, barulheira infernal a ocupar os telejornais das 20h às 21h, ininterruptamente. É esta a agenda política do país. E ainda nos vamos espantando com as incongruências deste pedaço de terra. Isto tudo porque amanhã vai faltar um mês para eleições legislativas. Portanto, se isto foi até aqui, imaginem como serão os próximos 30 dias. Alguém me traga um copinho de água com açucar, estou a desmaiar...

'Ora pois que aqui andamos', contentes e felizes, felizes com a relativamente aceitável mediocridade em que nos temos transformado. Apre (bela expressão)! Já fomos grandes e capazes, porque não o podemos ser agora? Porque temos de nos contentar com esta madronha, com esta lenga-lenga que é a tentativa de sacudir a água do capote. O povo diz que é o governo, o governo diz que é o povo. Ficamos onde?

Tudo isto porque vêm aí eleições, e ou muito me engano, ou ficamos todos na mesma. Mas não porque vai ganhar x ou y. Apenas porque o povo é o mesmo, e os políticos também. Logo...

Monday, August 24, 2009

Num dia assim...

Num dia assim, em que a moleza decide aparecer sem pedir licença e instalar-se em todos os músculos do corpo, tornando o nosso próprio peso quase insustentável e insuportável, como se tivéssemos engordado 20 ou 30 quilos numa só noite. Num dia assim, em que o tempo se revelou híbrido, desgraçadamente virado do avesso e esquizofrénico, fazendo o que bem lhe apetece, sem tomar consciência dos prejuízos que causa em milhares de pessoas que precisam de e querem trabalhar. Num dia assim, em que ninguém sabe dizer com certeza o que vai na alma, porque, afinal, não são só os músculos que estão pesados, a cabeça também e as emoções ainda mais. Ninguém sabe porquê, até porque nada de especial se passou naquilo que, em teoria, seria apenas 'mais um dia'. Num dia assim, em que a palavra criatividade se tornou uma miragem distante e longíqua, em que a palavra produtividade é tabu e vergonha pessoal e nacional, em que a infame palavra preguiça reina sem dó nem piedade, num regime absoluto e tirano. Num dia assim em que escrevo o que me apetece, mas onde tenho de conviver com as cãibras das pontas dos dedos, porque a preguiça enviou emissários a esta zona do corpo também, para se certificarem diligentemente de que nada é feito. Será que há alguma coisa a fazer num dia assim?

Num dia assim talvez não dê para muito. Dá para usar os sentimentos em que a preguiça não interfere. Assim, as mãos, os pés e cabeça não vão longe, mas o meu amor por aqueles que me rodeiam pode perfeitamente rebentar com a escala. Porque a produtivdade não está apenas nas mãos e no cérebro. Afinal, também podemos ser produtivos com o coração. E hoje decidi fazer do meu um lugar produtivo.

Tenham uma grande semana.

Thursday, August 20, 2009

O Governo...sempre o Governo...

É automático. O 'Governo' (e vou colocar entre aspas porque não se refere a nenhum em especial, mas a todos em geral) consegue ser a resposta para todos os males deste mundo e do próximo. A culpa da saúde estar como está é do 'Governo'. A culpa da justiça estar como está é do 'Governo'. A culpa da criminalidade e falta de segurança é do 'Governo'. A culpa do Benfica não ser campeão é do 'Governo'. A culpa do Nélson Évora não ter conseguido o ouro no Triplo Salto é do 'Governo'. Já cansa e chateia. O Governo, ou os sucessivos governos, têm culpa (à excepção destes últimos dois...e mesmo assim...), como é óbvio. Mas serão eles os únicos e até os principais culpados? Receio que não.

Infelizmente, 'a culpa é do governo' é uma frase que indicia aquilo que nós, portugueses, somos. Coloca à mostra a facilidade com que não assumimos a responsabilidade que todos temos. Na saúde há milhares de médicos a quem deixam ser uma espécie de híbridos, fazendo uns trabalhinhos no público enquanto encaixam uma fortuna no privado. Na justiça, os juízes 'estremunham' porque lhes tiram 15 dias de férias. Tudo bem , caso os trinunais não estivessem 2 meses encerrados para férias! Será que a culpa é só do governo, ou será que há muita responsabilidade nossa que anda para aí perdida no ar?

Não nos damos conta, mas grande parte dos nossos problemas vêem da nossa própria condição de povo. Já ouvi dizer que o Governo não é mais do que o reflexo do povo que o escolhe. E é verdade. Nós, o povo, por exemplo, somos muito lestos a reclamar os nossos direitos, mas muito lentos a cumprir com os nossos deveres. É por isso que continuamos na cauda da produtividade. Continuamos a ser um país onde o chico-espertismo é assinalado com um 'aquele gajo é que é esperto. Se eu pudesse fazia o mesmo.' Continuamos a ser um país em que o vizinho não denuncia a tareia que o marido da vizinha lhe deu, porque 'não quer arranjar problemas na vizinhança.' Continuamos a ser um país onde a vigarice é um posto de estatuto elevado. Será isto concebível?

É sempre o governo. Tem as costas muito largas o senhor governo. Terá as suas culpas e não morrerá sem a consciência pesada aqui e ali. Mas também concordemos numa coisa: somos um povo tramado para governar. e enquanto assim for, até Obamas para aqui poderiam vir que pouco haveria a fazer.

O que vale é que está nas nossas mãos mudar isso.

Wednesday, August 19, 2009

Vou falar de bola para outro sítio...

A partir de hoje decidi que este blog é demasiado sério para falar de futebol...mas não pensem que as minahs opiniões credíveis sobre o mundo futebolístico vão ficar sem tribuna. Nem pensar nisso. É por isso que decidi criar outro blog, este só para falar de futebol e afins (sim, porque muito do que se passa no futebol por cá, pouco ou nada tem a ver com futebol...).

Por isso, e a partir de hoje, abro solene e oficialmente o novo blog leidabola.blogspot.com, onde explanarei toda a minha sapiência acerca deste tema central da sociedade portuguesa...

Faz favor de visitar e escrever injúrias (afinal é ou não é um blog sobre futebol?)...

Ao mesmo tempo devolve-se alguma credibilidade a este espaço...já estava na hora...

Thursday, August 13, 2009

Falemos de Futebol...

Está quase a começar a época desportiva a sério. Euforias e encontros particulares à parte (à excepção de Porto e Sporting), agora tudo começa a doer, as vitórias valem 3 pontos e as derrotas valem 3 pontos de atraso. Agora, terminam os estados de graça e começam os lenços brancos, terminam as desconfianças e começam as chicotadas psicológicas, terminam as declarações de intenções e começa a verdadeira luta.

É interessante o fenómeno da 'bola' neste país. Talvez não seja só neste país, mas centremo-nos só por cá. Já sabemos que o Porto é a máquina do costume, trucida tudo o que mexe, com mais ou menos mérito. Já sabemos que o Sporting está mais interessado em sanear as finanças que parecem estar cada vez pior e colocar jogadores das escolas no mercado. Já sabemos também que o Benfica, pela 19ª temporada consecutiva, venceu o campeonato de pré-temporada, com milhares de pessoas nos jogos, milhares de pessoas nos treinos e milhares de pessoas com a ilusão do famoso' este ano é que é'. Depois temos mais 13 equipas que vão lutar por alcançarem protagonismo efémero (travando um dos grandes) ou mais constante (fazendo um campeonato na linha da frente). É um pouco o reflexo da nossa sociedade. Os grandes muito grandes e que absorvem quase tudo, os pequenos muito modestos, que a pouco mais aspiram que à efémera glória do 4º lugar.

Vou arriscar e deixar algumas tentativas de predizer o que vai acontecer. Não, não vou dizer quem ganha (é desnecessário, não é? Faço parte dos 6 milhões de iludidos, eheheheh...), mas vou aqui lançar alguns nomes e tentar prever quem se vai destacar positiva e negativamente. No fim do ano estou eu e estão vocês para ver se acertei ou não. Atenção! Isto é um mero exercício de análise, não pensem que andei a ver futuros em borras de café....eheheheh...

Jorge Jesus - Vai fazer um belo campeonato, mesmo que não o ganhe. Cumpre certamente o segundo ano de contrato.

Jesualdo Ferreira - Campeonato mais difícil do que o ano passado, mas sempre lá em cima. Mantém-se no comando da equipa.

Paulo Bento - Ano muito difícil para o senhor do risco ao meio. Cheira-me que vai andar a apagar fogos no balneário durante todo o ano. Dificilmente chegará ao fim, sem ser por teimosia da direcção...

Nacional da Madeira - Novamente a surpresa da temporada, com excelente caminhada e lugar europeu.

Braga - Uma desilusão, provavelmente sem qualificação europeia. Dificilmente Domingos ficará até ao fim...

Olhanense - Outra surpresa, com um campeonato tranquilo, a 'morder' os grandes nos jogos contra eles.

Vitória de Guimarães - Boa temporada, com lugar europeu, mas longe dos grandes. Vai praticar um bom futebol.

Rio Ave - Boa temporada, tranquila e perto da Europa...

Naval - Época difícil, sempre lá por baixo, talvez até para a descida...a rever.

Miguel Veloso - Apesar de apostar na má época do Sporting, Veloso vai fazer boa época. Um dos poucos que se salva, juntamente com Moutinho.

Cardozo e Saviola - Vai haver molho nas defesas que joguem contra o Benfas...Cardozo melhor marcador e Saviola a regressar à selecção argentina.

Hulk - Vai continuar a partir loiça...

Moutinho - Vai perder-se nos equívocos tácticos de Paulo Bento, apesar de conseguir sempre dar a volta por cima. No final da época vai querer mudar de ares...

Raúl Meireles - Enorme figura do Porto, a equipa vai girar à volta do seu espírito guerreiro. Passa a capitão no fim da época, quando Bruno Alves sair.

Falcão - Vai ser um dos flops da época. Vai jogar pouco e marcar ainda menos. Os benfiquistas vão agradecer ao Porto ter 'desviado' este jogador.

Yebda - Vai ficar nas boxes o ano inteiro, e sempre que entrar, vai meter 'o pé na argola'...sai no fim da tempoarada, ou até na reabertura do mercado...


Não sei porquê mas sinto-me bem a fazer isto...eheheheh...agora só espero não me enganar muito!

No fim da época conversamos....

P.S. - Prometo solenemente que o próximo post não terá referências a futebol... ehehehehehehe

Wednesday, August 5, 2009

Agora também na 'Radiosfera'!

Estreou no passado Sábado o meu programa semanal de crónicas na Rádio UCB Portugal (que podem ouvir através do site ucbportugal.pt), ao qual decidi dar o nome sugestivo '3 Minutos'.

É um programa em que utilizarei muitas das coisas de que falo aqui no blog, e vice-versa, embora sempre com aquela magia radiofónica que os blogs ignoram.

Já sabem, todos os Sábados, às 10h20 e às 20h20, faz favor de colar esses ouvidinhos às colunas do PC e ouvir aqui as opiniões do Professor Marcelo da UCB, ok?

Tenham um excelente dia!

O milagre das 9 e tal da noite...

Eram perto de 21h30...estava sentado no meu sofá ultra-confortável, ao telefone e a tentar manter uma conversa. Enervei-me, não com o meu interlocutor, mas com aquilo que estava a ver. Todos sabem do meu benfiquismo, mas 'aquele' Sporting enervou-me profundamente. Que raio, afinal sou português e chateia-me ver uma equipa portuguesa, nem que seja de corfebol, a levar da maneira que o Sporting ontem estava a levar. A querida esposa estava na cozinha a aquecer o jantar (eu sei que era tarde, mas lá em casa somos como os espanhõis e jantamos à hora da ceia...), enquanto eu gritava da sala frases como 'epá, estes gajos não estão a jogar nada' ou o também clássico 'epá, se era para isto, era preferível não estarem lá!' Nisto, último minuto, canto do lado direito, um guarda-redes meio atabalhoado a tentar cabecear uma bola, mas apenas a conseguir atrapalhar um defesa, confusão desgraçada e...GOLO! Eu não sei porque sou benfiquista, mas creio que está na hora de os sportinguistas erguerem um altar de sacrifíos entre Enschede e Alkmaar...

Bem, mas por incrível que pareça, não vim falar de futebol. Venho, isso sim, falar de duas atitudes distintas perante a vida. Utilizo o jogo de ontem como mero exemplo. Quantas vezes mais acontecerá aquilo que aconteceu ontem à noite? Quantas vezes mais cairá qualquer coisa do céu, livrando-nos da derrota mais que certa? Quantas vezes mais seremos salvos mesmo no segundinho antes do apito final?

Parece estranho, mas a maior parte de nós acaba por viver como o Sporting ontem. Não estamos inspirados, não estamos com grande vontade de estar ali, preferíamos estar no Liverpool ou no Real Madrid ou até no clube da esquina. Se trabalhamos na empresa x, preferiamos trabalhar na y. Se trabalhamos na y, preferiamos trabalhar na x. Falta-nos diariamente a atitude de guerreiros, porque afinal, a vida é 1% de inspiração e 99% de transpiração. É um facto que muitas vezes seremos salvos à beira do apito final, mas quantas vezes isso acontecerá?

É altura de trabalharmos de forma mais afincada nos treinos, de levarmos uma vida mais 'profissional', porque nem sempre acontecem os milagres das 9 e tal da noite. É por isso que é preferível darmos tudo desde o primeiro minuto de jogo, independentemente do campo em que jogamos. A alternativa é vivermos de milagre em milagre, sob pena de ele, um dia, não aparecer. E aí, poderá ser tarde mais...

Thursday, July 30, 2009

A Cidade de Deus...

Levanta os olhos e vê...vê a cidade onde o Sol não se põe e a lua não desaparece. Onde a luz de um povo brilha intensamente, à vista de todos. Onde os corações estremecem de emoção e os olhos cintilam, tal a alegria. Onde os rejeitados, odiados e desprezados por todos, se tornam os mais prestigiados e respeitados da Terra. Onde o cobre se faz ouro, onde o ferro se faz prata, onde a madeira se faz bronze, onde a pedra se faz ferro.

Levanta os olhos e vê...vê a cidade onde a justiça e a paz são a marca, os princípios fundamentais . Onde não há violência, onde não há guerra. Onde a tristeza desaparece para sempre, desvanecendo-se no caminho da eternidade. Onde o povo é gente de bem, gente, respeitadora da cidade, a qual guarda e da qual cuida com zelo.

Levanta os olhos e vê...vê a cidade onde tudo é novo, onde o esplendor é um simples pleonasmo, e onde a vida adquire o final sentido. Onde não há lágrima, onde não há morte, ou choro, ou dor. Onde o passado é a última morada da nossa angústia.

Levanta-te e vê...vê a cidade onde uma voz ecoa dizendo 'estou a fazer tudo de novo'. Onde quem tem sede pode beber sem restrições nem pagamento, directamente da fonte. Onde a palavra ouro não passa de uma repetição constante. Onde tudo é cristalino e emana vida. Onde a presença é constante e omnipresente, está em todo o lugar e em todo o momento.

Levanta-te e vê...vê a cidade cuja luz ilumina o resto do mundo. A cidade cujas portas nunca se fecharão. A cidade cujo tempo não terminará. A cidade que será o centro do mundo, de onde todos vêm e para onde todos vão. A cidade para onde todos os caminhos procedem.

Levanta-te e vê...vê a cidade. Vê a cidade no topo do monte. Vê a cidade de Deus.

Wednesday, July 22, 2009

Faltam 2 meses para o caos!

Pois é amigos. Ainda nenhum de nós se aperecebeu, mas faltam sensivelmente 2 meses para o espectáculo do ano: as eleições legislativas! Isso é que vai ser bonito, ver os nossos políticos na estrada, de feira em feira, de evento em evento, de comício em comício. E atrás deles todo aquele corrupio de cartazes, de barulho, de megafones, de comitivas e por aí fora.

Quem diria há 3 meses que hoje estaríamos aqui a assistir a uma verdadeira luta entre Sócrates e Ferreira Leite? Quem diria que Ferreira Leite tem reais hipóteses de se tornar primeira-ministra? A verdade é que ninguém o diria. E com todos os defeitos que a senhora possa ter, numa coisa temos de concordar: ela é fixa de ideias, persistente e não desiste. É um bom começo. Mas Sócrates também começou assim e agora virou 'bicho manso'. Vamos lá ver se chega, de um lado e de outro.

O que me interessa verdadeiramente é ouvir quem propõe o quê. Confesso que me faz confusão quem esteve até agora no Governo vir prometer coisas que já podia (e algumas devia...) ter posto em prática antes. É o mesmo que dizer 'Eh pá, pessoal. A malta esqueceu-se de pôr isto em andamento, mas pronto, não fazemos agora, mas fazemos logo a seguir à eleições, ok?' Soa sempre a incompetência, não soa? O problema é que isto acontece sempre. Só abro excepções para casos de grandes reformas (que custam muito dinheiro e que, por isso, devem ser feitas uma de cada vez, ou pelo menos de forma controlada) a serem feitas nas segundas legislaturas. O resto, estas medidas avulsas que temos ouvido, ou muito me engano ou não passam de vãs promessas. E sabemos que nas campanhas eleitorais as promessas vãs parecem as ervas depois da chuva, aparecem em todo o lado.

O caos está perto. Preparem-se para que a 'silly season' aterre em Portugal, com consequências desconhecidas, mas certamente devastadoras. Entre quem está em pânico pela possibilidade de perder o poder e quem está sedento dele, alguns hão-de morrer, outros hão-de sobreviver à pele, outros ainda emergirão como vitoriosos sobre tudo isto. É a consequência das guerras. O problema é que, no meio disto, matamos muitos que poderiam tornar-se bons, deixamos a respirar alguns que mais valia acabarmos com eles, e proclamamos vitoriosos alguns que de competência só lhe conhecem o nome, não o significado...

Termino com um belíssimo pensamento que li num artigo há meses. No fim de contas, quem manda no país é a malta do PS e do PSD. Eles é que escolhem quem é o candidato a Primeiro. A nós, resto do país, sobra-nos escolher um desses dois. E nisto cá vamos andando...

Monday, July 20, 2009

Talvez um dia...

Talvez um dia vivamos num mundo de respeito, de igualdade e diversidade. Numa sociedade em que ninguém se possa considerar superior, mais esperto, mais astuto, mais capaz, mas onde apenas nos podemos considerar seres humanos.

Talvez um dia não se gastem milhares de milhões em armas que nos obrigam a gastar milhares de milhões em ajuda humanitária, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em saúde, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em segurança, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em diplomacia, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em fundos de 'desenvolvimento', que nos obrigam a gastar milhares de milhões no combate à corrupção, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em projectos e soluções.

Talvez um dia não tenhamos de ficar envergonhados porque um homem vale 94 milhões de euros, ou porque vale 25 mil €/hora, ou porque é notícia se ele usa calções curtos ou longos, ou porque está na casa x ou y, ou porque passou uma noite com uma Paris, ou porque 'espatifou' um Ferrari, ou porque partiu um vidro de um carro, ou porque hoje treinou ao lado do Pepe, ou porque hoje treinou ao lado do Sneijder, ou porque autografou o seio de uma adolescente histérica.

Talvez um dia não tenhamos vergonha de dizermos e assumirmos o que somos, de assumirmos que somos sim em vez de não, de sermos conhecidos pelo que fazemos em vez de pelo o que não fazemos, de sermos respeitados porque respeitamos, de sermos excelentes no que fazemos e dignos embaixadores, de conseguirmos fazer alguma coisa por alguém neste país, de sermos capazes de saltar fora das quatro paredes.

Talvez um dia haja guerra, não 'aquela', mas uma outra. Uma guerra que mude a face daquilo que temos feito. Não sei como nem quando, mas talvez um dia.

Talvez um dia deixemos de esperar tanto tempo por aquilo que é hoje. Talvez um dia deixemos de deixar de fazer isto, aquilo e aqueloutro. Talvez aquela canção do Variações perca o sentido e deixe de pairar no ar. Talvez um dia sejamos capazes disso, talvez.

Talvez um dia eu ache que posso fazer isto tudo? Talvez um dia? Talvez amanhã? E porque não hoje?

Tuesday, July 14, 2009

Apenas...

Apenas gostaria de Te dizer que sem Ti não imagino a minha vida. Apenas gostaria de Te dizer que não imagino nada sem te imaginar a Ti primeiro. Apenas gostaria de te poder explicar que só Tu despertas estes sentimentos em mim, que não vejo nada sem os Teus óculos, sem a Tua vida, sem a Tua maneira de viver. Não me importo muito com o que outros dizem acerca de Ti. São como testemunhas de acusação que nunca Te viram (julgam eles...), que nunca Te tocaram, que nunca ouviram a Tua voz...que validade terá o seu testemunho?

Apenas queria ser capaz de Te compreender. Compreender como é que alguém ama tanto e de forma tão desinteressada, sem exigir nada a não ser eu tal como sou. Apenas queria ser capaz de compreender o que entendes por 'graça', por 'perdão', por 'amor', e porque é que essas definições são, para Ti, tão diferentes das minhas. Apenas queria perceber porque és tardio em irar-te, mas rápido em perdoar. Apenas queria perceber como é que podes transformar uma vida assim, num ápice, num piscar de olhos...

Já percebi que és maior do que alguma vez poderei compreender. É por isso que me resumo à pequenez que me invade. Sei que me deste valor, sei que colocaste tudo em jogo por mim, sei que pagaste um preço bem alto para me ver outra vez. Mas mesmo assim não consigo fazer mais do que apenas adorar-Te. É a minha resposta, é aquilo que eu devolvo a Ti, por tudo aquilo que Tu és. É a única maneira de me sentir completo, saber que Te dou tudo o que tenho. Pode parecer minúsculo aos olhos dos Homens. Nós gostamos de actos mais heróicos, mais visíveis. Mas eu não quero isso hoje. Eu quero apenas adorar-Te. Só, no silêncio da minha própria existência, apenas apresentar-Te o que tenho cá dentro. Apenas... porque sei que é isso que queres...mais do que as luzes, a fama, o espectáculo...e é fora de tudo isso que eu Te dou tudo o que tenho, tudo o que sou. Porque Tu és pessoal mas trasmissível. Porque Tu és enorme mas vives bem dentro de mim. Porque Tu és princípio e fim. Porque Tu és.

Monday, July 13, 2009

Graça?!?!?

«Estavamos como que mortos por causa das nossas falhas, dos nossos erros. (...) Mas Deus, rico em misericórdia, rico em graça, em consequência do seu sublime amor por nós, e estando nós ainda mortos pelas nossas falhas, nos deu uma vida nova, ao trazer Cristo à vida. Foi somente pela graça de Deus que fomos salvos. Nós voltámos com Cristo, e foi-nos concedido por isso o direito de acesso espiritual, pela fé, ao mundo divino em que Cristo habita. A fim de que, para sempre, todos constatem como é rica e generosa essa sua graça, que ele revelou em tudo o que ele fez por nós através de Jesus Cristo. Porque pela sua graça é que somos salvos, por meio da fé que temos em Cristo.»

A humanidade celebra a liberdade. Celebra a liberdade de expressão, celebra a liberdade de imprensa, celebra a liberdade de culto. A humanidade celebra a igualdade de oportunidades, celebra a igualdade entre sexos, celebra a igualdade entre os seres humanos. A humanidade celebra a liberdade historicamente adquirida, seja a nível nacional, celebrando independências ou revoluções, seja a nível global, celebrando o final de guerras que terminaram com a vitória 'dos bons'. A humanidade celebra a sua própria capacidade de criar acontecimentos ou eventos históricos, mesmo que, no caso de muitos deles, pouco tenham contribuído para a nossa felicidade enquanto humanidade. A humanidade leva muito a sério aquela máxima que nos diz para celebrarmos cada conquista, para que não a esqueçamos nem a desprezemos.

Mas, ao mesmo tempo que celebramos tudo e mais alguma coisa, esquecemo-nos (ou fomo-nos esquecendo...) daquela que é a conquista mais importante da humanidade. A graça. O facto de uma nova porta de oportunidade ter sido aberta, e de não mais termos de sofrer pelos erros que cometemos. A possibilidade de, tendo uma compreensão, ainda que limitada, do conceito de graça divina, podermos usar dela para com aqueles que nos rodeiam.

Suprema ironia esta. Ao mesmo tempo que fomos aprendendo a comerar tudo, fomos também retirando o significado real das coisas que comemoramos à séculos. Só assim se explica que natais e páscoas sejam, nos dias de hoje, mais uma oportunidade comercial do que uma celebração, mais uma oportunidade de férias e descanso do que uma oportunidade de reflexão e de devolução de sentido à vida. Estranho...no exacto momento em que a sociedade tem dificuldades prementes e crescentes em encontrar-se, nós retiramos-lhe todos os sinais de trânsito...

Graça. Favor imerecido. Perdão sem nada em troca. Graça sobre nós. Graça de nós para os outros. Seria um mundo bem melhor, não seria?

Friday, July 10, 2009

Armstrong...Lance Armstrong...

Que referência e exemplo. Podemos até nem ser amantes de ciclismo, ou do fenómeno desportivo, mas temos de reconhecer que ele é capaz de produzir fenómenos que se tornam referências positivas e inspiradoras. Lance Armstrong é uma dessas figuras. Não apenas pelo talento. Corrijo, não pelo talento. O título do seu livro (que, infelizmente, ainda não tive oportunidade de ler...) é sintomático e foi, para mim, de grande inspiração. 'O ciclismo não é acerca da bicicleta' é um título que faz pensar sobre o que é a nossa vida.

Todos sabemos que no ciclismo a bicicleta é importante, claro. É indispensável que ela esteja em condições, devidamente afinada e arranjada, sem problemas, de preferência. Mas, se formos analisar as razões por detrás do sucesso ou insucesso, vemos que a bicileta não assume lugar de preponderância. Sem as pernas do ciclista, sem o pulmão do ciclista, sem a capacidade de sofrimento do ciclista, sem a capacidade de superação do ciclista, sem a capacidade de recuperação do ciclista em momentos críticos, a bicicleta não é mais que um tremendo e terrível peso.

Creio que é essa a mensagem da vida de Armstrong. A bicicleta da nossa vida é importante. As ferramentas que nos foram dadas são parte dela que não podemos nem devemos negligenciar. Sejam dons ou capacidades, essa ferramentas estão a nosso uso. Mas as nossas capacidades não chegam sozinhs a lado nenhum. Para que a 'bicicleta' ganhe sentido, é necessário que o ciclista a faça andar. Isso implica preparação, sob pena de sermos obrigados a desistir mais à frente. Isso implica capacidade de sofrimento, sob pena de não aguentarmos as 'etapas' de alta montanha. Isso implica capacidade de recuperação rápida, sob pena de não conseguirmos enfrentar um novo dia depois de termos feito um grande esforço. Isso implica que nós, ciclistas, sejamos capazes de pedalar forte, para não ficarmos para trás, dosear o nosso esforço, para que não nos cansemos em etapas que mal contam para a classificação geral, que sejamos capazes de andar na frente do pelotão, para não sermos apanhados por cortes inesperados que nos façam perder o contacto com a frente da corrida. E isso implica que sejamos corredores da 'geral'. Não sprinters, cuja vitória é efémera, mas ciclistas completos, que ambicionem chegar aos Campos Elísios e fazê-lo nos lugares da frente. Tal e qual como Armstrong...

A vida não é medida pelos dons. É medida por aquilo que faço com eles.

Eleições no Benfica?!?!?!?

As férias impediram-me de comentar um dos mais acidentados acontecimentos dos últimos tempos na sociedade portuguesa: as eleições no Benfica.

Todos sabem do meu benfiquismo. Em tempos de parvoíce chega a bater em níveis extraordinários. Por agora a coisa está controlada, fruto de vários comprimidos que tenho ingerido. A maior parte deles faz-me ignorar os Falcões, os Saviolas, os Reyes e ou outros 550 nomes que aparecem na imprensa desportiva. Ah, mas as eleições no Benfica...essas só as conseguiria ter ignorado se me tivessem dado uma anestesia geral que tivesse durado umas 2 ou 3 semanas...o que se calhar não tinha sido má ideia!

A realidade é que as eleições se fizeram, e, segundo parece, foram feitas de forma legal. A outra realidade é que alguém teve mais de 90% outra vez!?!? E ainda outra realidade diz-nos que os votos em branco foram o dobro do número de votos no outro senhor, aquele do Porto Canal. E a outra realidade ainda, diz-nos que foram as segundas eleições mais concorridas de sempre. Resultado:
1.As pessoas votaram porque quiseram, e fizeram-no em massa;
2.Não só votaram massivamente, como o fizeram NUM candidato;
3.Ao fim de semanas de poeira no ar e instabilidade, finalmente fala-se em futebol. Isto dá claramente razão a LFV para ter antecipado eleições...imaginam esta 'palhaçada' em pleno campeonato????
4.O Benfica, sem vitórias, sem taças, sem títulos, sem nada, ainda consegue mobilizar mais gente que os outros 'dois' juntos...é isto que provoca 'aquele' ódio de morte que se tem pelo Benfica. E é por isso que eu gosto do Benfica, quer ele ganhe, quer não...

P.S. - Vi a apresentação do Ronaldo. Imaginem isto: de férias, na cozinha, a fazer o jantar (sim, porque a esposa merece descanso...) e a ver aquele espectáculo. Foi impressionante, mas também aumentou de sobremaneira a responsabilidade daquele número 9. Porque já a Bíblia nos 'avisa': os mesmos que nos aplaudem efusivamente, daqui a uma semana podem estar a crucificar-nos...sem motivo nem razão aparente...

Friday, June 19, 2009

O calor, o Irão, a morte, o Benfica e a semana

Título curioso este. Tentei colocar nele tudo o que me vai na cabeça neste exacto momento. É claro que entretanto já pensei em 350 coisas, mas este é o Top 5 dos pensamentos da semana.

O calor. Porque já não dá para aguentar. Imaginem um gabinete num primeiro e último andar de uma espécie de pavilhão. Agora imaginem que esse pavilhão se situa bem à torreira sol durante todo o dia. Agora imaginem que não haviam ar condicionados no mundo. É aí que estou agora mesmo. É para ficar maluco? Não chega. Mas para fritar o cérebro é mais que suficiente. Uma nota breve: não sou daqueles que nestes momentos pensa 'ao menos se eu estivesse na praia...'. Não o faço porque acontece-me sempre uma coisa muito estranha. Quando estou em casa está um calor que não se pode. Mas quando chego à praia há sempre qualquer coisa de mau. Ou é o vento, ou a temperatura que baixou bruscamente, sei lá...qualquer coisa...por isso já desisti de querer estar na praia. Preferia estar fresquinho a trabalhar...

O Irão. Tenho a secreta esperança que os EUA tenham aprendido como se faz ou começa uma revolução num país muçulmano. É pelas faculdade senhores de Washington! Confesso que era daqueles países em que eu não imaginava ver isto acontecer. Boas notícias para o mundo ocidental. Enquanto tiver que lidar com estes 'energúmenos', o senhor Ahmadinejad vai estar demasiado ocupado para andar por aí a dizer os disparates que costuma atirar regularmente. Por outro lado, questões como o nuclear passarão certamente para segundo plano. E há ainda mais boas notícias: é que um dos países muçulmanos mais conservadores parece estar a querer sair desse conservadorismo. Vamos ver no que vai dar e como vai terminar esta questão...

A morte. Voltou a assolar a minha família. Vim hoje do funeral da avó da minha esposa. A morte é um grande aliado do cérebro. É das poucas coisas que nos obriga, de facto, a pensar. Pelo menos assim é comigo. Pergunto-me sempre se o que estou a fazer é um bom investimento ou pura perda de tempo. Porque, afinal, o nosso tempo por estas bandas é limitado.

O Benfica. Já tinha saudades desta ebulição. É o entra não entra, o fica não fica, o candidata não candidata. A minha definição de Benfica é a mesma do anúncio da Zon. Se eu era capaz de viver sem o Benfica? Era. Mas não seria a mesma coisa... Sem ouvir os disparates e pontapés na gramática do LFV (agora acompanhado à guitarra por Jorge Jesus), sem ver os terríveis falhanços do Nuno Gomes, sem ver o melhor marcador da equipa ficar no banco meia temporada, sem ver os lenços brancos, sem ver o joelho do Mantorras a bambolear...não seria a mesma coisa. Além de que o futebol português acabava. Ficávamos todos sem clube. Os benfiquistas ficavam sem clube para apoiar. Os anti-benfiquistas ficavam sem clube para odiarem, coisa que eles fazem melhor do que apoiarem os próprios clubes. Era uma maçada...

A semana. Ufa. Dura e comprida e dura e cansativa e dura e mais um par de botas (que bela expressão, não é?). Mas tão produtiva. É bom ver que chegamos cansados mas felizes e realizados ao fim de uma semana. É bom vermos que o nosso esforço afinal sempre tem alguns resultados. É bom vermos aquilo de que gostamos a avançar, a andar para a frente...é ou não é? Pois é exactamente assim que estou. Esgotado mas contente. Exausto mas realizado. Antes assim do que abatido e derrotado....

Posto isto, resta-me desejar um óptimo fim-de-semana, a vocês e a mim. See you monday!

Wednesday, June 17, 2009

Sócrates e a humildade, a humildade e Sócrates

Estranha a capa de ontem do Público. Estranha a reunião da Comissão Política do PS. Dizia ela que a palavra humildade entrou em definitivo no discurso do Primeiro-Ministro José Sócrates. Entrou? Mas já não devia estar no discurso desde que apareceu na vida política, e especialmente depois de ter sido eleito e nomeado Primeiro-Ministro?

Há aqui duas coisas a assinalar, todavia. Uma é a capacidade do povo português confundir firmeza com arrogância. Outra é a importância do que é, na realidade, a humildade.

Enquanto portugueses, temos tendência a confundir conceitos diferentes...firmeza é necessária e até vital na tomada de decisões importantes. É importante que, ao decidirmos algo de difícil e polémico, sejamos firmes na decisão que tomamos. A humildade não se mede na firmeza com que tomamos a decisão. Mede-se, isso sim, na forma como tomámos a decisão. Será que ouvimos outras pessoas? Será que chamámos ao processo quem, de facto, percebe daquilo que estamos a falar? Será que demos oportunidade a outros de pensarem pela sua própria cabeça e apresentarem soluções? Será que demos alternativas às pessoas ou oportunidade para rebaterem as nossas ideias? Isso sim é humildade. É perceber que não sabemos tudo e que precisamos de nos rodear de quem percebe e nos pode ajudar para tomar determinada decisão.

E que importância tem a humildade? Toda. O nosso mundo encheu-se nas últimas gerações de egos monstruosos. A crise financeira/económica/social adveio de uma tremenda falta de humildade e escrúpulos de pessoas que apenas quiseram o seu bem. A crise de valores advém do facto de o homem pensar que já sabe tudo acerca de tudo. Porque na palavra humildade cabem as palavras altruísmo, espírito e trabalho de equipa e bem alheio. Mas cabe também outra coisa...Evangelho... «Portanto, aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus».

Eng. José Sócrates, aplaudo a sua inflexão de discurso, mais vale tarde que nunca. Mas lembre-se: a humildade não serve apenas para ganhar eleições...

Monday, June 15, 2009

Eu acredito!

Não, não se trata de um slogan farsola com o objectivo de levar a nossa selecção ao Campeonato do Mundo de Futebol em 2010. Também não se trata de uma qualquer frase da já mais que quente campanha para as Legislativas que aí vêm. Aliás não se trata de nada que não tenha a ver comigo e contigo. É o assumir da minha decisão pessoal: Eu acredito!

Eu sei que a época não está para grandes optimismos nem para grandes festejos. Sei que as coisas estão bem difíceis um por pouco por todo o lado. Mas, apesar disso, deixem-me dizer-vos que eu acredito! Não me importa qual é o governo ou o executivo camarário. Não me importa o que vem nas notícias nem tão pouco o que dizem os comentadores. Não me importa que esta seja a pior crise desde os anos 30. Eu acredito! Acredito que o que eu vejo agora não tem de prejudicar toda a minha noção de médio e longo prazo. Acredito que o que eu vejo agora não tem de me tornar pessimista para sempre e até à morte. Acredito que é possível mais e melhor e que esse mais e melhor depende de duas pessoas: eu e tu!

Recuso-me a não acreditar. Porque podem roubar-me a capacidade de falar, de me mover, de ver, de emitir a minha opinião, podem roubar-me o que quiserem. Mas nunca me farão refém daquilo em que acredito. E aquilo em que acredito é, graças a Deus, bem maior do que aquilo que eu vejo!

Tenham uma fantástica semana!