A maior parte das histórias começam com um erro. Alguém decide errar, por simples desobediência, por falta de coragem, por mero desconhecimento ou imprudência, ou até pelo sincero pensamento de que está a fazer o melhor. Raras vezes (ou talvez nunca!) as histórias começam com grandes actos heróicos. Tenho-me perguntado porquê. E talvez tenha encontrado uma resposta minimamente plausível para esse facto.
O facto de a maior parte das histórias começarem com um erro não é mais do que o assumir que o ser humano precisa da adversidade para se transformar. É a vantagem das crises, dão-nos a possibilidade de nos convencermos a nós próprios de que é preciso mudar, de que é preciso fazer alguma coisa. Geralmente uma boa história começa com um erro, e depois evolui para uma catadupa de acções redentoras levadas a cabo por uma espécie de 'messias'. É assim que se processa.
Sempre gostei da ideia de como começa uma árvore ou uma planta. Semente lançada à terra e por aí fora, bla, bla, bla. Esquecemo-nos que a semente que é lançada à Terra só produz depois de ter morrido. Isso não torna a semente desnecessária, pelo contrário sem semente e sem a sua morte, não há árvore, não há planta. Parece um contra senso? É capaz. Mas é mesmo assim que funciona.
Talvez alguns de nós devêssemos olhar para o errar com olhos mais optimistas. Errar pode ser, desculpem a expressão, 'tramado'. Mas também pode ser o início de uma bela história. O Filho pródigo começou com um erro. E o erro só potenciou a beleza do final da história. Moisés começou com um erro, ao matar um egípcio, mas isso só potenciou o seu destino. A própria humanidade começou com um erro, mas aquilo que Adão fez trouxe-nos até aqui, e esse 'aqui' deve ser menos desdenhado e mais apreciado por nós, meros seres humanos.
Meter a pata na poça é parte do encanto da vida. Errar faz parte de uma jornada que só termina quando expiramos pela última vez. Tudo para que o morrer seja lucro. Porque nada levaremos desta vida, nem nada nos valerá depois de fecharmos os olhos. Eu erro. Eu falho. Eu arrependo-me de muita coisa que fiz. Mas também sou mudado, moldado, transformado pelas dificuldades e pelos erros. Porque para o morrer ser lucro, o viver tem de ter algum propósito. E no meu dicionário só há espaço para um conceito sinónimo da palavra viver: Jesus. Porque é Ele que pode pegar numa história e mudar-lhe o rumo. Para sempre.
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
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