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É fruto da maneira como vejo o mundo. Aceitam-se discordâncias e divergências, sempre dentro de uma lógica de boas maneiras, claro!

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Monday, May 31, 2010

Crítica e Decepção

Todos criticamos e todos somos criticados. Todos já ficámos decepcionados e todos já decepcionámos alguém. E era bom que não nos esquecessemos disso tão facilmente. Comecemos a reflexão pela crítica...

A crítica é uma palavra que define duas coisas tão distantes quanto díspares: construção e destruição. Como é que uma palavra pode definir duas coisas tão distintas quanto estas? Não sei, talvez seja um qualquer erro linguístico ainda a ponto de ser corrigido, mas a verdade é que encaixamos na mesma expressão a palavra que destrói e a palavra que constrói. Pessoalmente, tenho por hábito o desprezo pela crítica destrutiva. E o meu pensamento é simples de resumir: tudo o que não seja contribuir para a solução não conta com um segundo sequer da minha atenção! Amiúde digo que não preciso que me apontem quais os problemas, porque muitos deles eu também já os vi. Do que preciso, eu e todos os líderes, colaboradores e construtores, é que seja trazida a solução. E é assim que lido com a crítica. É para deitar abaixo? Então falem sozinhos que eu tenho muito, mas muito mais que fazer...é para construir? Então vamos fazer melhor JUNTOS!

Se toda a gente compreendesse o verdadeiro sentido da crítica, talvez fosse mais inteligente na sua utilização. Perguntas como ‘será que saberia fazer melhor’ ou ‘ que contributo poderia eu dar para que isto corresse de outra forma’ são perguntas preliminares à crítica que devem ser feitas interiormente. Porque me dão náuseas verdadeiras aqueles que criticam aquilo que nunca sequer conseguiram ainda estar perto de fazer. Na outra mão, aqueles que criticam porque crêem que é possível fazer melhor (e como eu adoro essa crítica!), que é possível ir mais além, ser mais capaz, mais belo e mais incisivo. A sério, quereria eu que todos os que estão à minha volta me criticassem desta forma, porque quanto mais o fizerem construtivamente, mais potencial de crescimento seria concretizado.

E além da crítica há a decepção, que muitas vezes é resultado de uma auto-crítica que nos deixa a sensação de que poderíamos ter ido mais além. Talvez possamos colar este conceito ao de frustração. E continuo a acreditar que essa decepção, essa frustração é o teu e o meu melhor amigo, na medida em que são elas que nos vão relembrar que é preciso mudar, fazer melhor, pedalar mais. Custa muito a decepção. Deixa-nos aquela sensação de murro no estômago, muito difícil de digerir. Mas pode ser o nosso trampolim de sucesso para o futuro, para um melhor e mais belo e efectivo desempenho. É difícil lidar com a decepção? É, e muito! Mas tê-la é sinal de que estamos no caminho para fazer melhor acontecer. E isso é o que eu pretendo.

Desiludo-me? Sim, muitas vezes. Frustro-me? Ui, nem imaginam o quanto. Mas enquanto me sentir assim e isso me fizer avançar em direcção a um melhor e mais radioso futuro, desculpem mas não me importo um milímetro que seja. E quem quiser ajudar a fazer melhor, junte-se ao clube. Tem aqui a oportunidade de mostrar que, mais do que partir pedra, pretende construir um Reino sempre crescente, inabalável, e contra o qual nada prevalecerá.

Wednesday, May 12, 2010

Papa tudo, Ratzinger!

Nada me move contra o Papa. Temos crenças distintas, discordo da sua actuação nalgumas áreas, não simpatizo especialmente com a sua postura tipicamente germânica, na qual os sorrisos são meros apêndices de imagem de difícil execução. Mas vejo em Bento XVI, embora menos do que no seu antecessor, uma pessoa honesta, verdadeira, digna do meu respeito, apesar do seu por vezes extremo conservadorismo. Até compreendo alguma da histeria dos fiéis, embora não partilhe dela, tendo em conta que as pessoas foram ensinadas que o Papa é uma embaixada de Cristo na Terra, uma espécie de divindidade terrena cuja duração foi 'esticada' desde os tempos de Cristo até hoje...

No meio disto tudo há algo que eu sinceramente não percebo. Como já disse, compreendo a emoção/histeria que percorre as vidas dos fiéis, daqueles para os quais o cristianismo visto pela lente católica é modo de vida. Mas não compreendo, aliás, repugna-me a histeria dos pseudo crentes católicos. Gente que não mete os pés numa igreja e que quando vem o Papa é do mais católico que há. Gente que não liga 'patavina' aos ensinamentos da religião que 'professa', mas que à vinda do Papa se torna católico de todos os costados. É desta hipocrisia que me queixo, não da sincera fé daqueles que a professam com ou sem Papa. E não, não concordo com a fé católica. Enquanto protestante, separam-nos n coisas que dificilmente algum dia nos poderão juntar. Mas concordo ainda menos com estes quantos hipócritas que agora gravitam à volta de Bento XVI e que na Sexta-Feira voltam à vilania e tiranagem do dia-a-dia.

É claro que a visita do Papa lembra-me outras coisas. Lembra-me do tal problema de mediação que separa católicos e protestantes. O Papa é embaixador de Cristo, sem dúvida. Mas não é o único. Eu também o sou. Tu também o és. Há milhares de embaixadores de Cristo no mundo, o que significa que o Sr Bento XVI não tem o exclusivo. Aos olhos de Deus, Ratzinger e Ruben Barradas são dois indivíduos que precisam da mediação de Cristo para serem aceites na Presença de Deus, por intermédio da Sua graça. Embora elogie a dimensão moral do homem Ratzinger, recuso-me a olhar para o mesmo com os olhos de quem olha para uma divindade. Esse olhar guardo-o para Cristo, se me permitem.

Finalizo com uma crítica construtiva. O Papa é uma figura que merece uma recepção de excelência. Devemos recebê-lo, por isso, com o que de melhor temos, e da melhor maneira possível. Mas parece-me estranho que o Estado assuma tão grande percentagem dos gastos, independentemente dos tempos serem, ou não , de crise. O Papa é uma figura de Estado, fruto de ser o Chefe de Estado do Vaticano, mas vem a Portugal em clara missão religiosa. Logo, creio serem excessivos muitos dos gastos que o Estado português assumiu nesta visita, os quais deviam ser suportados pela Igreja. E a divisão até era simples. Nas acções enquanto chefe de estado (encontros com autoridades portuguesas, por exemplo) deveria ser o Estado a cobrir despesas. Em acções de cariz religioso (missas no Terreiro do Paço, Av. Aliados, deslocações, segurança nesses momentos, por exemplo) deveria ser a Igreja a suportar os mesmos custos. Porque o Estado é laico e não professa qualquer religião. Pelo menos no papel...

Tuesday, May 4, 2010

A Cabeça Vazia

Entretidos. Andamos muito entretidos. Basta um Porto-Benfica e esquecemo-nos logo dos problemas e da crise e da falta de dinheiro e dos submarinos, etc, etc, etc. Andamos demasiado ocupados a tentar perceber se o Benfica é campeão neste ou no próximo fim-de-semana, andamos demasiado ocupados com os PC's, os Mac's, as Playstations, os 'talkshows', o futebol, as novelas, e esquecemo-nos que temos uma vida, uma família, uma cidade, um país e um mundo para criar. 'Eh, Ruben...que gravidade vai para aí!' dirão alguns...será? Estarei assim tão enganado? Não estará na altura de devolvermos o entretenimento ao sítio onde ele merece estar?

Eu adoro entretenimento. Adoro ser entretido. Sim, gosto do Jay Leno e do Conan. Sim, também sou apaixonado pela bola e ninguém me tira o Benfica ou a selecção. Sim, gosto disso tudo e ainda de mais algumas coisas. E é exactamente isso que me está a tirar do sério. Não é o gostar delas, entenda-se, mas é a importância que lhes dou, eu e meio mundo. Afinal, serão as 3 pedras no autocarro do Benfica são mais importantes que o empréstimo à Grécia? Será a próxima piada do Ricardo Araújo Pereira (por muito boa que seja...) mais importante do que descobrir o que se passou com os submarinos? Será o campeonato do mundo mais importante do que o tamanho da dívida externa portuguesa? A resposta é não! Então, porque nos esquecemos tão rapidamente do que é preciso fazer quando estamos entretidos. Porque continuamos a cair no 'Futebol, Fátima e Fado'? Porquê?

Isto do excesso de importância do entretenimento é fácil de explicar. Estamos tão embrenhados nos problemas do dia-a-dia, que a última coisa que queremos é pensar nos problemas dos outros e do próprio país quando chegamos a casa. O problema 1 disto é que nos limitamos a empurrar os problemas com a barriga enquanto assim for. O problema 2 é que lá se vai a participação cívica e a contribuição activa para mudar o actual estado de coisas. O problema 3 chama-se ópio e deriva do estado de euforia generalizada em que muitas vezes se vive durante determinados períodos de tempo. É o que acontecerá no Mundial. Durante um mês vai parecer que não temos problemas. Afinal, estamos ali, no meio dos melhores do mundo. Ricardo Araújo Pereira dizia que 'se o Governo prometesse que o Benfica seria campeão, desde que eu andasse descalço por cima de vidros, então nem pensava duas vezes...venham de lá esses vidros!'

A cabeça vazia é o objectivo do entretenimento. O mesmo tem substituído a instrução e a valorização cultural do indivíduo. É possível aprender-se no entretenimento, mas não é a mesma coisa. Há que devolver o equilíbrio a tudo isto. Eu quero ser entretido. Sabe-me bem e ajuda a não entrar em paranóia. Mas eu também preciso de me alimentar culturalmente e não apenas ser um burro entretido. Porque, se não pusermos 'a pau', é para aí que caminhamos...