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Wednesday, May 12, 2010

Papa tudo, Ratzinger!

Nada me move contra o Papa. Temos crenças distintas, discordo da sua actuação nalgumas áreas, não simpatizo especialmente com a sua postura tipicamente germânica, na qual os sorrisos são meros apêndices de imagem de difícil execução. Mas vejo em Bento XVI, embora menos do que no seu antecessor, uma pessoa honesta, verdadeira, digna do meu respeito, apesar do seu por vezes extremo conservadorismo. Até compreendo alguma da histeria dos fiéis, embora não partilhe dela, tendo em conta que as pessoas foram ensinadas que o Papa é uma embaixada de Cristo na Terra, uma espécie de divindidade terrena cuja duração foi 'esticada' desde os tempos de Cristo até hoje...

No meio disto tudo há algo que eu sinceramente não percebo. Como já disse, compreendo a emoção/histeria que percorre as vidas dos fiéis, daqueles para os quais o cristianismo visto pela lente católica é modo de vida. Mas não compreendo, aliás, repugna-me a histeria dos pseudo crentes católicos. Gente que não mete os pés numa igreja e que quando vem o Papa é do mais católico que há. Gente que não liga 'patavina' aos ensinamentos da religião que 'professa', mas que à vinda do Papa se torna católico de todos os costados. É desta hipocrisia que me queixo, não da sincera fé daqueles que a professam com ou sem Papa. E não, não concordo com a fé católica. Enquanto protestante, separam-nos n coisas que dificilmente algum dia nos poderão juntar. Mas concordo ainda menos com estes quantos hipócritas que agora gravitam à volta de Bento XVI e que na Sexta-Feira voltam à vilania e tiranagem do dia-a-dia.

É claro que a visita do Papa lembra-me outras coisas. Lembra-me do tal problema de mediação que separa católicos e protestantes. O Papa é embaixador de Cristo, sem dúvida. Mas não é o único. Eu também o sou. Tu também o és. Há milhares de embaixadores de Cristo no mundo, o que significa que o Sr Bento XVI não tem o exclusivo. Aos olhos de Deus, Ratzinger e Ruben Barradas são dois indivíduos que precisam da mediação de Cristo para serem aceites na Presença de Deus, por intermédio da Sua graça. Embora elogie a dimensão moral do homem Ratzinger, recuso-me a olhar para o mesmo com os olhos de quem olha para uma divindade. Esse olhar guardo-o para Cristo, se me permitem.

Finalizo com uma crítica construtiva. O Papa é uma figura que merece uma recepção de excelência. Devemos recebê-lo, por isso, com o que de melhor temos, e da melhor maneira possível. Mas parece-me estranho que o Estado assuma tão grande percentagem dos gastos, independentemente dos tempos serem, ou não , de crise. O Papa é uma figura de Estado, fruto de ser o Chefe de Estado do Vaticano, mas vem a Portugal em clara missão religiosa. Logo, creio serem excessivos muitos dos gastos que o Estado português assumiu nesta visita, os quais deviam ser suportados pela Igreja. E a divisão até era simples. Nas acções enquanto chefe de estado (encontros com autoridades portuguesas, por exemplo) deveria ser o Estado a cobrir despesas. Em acções de cariz religioso (missas no Terreiro do Paço, Av. Aliados, deslocações, segurança nesses momentos, por exemplo) deveria ser a Igreja a suportar os mesmos custos. Porque o Estado é laico e não professa qualquer religião. Pelo menos no papel...

2 comentários:

Unknown said...

Ruben,
Nada tenho a acrescentar, certo que não teria uma forma tão correcta como a que tens, essa mesma sensatez fenomenal como escreves sobre o Papa. Brilhante e genial!

PauloTomé said...

Bom post!!
Concordo plenamente...
Supostamente o estado é laico, supostamente....pergunta ao Sr. Socrates e companhia se pagam a vinda de Brian Houston a Portugal, pode ser que cosigas.. xD
Continua a postar!
Abraço