Abro um parentesis para falar de futebol novamente, mas apenas para chegar a um ponto que nada tem a ver com futebol. Paulo Bento demitiu-se do comando técnico do Sporting. Na conferência de imprensa produziu a seguinte afirmação: «estive quatro meses a mais no Sporting.' É dela que faço o meu ponto de partida hoje.
Saber fazer e saber estar são conjugações indispensáveis para qualquer um. A competência, o esforço e a dedicação são palavras básicas de importancia chave em qualquer coisa que façamos. Mas muitas das vezes esquecemo-nos que discernimento também o é. E discernimento é saber fazer o que deve ser feito, no tempo certo, no lugar certo. Ao proferir esta frase, Bento admitiu que faltou discernimento para ver que o seu tempo tinha terminado ali. Repara-se como isto afecta tudo e todos. Afectou a instituição, porque parece estar muito longe dos planos que tinha para esta temporada. Afecta Bento, que ficará ligado para sempre a este início de época sombrio e terrível. Afecta os adeptos, aqueles que veêm de fora, pela descrença e falta de fé e esperança (mesmo que seja numa coisa secundária como o futebol...).
Sabermos qual é o tempo das coisas, o tempo de entrada, o tempo de saída, o tempo de colocar certas decisões em prática, é fundamental. O timing, como lhe chamam os ingleses, pode fazer de uma decisão certa uma atitude errada, quando tomada num momento inadequado. Discernirmos o quando é muitas vezes mais difícil do que discernirmos o como ou o porquê.
Digo estas coisas porque enquanto povo, temos dificuldade nas 'saídas'. É raro ver alguém que consegue ser airoso na saída. É raro ver alguém que é capaz de discernir que o seu tempo, num determinado lugar, terminou. E é triste. É triste ver gente capaz, dedicada e competente, deitar tudo a perder porque não soube quando sair de cena.
'Estive a mais' é uma frase que devemos evitar. E de evitar é também o pânico de sair de determinado lugar. Porque haverá sempre um novo desafio, uma nova luta, assim queiramos e saibamos nós encontrá-los. É porque eles estão aí à espreita a qualquer momento, basta estar atento.
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
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