Num dia assim, em que a moleza decide aparecer sem pedir licença e instalar-se em todos os músculos do corpo, tornando o nosso próprio peso quase insustentável e insuportável, como se tivéssemos engordado 20 ou 30 quilos numa só noite. Num dia assim, em que o tempo se revelou híbrido, desgraçadamente virado do avesso e esquizofrénico, fazendo o que bem lhe apetece, sem tomar consciência dos prejuízos que causa em milhares de pessoas que precisam de e querem trabalhar. Num dia assim, em que ninguém sabe dizer com certeza o que vai na alma, porque, afinal, não são só os músculos que estão pesados, a cabeça também e as emoções ainda mais. Ninguém sabe porquê, até porque nada de especial se passou naquilo que, em teoria, seria apenas 'mais um dia'. Num dia assim, em que a palavra criatividade se tornou uma miragem distante e longíqua, em que a palavra produtividade é tabu e vergonha pessoal e nacional, em que a infame palavra preguiça reina sem dó nem piedade, num regime absoluto e tirano. Num dia assim em que escrevo o que me apetece, mas onde tenho de conviver com as cãibras das pontas dos dedos, porque a preguiça enviou emissários a esta zona do corpo também, para se certificarem diligentemente de que nada é feito. Será que há alguma coisa a fazer num dia assim?
Num dia assim talvez não dê para muito. Dá para usar os sentimentos em que a preguiça não interfere. Assim, as mãos, os pés e cabeça não vão longe, mas o meu amor por aqueles que me rodeiam pode perfeitamente rebentar com a escala. Porque a produtivdade não está apenas nas mãos e no cérebro. Afinal, também podemos ser produtivos com o coração. E hoje decidi fazer do meu um lugar produtivo.
Tenham uma grande semana.
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
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