Nesta frase se pode resumir uma boa parte da nossa vida. Andamos cerca de 20 anos a acumular sonhos, objectivos, projectos de realização pessoal, a estabalecer metas, umas mais realistas e outras menos, a projectar ilusões para o futuro, a pensar no sonho em que a nossa vida se tornará quando formos independentes, doutores ou engenheiros, chefes de família, felizes e realizados, tanto na área financeira, como na profissional, ou até mesmo na familiar. E depois andamos 60 anos à procura da fuga desses mesmos objectivos, porque nos queremos esquecer de todos eles...
Quando éramos novos (até parece que sou muito velho) a ilusão era o nosso nome do meio, mas a rotina bolorenta em que a nossa vida se tornou teve o condão de sugar toda a criatividade, toda a ilusão, todo o sonho, toda a vitalidade. Hoje, resumimos a vida à procura de darmos melhores condições aos nossos filhos, às nossas esposas, aos nossos maridos, ou ao conseguir pagar a gigantesca conta em que a nossa vida se tornou. E onde morreu o sonho? Onde morreu o entusiasmo? Onde morreu o ideal? Já essa 'grande' banda de seu nome BAN (mais conhecida por ter sido a banda de João Loureiro, filho de Valentim Loureiro e ex-presidente do Boavista) cantava um pedido simples, 'dá-me um ideal'.
Hoje o mundo move-se com base no compromisso e no medo. No compromisso que assumimos de tentar dar o melhor àqueles que nos são queridos e no medo de que o contrário disso aconteça. Problema 1: o melhor que nos é apresentado, e que se resume a dinheiro para pagar faculdade aos filhos, boa casa, bom carro, roupa de marca, casa de férias, férias no estrangeiro, e tudo o que mais quiserem, não é, na realidade, o melhor da vida. Problema 2: quando descobrimos que abdicámos dos nossos sonhos, valores e princípios, já é tarde de mais e estamos prontos para uma única coisa: a reforma.
Não peço que me deêm um ideal, mas deêm-me o entusiasmo de fazer alguma coisa apenas porque existe um tremendo prazer nisso. Não me peço que devolvam todos os sonhos, mas que pelo menos me devolvam a ideia de que as oportunidades estão lá, basta agarrá-las e ser diligente com elas. Porque não é apenas o conhecimento que faz o mundo avançar. É a paixão , é o entusiasmo, é a garra. Por isso é tempo. É tempo de encontrar o entusiasmo perdido. É tempo de desfrutar do que, mesmo sendo pequeno, é tão fantástico! É tempo de desfrutar das nossas famílias e dar-lhes mais do que somos e não do que temos. É tempo de desfrutar dos nossos amigos e ser verdadeiramente ajuda nas suas vidas. É tempo de assumir que temos responsabildiade social, e de irmos pela rua dizer que a vida é entusiasmante, fantástica, e foi feita para ser vivida na sua plenitude. Porquê? Apenas porque temos a promessa de alguém que um dia disse que era possível viver, e não apenas de uma forma normal, mas de uma forma abundante...
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
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