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Thursday, December 17, 2009

Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo

Nota prévia: Separemos as águas. O Governo aprova o casamento entre homossexuais numa altura em que se sente ‘apertadinho’ de todos os lados’. Ou são os números da crise (especialmente o défice e o desemprego) que são absurdamente elevados, ou é o Presidente que não faz a vontade ao Governo, relembrando-o que tem de governar mais e queixar-se menos, ou é a oposição que faz contra-governo e aprova medidas contrárias à vontade do mesmo. Portanto, é óbvio que a pressa revelada nas últimas semanas tem como um dos objectivos descentrar a discussão política no país para um campo onde o Governo se sente à vontade. Passemos então àquilo que me levou a escrever


Está preparado o caminho para a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Por várias razões, não creio que este fosse o timing correcto. Em primeiro lugar, fazê-lo numa época como o Natal, pode ser encarado como uma provocação aos Cristãos (se bem que acredito que não fosse essa a intenção). Em segundo lugar, a pressa impediu que ocorrese o debate que a questão merecia. Tal como aconteceu com o aborto, esta questão merecia ser debatida na sociedade (com ou sem referendo), porque isso levaria a que aqueles que são contra não apenas se manifestassem, mas agissem em defesa da família, tal como aconteceu com o aborto, onde após o referendo surgiram inúmeras associações de ajuda e apoio a mães solteiras, adolescentes ou sem condições para terem uma criança. Creio que o debate teria novamente esse efeito. O resultado seria o mesmo (leia-se: a legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, na mesma), mas com a vantagem de haver uma discussão clara e fundamental sobre a família, como a proteger e como conseguir que ela continue a ser o pilar que tem sido ao longo dos séculos.

Àparte algum oportunismo do Governo, creio que a questão merece os nossos pensamentos sérios e despidos de preconceitos. É óbvio que todos os cristãos se colocam em posição contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas também é óbvio que a Igreja pouco tem feito para proteger o modelo de família como o conhecemos. Quantos espaços criámos nas nossas igrejas para casais com dificuldades? Quantas vezes ensinámos as pessoas sobre como gerir a sua família, quer no planeamento da mesma, quer na área financeira, quer na educação dos filhos? Quantas vezes nos levantámos contra a crescente desfamiliarização da sociedade, visível no número de horas (poucas!) de que alguém comum dispõe para passar com a sua família, ou nos sempre crescentes e sempre implacáveis impostos que teimam em sufocar milhares e milhares de orçamentos familiares? A resposta é poucas vezes. Nunca nos temos lembrado da família, ou quando o temos feito é apenas por uns instantes, mas agora aparecemos como paladinos da verdade sobre a mesma. Será que é esse o papel da Igreja, mera moralziadora da sociedade e anotadora dos seus defeitos e virtudes?

Não sou favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas também não contam comigo para a ostracização dessas mesmas pessoas. O que faria eu quando um homossexual entrasse na minha Igreja? Será que ele não precisa tanto de Deus como eu? Então porque é que o haveria de ostracizar? Porque haveria de vedar o acesso de alguém à graça de Deus? É por isso que não me levanto. A Igreja tem sido omissa em tantas questões em que não o poderia ser. Na fome, na pobreza, na injusta e desproporcionada distribuição da riqueza, na falta de apoio àqueles que mais precisam, no apoio à família e na presença durante as crises familiares. Porém, essa mesma Igreja tem sido lesta na disciplina, na ostracização, no apontar o dedo, na regulamentação excessiva daquilo que eu posso e não posso, daquilo que eu devo e não devo, no amaldiçoar, no fechar as portas da Casa de Deus a gente que por causa disso NUNCA vai poder conhecê-Lo. Mas isso já não é grave, pois não? Isso já não é grave…

Não me levanto. E coloco-me a jeito para a crítica, eu sei. Não me levanto contra, mas levanto-me, isso sim, a favor. A favor de um Deus que derrama graça e justiça. A favor da família que Deus criou. A favor de uma Igreja que se levanta e actua. A favor de uma Igreja que inclui toda a gente e apresenta Deus tal e qual como Ele é: infinitamente bondoso, gracioso e amoroso. E é a favor desse Deus que eu me levantarei.

2 comentários:

Unknown said...

Boas Ruben,

Raramente comento posts de blogs ideológicos por entender que reflectem uma opinião pessoal, mas como me "incomodas-te"...aqui vai:

Tens absoluta razão e é por esse motivo que tambem não me levanto.Seria hipócrita da minha parte estar a apontar o dedo quando a igreja (leia-se evangélica) não faz absolutamnte nada para o apoio e a compreensão da familia(geralmente falando).Muitas vezes é factor de ainda maior cissão e separação, quando é "exigida" uma dedicação ao serviço na igreja em prol do proximo esquecendo que normalmente temos a nossa familia para cuidar alem dos nossos empregos.

Já para não falar na completa ausência de união nas igrejas, em que se fala do amor e na compaixão de cristo, mas são completamente incapazes de o fazer entre elas(liderança).

Acho que Jesus veio trazer a salvação a TODOS mas infelizmente duvido que tratassemos e vissemos da mesma maneira um drogado a entrar na igreja em comparação com um homossexual.

Infelizmente não confiamos o suficiente em Deus para descansar que a obra na vida das pessoas é dele e a nós cabe-nos amá-las e ajudá-las a encontra-lo cada vez mais.


Um Abraço

Ps:Tens moralizadora mal escrito.É da pressa :D

Peroly said...

Olá Ruben!

Concordo plenamente contigo no que diz respeito ao papel da igreja. Quando digo igreja não me especifico à evangélica ou católica ou muçulmana, pois considero que, de uma forma geral, nenhuma delas tem se manifestado de forma que se veja... Atrevo-me a "atirar mais responsabilidades" à igreja católica, pois ela tem mais peso em Portugal, e deixa-me incomodada como esta igreja que é conhecida por defender a moral e os bons costumes, fica completamente apática quando se fala do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Na minha mente não consigo conceber duas pessoas do mesmo sexo se casem; mas depois parece que entro contradição quando digo que todo e qualquer ser humano tem direito a ser feliz. Qualquer um de nós, sejamos brancos, negros, ciganos, cegos, surdos, mudos, pobres,ricos, mais ou menos inteligentes, etc; tem esse direito, desde que "corra atrás" dessa felicidade.
Mas depois lembro-me de umas palavras que estão escritas na Bíblia que referem que o homem e a mulher unem-se e tornam-se uma só carne. E é extraordinário como de facto isso se concretiza em termos físicos entre um homem e uma mulher. Há um perfeito encaixe!
Não quero com isto dizer que as pessoas que optam pelo caminho da homossexualidade são anormais. Não! Muito pelo contrário! Acima de tudo são seres humanos que merecem o meu respeito e consideração como tal!
Concordo com o Sam quando ele diz, que é muito difícil conseguirmos tratar de igual modo um homossexual e um toxicodependente (não gosto do termo drogado), mas não é impossível.
Já não basta muitos deles serem discriminados pela sociedade em geral? Que irão eles pensar se são mal acolhidos na casa Daquele que morreu de braços abertos (para todos que o aceitarem)?