Talvez um dia vivamos num mundo de respeito, de igualdade e diversidade. Numa sociedade em que ninguém se possa considerar superior, mais esperto, mais astuto, mais capaz, mas onde apenas nos podemos considerar seres humanos.
Talvez um dia não se gastem milhares de milhões em armas que nos obrigam a gastar milhares de milhões em ajuda humanitária, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em saúde, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em segurança, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em diplomacia, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em fundos de 'desenvolvimento', que nos obrigam a gastar milhares de milhões no combate à corrupção, que nos obrigam a gastar milhares de milhões em projectos e soluções.
Talvez um dia não tenhamos de ficar envergonhados porque um homem vale 94 milhões de euros, ou porque vale 25 mil €/hora, ou porque é notícia se ele usa calções curtos ou longos, ou porque está na casa x ou y, ou porque passou uma noite com uma Paris, ou porque 'espatifou' um Ferrari, ou porque partiu um vidro de um carro, ou porque hoje treinou ao lado do Pepe, ou porque hoje treinou ao lado do Sneijder, ou porque autografou o seio de uma adolescente histérica.
Talvez um dia não tenhamos vergonha de dizermos e assumirmos o que somos, de assumirmos que somos sim em vez de não, de sermos conhecidos pelo que fazemos em vez de pelo o que não fazemos, de sermos respeitados porque respeitamos, de sermos excelentes no que fazemos e dignos embaixadores, de conseguirmos fazer alguma coisa por alguém neste país, de sermos capazes de saltar fora das quatro paredes.
Talvez um dia haja guerra, não 'aquela', mas uma outra. Uma guerra que mude a face daquilo que temos feito. Não sei como nem quando, mas talvez um dia.
Talvez um dia deixemos de esperar tanto tempo por aquilo que é hoje. Talvez um dia deixemos de deixar de fazer isto, aquilo e aqueloutro. Talvez aquela canção do Variações perca o sentido e deixe de pairar no ar. Talvez um dia sejamos capazes disso, talvez.
Talvez um dia eu ache que posso fazer isto tudo? Talvez um dia? Talvez amanhã? E porque não hoje?
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
0 comentários:
Post a Comment