Este Blog...

É fruto da maneira como vejo o mundo. Aceitam-se discordâncias e divergências, sempre dentro de uma lógica de boas maneiras, claro!

Sejam bem-vindos!

Monday, December 15, 2008

O Que Constrói o Meu Futuro_Parte IV

Humildade é uma palavra difícil. Talvez se tenha tornado pesada demais para a ouvirmos ou dizermos. Mas continua a ser um estilo de vida que, nada tendo a ver com pobreza ou necessidade, parte de alguém que reconhece que não é superior a ninguém, apenas 'companheiro' e 'camarada' de muitos neste circo que é vida...

Como sempre, a Bíblia dá-nos uma das mais fantásticas visões sobre o que é a humildade. Durante séculos confundimos humildade com pobreza material. Nada a ver. É possível ser pobre e soberbo simultaneamente, como é possível ser rico e humilde. David dá-nos um vislumbre da atitude humilde, conforme descrito em II Samuel 7. Um homem poderoso, capaz e extremamente popular. Facilmente ele se teria deixado dominar pela vaidade e soberba, e se calhar, até tinha razões para isso. Mas escolheu um outro caminho. Diz a determinada altura 'Quem sou eu e quem é a minha família para que me tenhas trazido até aqui?'. Creio que nesta frase (e nas que se lhe seguem, que não transcrevo para remir o tempo) se contêm princípios de verdadeira humildade, que importa ver com atenção. Se calhar, podemos tirar esta lição com David, que assume a atitude humilde de:
  • Aceitar a gradiosidade de Deus;
  • Compreender que nada somos sem Ele;
  • Compreender que precisamos d'Ele;
  • Compreender que o nosso valor está n'Ele;
Humildade é uma decisão, viver debaixo dela é um estilo de vida. Não é acerca de sermos uns coitadinhos, mas sim de compreendermos o posicionamento de Deus e dos que nos rodeiam na nossa vida. Amando a Deus e servindo os outros, ora aqui está um belo caminho de humildade.

Friday, December 12, 2008

O Que Constrói o Meu Futuro_Parte III

Pedir e aprender a pedir. Estabelecer prioridades naquilo que pedimos. Afinal esta é também uma decisão. Pedir aquilo que desejamos ou sonhamos pode ser uma ferramenta fantástica, até porque a Bíblia é clara quando diz que 'concederá os desejos do nosso coração'. Mas, como em tudo, acredito que pedir deve 'obedecer ' a alguns princípios básicos e libertadores, capazes de exponenciar o potencial dos nossos sonhos e desejos.

O primeiro princípio básico é a Sabedoria. Devemos pedir de acordo com um princípio de sabedoria. Sabedoria pode ser, e muitas vezes é, senso comum. Mas outras vezes será vermos mais do que o olho humano vê, para além dos problemas, circunstâncias ou dificuldades. Talvez por isso uma das primeiras coisas que devemos estabelecer como desejo do nosso coração seja a sabedoria para lidar com as mais diferentes situações, as nossas e as que acontecem à nossa volta.

Depois encontraremos coisas que devemos mesmo pedir. Paciência, porque a vida é sobre levantarmos outros (e isso exige paciência...e não se queixem, alguém já fez esse trabalho connosco!); amor, porque a vida dar-nos-à pessoas para amarmos; força, porque a vida é acerca de constante edificação; ajuda, porque Deus irá dar-nos capacidade de superação nos mais difíceis momentos da vida.

A realidade é que o que pedimos é o reflexo do que somos, além de que aquilo que pedimos constrói o nosso futuro. É por isso que fiz este exercício, o qual vos convido a fazer também. Ora, será que peço mais...
  • ...para mim do que para outros - egoísmo;
  • ...riquezas e bens do que sabedoria - materialismo;
  • ...do que aquilo que realmente recebo - inacção;
  • ...conforto que desafios - estagnação;
  • ...do que pedia há algum tempo atrás - crescimento;
  • ...do que acho que 'mereço' - ousadia;
  • ...do que penso que consigo aguentar - ampliar influência e capacidade;
  • ...aquilo que posso colcoar ao serviço de outros - altruísmo;
Talvez seja o tempo de compreendermos que quando pedimos arriscamo-nos a receber. Por isso, toca a ter ousadia e 'ampliar as estacas da nossa tenda'! É tempo de pedir e crescer em direccção a um futuro brilhante!

Thursday, December 4, 2008

O Que Constrói o Meu Futuro_Parte II

Decisões. Elas constroem o nosso futuro. Hoje, dentro do tema da construção do nosso futuro, trago a primeira de 4 decisões fundamentais na construção do nosso futuro. Decisões que são mais do que traços de personalidade, mais do que coisas adquiridas naturalmente, decisão que são passos de cada um, decididos e tomados individualmente.

Ouvir é um passo, uma decisão. Aprender a ouvir também. Ouvir os outros e ouvir Deus. E a realidade é que há muitas maneiras de ouvir. Não é preciso um trovão gigantesco e uma voz forte e colocada para percebermos se isto ou aquilo é algo divino ou não. Se me sinto em paz com uma decisão, então muito provavelmente isso é Deus a falar comigo. As oportunidades que aparecem são, muitas vezes, formas de Deus nos levar a determinados caminhos. A Bíblia e o aprender a ouvir com as experiências daquilo que lá vem escrito também são formas de ouvir.

O problema são muitas vezes, os 'bloqueadores' de ouvido que enchem a nossa vida. 'Demasiado barulho', fruto de stress, desorientação, cansaço, desordem financeira/familiar, etc, tudo isto são coisas que fazem tanto barulho na nossa vida, que muitas vezes não conseguimos sequer discernir a voz do bom senso. Outras vezes, simplesmente desprezamos aquilo que ouvimos, talvez porque não nos interessa. Outras vezes passamos por descontrole emocional momentâneo que nos impede de discernir as coisas mais simples.

Ouvir e aprender a ouvir. Muitas vezes esta é uma decisão fundamental e a diferença entre outras decisões bem tomadas ou não. É uma decisão fundamental na construção do futuro de cada um.

Tuesday, November 25, 2008

O Que Constrói o Meu Futuro_Parte I

Creio que todos temos um plano e um propósito a cumprir. Creio que podemos cumpri-lo ou deixá-lo por cumprir. É por isso que assumo que a construção do nosso futuro tem tanto de 'bonito' como de central. As decisões de construção do nosso futuro determinam se eu vou cumprir ou não o plano e propósito que Deus tem para a minha vida. E isso, na minha opinião, é fundamental.

Penso muito no futuro, talvez fruto da força dos meus 24 anos. Penso muito nas coisas que eu posso decidir hoje que me levam a um futuro melhor, meu e das pessoas que me rodeiam. Fruto dessa reflexão que tem sido constante nos últimos meses, surgem algumas destas ideias que vou partilhar convosco nos próximos posts.

É neste contexto da construção do Futuro que trago para cima da mesa duas palavras bem importantes: restauração e renovação.

O conceito de restauração e renovação é interessante. É acerca de pegar naquilo que já existe e fazer melhor que isso - restauração - ou fazer de novo - renovar. Quando renovamos ou restauramos uma casa, fazêmo-lo por uma de duas razões: ou porque já não tem condições, ou porque calculamos que, num futuro próximo deixará de as ter. O desafio que se põe a nós, seres humanos, é percebermos quando temos de renovar e restaurar as coisas da nossa vida, antes que deixemos de ter condições. Ou seja, anteciparmos o que deve ser renovado ou restaurado na nossa vida.

Pensei muito nisto. Pensei muito na nossa rapidez de resposta à mudança. Será que demoramos muito tempo a responder à necessidade de mudança na nossa vida? Se sim, está na hora de agilizarmos o processo. O Apóstolo Paulo deixa implícito, quando fala na renovação da mente, que a renovação é parte da nossa própria transformação e que esta é um processo contínuo. Se formos lentos a mudar, na verdade, andaremos sempre 'atrás do tempo' e 'atrás no tempo'

É o fim, Casa Pia?

No 'Público' de hoje li a seguinte notícia:

«Entre o seu gabinete no tribunal da Boa Hora e o silêncio e tranquilidade da sua casa do Norte, o procurador João Aibéo analisou, nos últimos meses, as transcrições de parte substancial das declarações e depoimentos prestados ao tribunal ao longo de quatro anos de julgamento, registados em 12 cassetes de vídeo, 968 de áudio, 1052 CD e 314 DVD.»


Sem perder mais tempo, só faço a mim mesmo uma pergunta...4 anos, 12 cassetes de vídeo, 968 de áudio, 1052 Cd's e 314 DVD's???????????????????????

A minha segunda pergunta também é simples...como é que isto é possível?

Thursday, November 13, 2008

E agora, um registo mais descontraído...

Bom, nada como tratar de um problema sério recorrendo ao humor. O Procurador-Geral da República, o Dr. Pinto Monteiro ia-se tramando um destes dias à conta desta lógica, mas mesmo assim continuo a acreditar que vale a pena.

Antes de mais convém dizer que Portugal, no meu entender, é um paraíso para os comediantes. Matéria prima não falta, disparates são mais que muitos, a risada, só de olhar para o dia a dia do nosso querido país, é garantida e vale bem a pena. Percebe-se o esforço dos políticos, dirigentes, titulares de cargos públicos, gestores de empresas. Percebe-se a sua preocupação em produzir humor. Afinal, a coisa é tão séria que só mesmo na base do ridículo é que vamos continuando a lidar com esta e aquela situação.

Só ontem vi duas ou três coisas com as quais me fartei de rir. A trapalhada do Ministro Manuel Pinho, cujo antigo (ou ainda actual, confesso que acabei por não perceber) procurador foi nomeado agora para a Autoridade da Concorrência, isto depois de ter comprado ao BES, no tempo que Pinho era administrador deste banco, uma parcela de um edifício para o futuro ministro, coisa profundamente ilegal, já que os administradores de bancos estão proibidos de fazer negócios com os bancos que administram. Uma confusão que custa a desatar. Mas o Ministro diz que não vai ao Parlamento, nem vai falar mais acerca do assunto (como se já tivesse falado alguma coisa). Como se não bastasse, o Primeiro-Ministro diz que ouviu a notícia e que não ouviu nada de extraordinário ou fora dos parâmetros. Qual terá sido a parte do ilegal que não foi percebida pelo nosso Primeiro? (desculpem a contundência, mas estas coisas irritam-me profundamente) Se calhar foi por isso que ele fumou naquele célebre voo da TAP...

Outra. Soubemos ontem que as alegações finais do processo Casa Pia serão, mais que provavelmente, mais uma vez adiadas. Mas a juíza ficou de tal forma perturbada com umas declarações claramente 'brincalhonas' do Procurador-Geral, que perguntava se as alegações iam ser nesse tal dia, mas do ano 2010 ou 2011. A muito perturbada Senhora Dona Juíza mandou informar o quão perturbada estava com o tipo de comentários proferidos, ao mesmo tempo que se levantava novamente a mais que provável hipótese de novo adiamento. Isto de facto tem que se lhe diga...

Outra. Hoje vi o senhor Primeiro a entegar mais não-se-quantos Magalhães a uma 'catrefada' de alunos. Já alguns dias antes, tínhamos visto alguns alunos a entregar uns Damasovos (eu sei que também dava um belo nome de um portátil de produção nacional, mas trata-se de uma marca de ovos, por sinal a única de que me lembrei agora...) à Senhora Dona Ministra. Esta reciprocidade tem tanto de belo como de emocionante. Quase tão emocionante como a maneira como se tenta, à força, impingir uma reforma contra a qual estão pais, alunos, professores, sindicatos e sociedade em geral. Em suma, é a Sra.D. Maria de Lurdes Rodrigues e o seu gabinete contra o Resto do Mundo. Que belo!

E para terminar a risada ocorre-me agora um episódio nobre e de beleza inequívoca. Não julgavam que me ia esquecer do episódio da bandeira, da segurança privada e da Assembleia Regional encerrada, pois não? Claro que não me esqueci (embora só Deus saiba como o desejava esquecer rapidamente...). Vou limitar-me a narrar os factos. E digam-me se não parece saidinho de um episódio dos Simpsons... Então um deputado da Assembleia Regional da Madeira decide desfraldar uma bandeira nazi em plena hemiciclo (que ideia peregrina...). Em resposta, a sessão é interrompida. No dia seguinte, uma equipa de guardas de uma empresa de segurança privada impede o mesmo deputado de entrar nas instalações da Assembleia, isto depois de o PSD, sozinho, ter aprovado a suspensão de mandato do dito senhor (que confusão, já nem eu próprio entendo o que estou a escrever...). Após isto, todos os restantes partidos deixam a sala, deixando o PSD sozinho (ui,que diferença que isso fez...). Em resposta, o Presidente da AR Madeira decide suspender de vez os trabalhos da Assembleia enquanto decorrer o processo-crime contra o deputado do PND (à velocidade que decorrem os processos neste país, arricavamo-nos a não ter Assembleia Regional ate 2012..e daí talvez não fosse má ideia...). Enfim, parece que ontem lá retomaram os trabalhos (aviso: a palavra trabalhos aqui deve ser encarada enquanto forma de expressão, não devendo ser levada à letra) e deixaram entrar o tal deputado. Mas ainda não acabou. Parece que o tal deputado se recusou a entrar porque, e citando, o queriam fazer entrar 'pela porta do cavalo'. Hã?!?!?!? Mas a ideia não era entrar na Assembleia? Que raio de diferença faz a porta por onde se entra? Não é lá dentro que acontecem as (ah, como é que se diz? Ah, já sei...) coisas? Bom, amanhã devem haver grandes desenvolvimentos, portanto vejam se não perdem os Telejornais e Jornais da Noite...

É ou não é engraçado? Desconfio que não há outro país com tanta e tão boa produção humorística em todo o mundo. E depois venham dizer que não estamos na vanguarda.

Tuesday, November 11, 2008

Moldado pelas Dificuldades

Este título é um facto indesmentível. Mesmo que nós, no meio do pó, no meio da confusão, no meio de todos os 'mortos e feridos' não tenhamos a capacidade de o perceber na hora. Já todos experimentámos fases de grande dificuldade, onde nada parece correr conforme o planeado, em que vemos coisas a desmoronar naquilo onde menos esperávamos, como diz a canção, épocas em que 'parece que o mundo inteiro se uniu para me tramar'.

Mas este título é mesmo verdade. As dificuldades moldam-nos. Fazem-nos crescer, fazem-nos enfrentar a vida de forma diferente e com uma outra perspectiva. Nunca mais me esqueço de uma manhã fria do último Inverno. Estava em grande dificuldade comigo mesmo, se é que posso usar esta expressão. Numa hora livre da faculdade (que acabou por se tornar numa manhã inteira...), guiei o carro até uma zona muito pouco movimentada de Lisboa. Estacionei-o, recostei-me no banco do condutor e abri a Bíblia, num impulso, sem nada pensado. Depois de ter percorrido 2 ou 3 das minhas passagens favoritas, achei vindo 'do nada', uma passsagem que me marcará até ao fim da minha vida. «Mas ele disse-me: a minha graça te basta, pois o meu poder aperfeiçoa-se na fraqueza». Confesso. Fiquei sem palavras. Naquele momento chorei compulsivamente. Nada se tinha alterado em relação à espiral de acontecimentos que teimava em empurrar-me para o fundo. Mas tinha compreendido o propósito. O poder que se aperfeiçoa quando estamos fracos. Tinha compreendido que a dificuldade é uma ferramenta para o nosso próprio bem e crescimento pessoal.

Até hoje recorro a este pensamento, a esta pequena frase, para me lembrar que a dificuldade pode ser uma via para o crescimento. É nela que posso que posso fazer investimentos que me levem a ser mais e melhor do que aquilo que sou hoje. E hoje sou assim, moldado pelas dificuldades. Não moldado nas convicções, nem na crença, mas sim moldado na experiência, no saber e na capacidade de lidar com aquilo para o qual não estamos preparados.

Sei que este é um momento difícil. Basta ligar a televisão e 'apreciar' as notícias. Mas ficar a pensar numa esperança sebastianista que chegue por entre o nevoeiro é o suicídio. A crise está aí e quem quiser aprender é só olhar para ela. A experiência que este beco sem saída social em que nos metemos nos garante é a nossa maior ajuda. Saibamos nós retirar daí os devidos frutos...

Friday, November 7, 2008

O Governo protege os banqueiros...e quem protege as pessoas?

Não sou de esquerda. Muito menos da extrema esquerda. Mas hoje, enquanto passava numa das artérias mais movimentadas da capital, um cartaz 'entrou-me pelos olhos dentro', se me é permitida a expressão. É o novo cartaz do Bloco de Esquerda e diz, muito simplesmente que 'o governo protege os banqueiros...e quem protege as pessoas?'

Grande pergunta, pensei eu. Afinal há milhões disponíveis para os bancos, mas não há os mesmos milhões para os reformados, os trabalhadores, os estudantes e os doentes. Há dinheiro para 'tapar' os buracos provocados por anos e anos de gestões danosas e ruinosas, mas não há dinheiro para desafogar as famílias portuguesas, embrenhadas no meio de um mar de dívidas fruto da dificuldade em gerir as despesas correntes obrigatórias em qualquer casa.

Afinal onde ficamos? Até eu, que não sou de esquerda, pergunto-me (e desculpem a expressão...) 'Mas que raio! Afinal há dinheiro ou não há dinheiro? E, se há dinheiro, porque é que se diz às pessoas que não há, e depois dizemos aos bancos que, sim senhor, cá têm a almofadinha de uns quantos de milhões, para cobrir os vossos erros de gestão, a vossa incompetência e o dinheiro que (como no caso BPN) meteram ao bolso.'

A pergunta do Bloco faz sentido. 'Quem protege as pessoas?' Afinal quem nos protege? Quem protege os que precisam? Quem protege os doentes, os fracos, os rejeitados? Quem protege os desafortundados? Quem protege os pobres? Neste momento não tenho resposta para esta pergunta e isso pertuba-me...

E depois digam-me se o Evangelho não está mais actual que nunca...

Wednesday, November 5, 2008

E agora, Obama?

Obama venceu. Não houve surpresa. Houve, isso sim, muita emoção, festa, dança e euforia, não só nos States como um pouco por todo o mundo.

Já em 2 posts anteriores afirmei que achava que, independentemente do candidato que ganhasse, ele teria de estar preparado depois de tanta dicussão, tanto debate, tanto estudo de dossiers, e por aí fora. Creio que Obama está preparado, como estaria McCain, ou como estaria Hillary Clinton, se tivesse vencido as primárias no lado democrata. Mas a verdade é que o grande desafio vem agora aí. A partir de 20 de Janeiro, Obama será o Presidente dos Estados Unidos. As expectativas são muito altas, não só na sociedade americana, como em todo o resto do mundo. Como lidará Obama com essas expectativas? Já foi possível ver o seu carisma e discurso motivador e mobilizador de massas, mas de que lhe valerá continuar a falar em esperança se não conseguir resolver, nos próximos meses a crise económica (ou pelo menos, atenuar-lhe os efeitos...)? E o que o livrará das críticas e acusações se não conseguir a retirada do Iraque em 18 meses, tal como prometido? Ou pior ainda, que dirão se os americanos retirarem do Iraque e o poder cair nas mãos de fundamentalistas apoiados por Ahmadinejad (que parece estar à espera disso..)?

Segundo ouvi alguns analistas ontem dizer, o mais difícil está feito, a ascensão à presidência. Não concordo. O mais difícil vem agora. Obama já teve de contornar adversários políticos, resistir aos ataques pessoais vindos dos republicanos, passar por 2 anos de debate intenso e fraticida no seio do seu próprio partido. Mas não tem experiência governativa, ainda por cima quando atravessamos um período de crise tão profunda. Vejo nele carisma e capacidade de fazer as pessoas olharem para o futuro. Que, enquanto o povo vê o futuro, ele consiga lidar com o presente. Porque por mais carisma que tenha, estou certo que não resistirá ao fracasso na gestão da expectiva que tantos nele depositam.

Monday, November 3, 2008

Obama vs McCain

Faltam poucas horas para o momento mais aguardado do ano que corre: as eleições norte-americanas. Há várias semanas (ou melhor, meses!) que não se fala de outra coisa. Estas eleições, ainda mais 'apimentadas' pela crise económica internacional que, entretanto, se instalou, tendem a ser encaradas como um 'escape' a 8 anos de políticas incompreensíveis (para nós, europeus...) de George W. Bush. Creio claramente que as estas eleições não se esgotam nesta simples atitude 'escapista', antes podem ser, isso sim, um factor de devolução de confiança às pessoas, não só ao nível da realidade norte-americana, como também à escala global.

Confesso que tenho seguido com particular interesse esta disputa. Muitas coisas me têm impressionado, umas pela positiva, outras pela negativa. Conforme já escrevi, há alguns meses, neste espaço ''os Estados Unidos, no meu entender, continuam a dar um sinal de vitalidade democrática, que vulgariza, e chega, até, a ridicularizar a democracia europeia''. O nível de debate a que os candidatos são sujeitos, submetidos a um escrutínio diário desde há 2 anos a esta parte, faz com que a sua preparação seja de nível muito elevado, independentemente de estarmos a falar de Obama ou McCain.

Na Europa existe um claro apoio a Obama, um pouco motivado pelo cego apoio europeu a tudo o que não seja republicano. No meu entender, existe aqui deste lado do Atlântico uma incapacidade de leitura da realidade social e política norte americana. Tanto democratas como republicanos já tiveram bons e maus presidentes, escândalos e acusações, vitórias e problemas. Aquela ideia europeia que se formou nos últimos anos e que diz que só 'os pategos e patos-bravos do interior' votam republicano é descabida, errada e demonstra que nós, europeus, sofremos da mesma ignorância de que acusamos tantas vezes o norte-americano médio.

Não sou entusiasta de George W. No meu entender cometeu erros graves, e creio que, tanto ele, como o seu partido, sabem disso. Confesso que simpatizo com Obama e com McCain. Com o seu discurso, com a sua necessidade de mudança. Considero Obama um digno representante da nova fornada de líderes mundiais. Penso também que McCain é um 'avô moderno', competente e capaz. Por isso, seja qual for o resultado, a América sairá melhor e o resto do mundo agradece.

É pena é que continuemos sem aprender esta lição democrática que a América nos dá. Debate de ideias, debate de ideiais, discurso de mudança. Enquanto nós por cá tentamos diferenciar aquilo que não tem diferenças...

Friday, October 31, 2008

Ilhazinhas de acordes...

Retirado do site leadworship.com, não pude deixar de colocar este excerto de um artigo de Paul Baloche...

«Os rios adoram o mar. Movem-se constantemente, poucas coisas os poderão parar da persistente corrida até ao objectivo. Uma das poucas razões pelas quais o rio pára na sua jornada até ao mar é quando alguma coisa se atravessa no caminho. Quer seja um pedaço de tera, uma barragem feita por mãos humanas, ou uma alteração natural na paisagem, alguma coisa pára o fluir. A adoração de uma congregação pode ser comparada a um rio que se move em direcção a um mar chamado 'comunhão com Deus'. Quando as coisas fluem bem, a congregação poderá nem dar por nada. Mas quando as coisas não fluem, toda a gente percebe e pode sentir isso – a 'corrente' é aleatória, e as pessoas não sentem mais do que como se estivessem a ser lideradas de uma ilha de acordezinhos de guitarras e letrinhas de adoração para outra.»

Bem forte, não?

Tenham um óptimo fim-de-semana...

Incógnito

Na última segunda-feira fui um dos sortudos que esteve no Casino de Lisboa a ouvir uma das bandas que me diz muito mesmo: Incógnito. E que bela escolha para a noite de segunda-feira! Foi absolutamente memorável, um concerto que me deixou completamente boquiaberto e extasiado. 10 músicos de excelência, donos de vozes e mãozinhas que valem ouro, mas que em momento algum deixaram que o indivíduo passasse à frente do colectivo. Ou seja, nunca se sacrificou o som colectivo, o som de banda pelo 'estrelato' deste ou daquele, troca que, infelizmente, vamos vendo com cada vez mais regularidade no meio da música.

De facto, foi um concerto memorável e de qualidade superior. A única coisa que lamento é que não haja espectáculos destes com maior regularidade, ainda por cima completamente abertos ao público, como foi o caso.

Quando cheguei a casa depois do concerto (já um pouco tarde para quem no dia a seguir se ia levantar cedo...), fiquei ainda a pé a pensar na maneira como as coisas andam pelo mundo musical português. Ao longo destes anos já tive oportunidade de, na igreja, trabalhar com alguns músicos profissionais de excelência. A convivência com eles vai-me fazendo compreender que temos gente muito capaz no meio, embora muitas vezes vergada ao peso da falta de oportunidades. Creio que a origem do problema está na falta de gosto musical do povo português. A maior parte das vezes, para viver o músico é obrigado a fazer montes de trabalho com o qual não se identifica minimamente. Porquê? Porque é o que vende. E o que vende é o que dá dinheiro. E o dinheiro é aquela coisa de que todos precisamos.

Vamos mais a fundo. A educação. Porque não há mais e melhor educação musical na escola? Pois se está provado que o desenvolvimento das capacidades e conhecimentos musicais é ferramenta no desevolvimento intelectual de qualquer indivíduo, porque é que se continua a fazer da Educação Musical um parente pobre da árvore educativa portuguesa? Estaremos ainda na fase em que pensamos que não se pode dar mais formação nessa área porque iríamos roubar tempo às 'verdadeiras' disciplinas?

É esta a minha sugestão de hoje...porque não uma melhor e mais alargada educação musical nas escolas? E quem diz isso, fala também no uamento do tempo dedicado à Educação Física, aliado que poderá ser fudnamental para inverter a tendência de crianças e adolescentes cada vez mais obesos. Saibamos nós investir no futuro, e ele devolver-nos-à os seus frutos. A nós talvez já não nos devolva. Mas aos nossos filhos certamente.

Monday, October 27, 2008

Um país preso por arames II

A 4 de Junho escrevi um post em que dizia aquilo que me ia na alma em relação a este país. Por achar que hoje tenho mais algumas coisas a dizer (desculpem se usar ironia em excesso, mas...é mais forte que eu...) decido pegar no mesmo tema, colocar o mesmo título, mas com aquele sinal de sequela. Ora então aqui vamos nós...

O tempo passa e parece que nós, portugueses, estamos cada vez mais estranhos, como que a acompanhar a estranheza em que o próprio vai crescendo. Agora estamos em crise. Acho que desde 2000/2001 que não ouvimos falar de outra palavra. Nos entrementes, o mundo já esteve em recessão, voltou a ser um lugar próspero, e mais uma vez tornou à sua forma recessiva. Nós por cá somos muito regulares e previsíveis. Crise, crise e mais crise. Por 3 a 4 vezes se anunciou com pompa que 'a crise acabou'. Lembro-me perfeitamente de 2 delas. Uma foi-nos proporcionada pela dupla Santana/Bagão (resultado: governo demitido, eleições antecipadas e....crise ainda mais profunda...). A segunda, mais recente, foi patrocinada pelo duo Sócrates/Teixeira dos Santos (resultado: desta vez não só ficámos nós em crise como arrastamos todo o restante mundo atrás de nós...só ao alcance dos bons, hein?). Antes que apareça a terceira dupla sebastianista, peço contenção e moderação, porque parece que a esta cadência, da próxima vez que se anunciar que o país, 'oficialmente', saiu da crise, vamos ter o fim do mundo ou coisa que o valha. Prudência, portanto...

Agora mais a sério. É interessante olhar para trás e perceber que muitos dos problemas que nos assolavam se mantêm intactos. As famílias vivem em grandes dificuldades, especialmente ao nível da classe média/baixa. Por incrível que pareça, há gente a trabalhar todos os dias que ganha menos do que muitos que não trabalham. Não me parece concebível. E também não me parece minimamente lógico que existam 20 mil milhões de Euros para a banca dispôr quando necessitar, e não haja dinheiro para aumentos condignos, no ordenados, nas pensões, nas reformas e por aí fora. Vi no último Domingo uma reportagem na televisão que contava a história de uma mãe solteira que deixou de trabalhar para poder acompanhar a filha, portadora de uma deficiência rara incurável, nos muitos tratamentos a que é submetida. Sabem com quanto dinheiro vive esta família por mês? 300 euros... É normal? Não creio...

Resta-nos a certeza que continuamos a ter um povo que, apesar dos seus muitos defeitos, continua a ser solidário. Resta-nos a tal 'alegria da pobreza', essa tal alegria que está na 'grande riqueza de dar e ficar contente'.

Sei que este post é bem menos irónico que o outro. Também tenho noção que desta vez nomeei algumas pessoas. Não o faço para colocar nelas a total responsabilidade (alguma terão, como é óbvio...). Peço que não leiam este texto como um ataque a este ou àquele, mas como um texto escrito por alguém que gostaria imenso de ver o país a seguir, definitivamente, em frente, não esquecendo quem para trás fica. Que assim seja.

Thursday, October 23, 2008

Igualdade

Tudo começa nesta frase...

«Faz mais falta (...) um intérprete a acompanhar um surdo numa estação dos CTT ou um guia turístico num museu nacional a guiar um estrangeiro?»

Isto incomodou-me. E ainda bem. Incomodou-me que, até hoje, não tivesse olhado para a igualdade desta forma. Li esta frase quando dava mais uma vista de olhos (leia-se, lia!) o livro da minha querida Mafalda Ribeiro (Mafaldinha), o já bem conhecido do público 'Mafaldices'.

Confesso que já há algum tempo que não lia nada que me fizesse 'saltar os olhos da órbita' e voltar atrás para pensar bem no que acabara de ler. Esta frase teve esse efeito em mim. Afinal de contas a igualdade é alguma coisa que todos reivindicamos esporadicamente, mas da qual nos esquecemos diariamente. Como sempre acontece, achamos ultrajante sermos considerados diferentes, mas esquecemo-nos desgraçadamente dos 'diferentes' quando estamos no 'topo da cadeia alimentar'. Estranho? Um pouco. Mas não deixa de ser revelador da natureza humana e da sociedade que NÓS próprios criamos.

Um guia num museu a falar inglês, alemão, italiano, espanhol e por aí fora. Se formos a um museu e virmos esta imagem nem lhe ligamos. Afinal de contas é normal. Mas um intérprete num serviço público, disponibilizando tradução a quem, por alguma razão, não pode ouvir talvez já fosse algo digno de nota, comentário, ou longa dissertação? Estranho? Não muito. Já fui compreendendo que, para lidar com a diferença, todos temos de perceber que somos diferentes. Afinal esta é uma das grandes riquezas da Humanidade. É que Deus criou-nos numa singularidade absolutamente notável. Cabe a cada um descobrir o quão notável é a singularidade do parceiro do lado. Seja ele quem for.

Wednesday, October 1, 2008

Em plena crise...

Sem portátil há já algumas semanas e com pouco tempo de internet por dia, confesso que gostaria de já ter comentado esta crise que vivemos. Mas como mais vale tarde (embora isto ainda vá dar pano para mangas...) que nunca, cá vai disto.

Estamos consumidos. Pela crise, pelas preocupações que ela causa no seio famílias, pela aparente ( e talvez real...) incapacidade do mundo política para lidar com ela e com as suas repercussões, pelo pânico que, volta e meia, se gera em quase todos os sectores. Difícil é um adjectivo que se torna curto para nomear os dias que as famílias (creio que especialmente estas) vivem. Às vezes, mais lancinante que a dor da crise actual, é a incerteza daquilo que o amanhã pode ou não trazer. Vivemos exactamente neste ponto. Sentem-se os efeitos da crise económica/financeira, mas mais grave que isso é a incerteza e a falta de confiança em relação aos tempos que aí vêm.

No meu entender, um ponto é certo. O mundo económico terminou tal como o conhecemos. Não sei quanto mais tempo demorará o Estado a compreender que tem de assumir o papel de regulação forte e implacável, único forma de fazer sobrepor o bom senso à crescente ganância dos mercados e investidores. Mas talvez o Estado futuro não tenha apenas este papel regulador. Talvez lhe esteja destinado um papel importante na prestação dos serviços sociais básicos (educação, saúde, segurança social), embora a tendência europeia seja a de passar estas responsabilidades para os privados. Talvez lhe esteja destinado o voltar a tomar conta daquilo que são serviçoes prioritários de serviço ao cidadão, voltando a compreender que há responsabilidades que o Estado não pode entregar a outros, mas que têm de ser interpretadas e executadas pelo próprio.

E não esquecer que há famílias que sofrem com dificuldades crecentes desde há 7/8 anos a esta parte. É preciso que não aconteça o mesmo que tem acontecido durante este tempo, ou seja, que sejam estes, novamente, a pagar o preço da crise. Porque senão corremos um grande risco. É que em vez de estarmos a caminhar para a convergência europeia, às vezes parece que caminhamos para o modelo social sul-americano. Pouca gente muito rica, muita gente muito pobre. E classe média? Um mito...pouco mais que um mito...

Thursday, September 4, 2008

Espírito Olímpico

Foi a primeira vez que não consegui acompanhar em permanência e com cuidado uns Jogos Olímpicos desde Barcelona '92. Confesso que tive pena de não ter visto, ao vivo e a cores, as proezas de Phelps, Bolt e companhia. Ou até as desilusões da Naide ou da Telma. Os Jogos representam algo de quase místico e aprendi a conviver e respeitar isso desde criança.

A magia dos Jogos traz-me à memória momentos que creio nunca irei esquecer, como a flecha a ser lançada no acender da tocha em Barcelona, ou acender da tocha no meio de água em Sydney. Esssa magia possibilita aquilo que é a grande virtude dos JO's, que está no facto de ultrapassarem a esfera desportiva. Os Jogos conseguem tocar a esfera social, política e humana com uma facilidade incrível.

Apesar da falta de tempo consegui assisitir à cerimoónia de abertura e à de encerramento. A de abertura deixou-me completamente louco! Momentos únicos e de beleza fantástica. Colocaria a cerimónia no topo dos momentos altos.

Emocionei-me com o salto do Nélson, com a forma como conseguiu transformar em realidade o sonho. Precisamos disto. De força para compreender que os sonhos só fazem sentido quando concretizados. De discernimento para perceber que a corrida é longa e que as dificuldades não fazem mais que preparar-nos para o alcançar de novas metas, 'esticando' a nossa vida.

E agora, que os Jogos acabaram, que comecem outros, ainda mais fantásticos pela força que demonstra quem neles participa. Falo dos Paralímpicos. São uma demonstração de que as circunstâncias não determinam os meus limites. Quem coloca a fasquia sou 'eu'. E quanto mais alta a colocar, quanto menos me conformar com os padrões que o mundo oferece, quanto menos me deixar tentar pelo conforto, mais alta a fasquia ficará e mais alto será o salto em direcção ao futuro.

Porque construir o futuro é a nossa medalha de ouro do dia-a-dia....

Monday, August 25, 2008

Ah, férias...

Podem servir para muita coisa. Recarregar baterias, descansar, meditar nos desafios futuros, avaliar aquilo que ficou para trás. Também podem servir apenas para ir à praia, ou à piscina, ou seja lá onde for que se vá, mas sem o stress do dia-a-dia.

As minhas terminaram. Não souberam a pouco. De facto, para o fim já me estavam a entediar. Mas fizeram-se e venho revigorado. Não digo que o descanso tenha sido por aí além, mas o sair da rotina faz-me sempre bem. O ritual de me levantar da cama, comprar o jornal, ir ao pão, tomar o pequeno almoço enquanto leio notícias fresquinhas, analisar o tempo e ver se vale a pena ir à praia, tudo isto são coisas só possíveis nas férias. É por isso que sabe tão bem. Mas ao fim de uma semana já cansa...ufa! O pão deixa de ser assim tão bom, as notícias parecem sempre as mesmas e o vento teima sempre em estragar o dia de praia...

Estas férias foram boas por isso. Não deu para chatear muito. Passagens em Lisboa (neste caso continuação em...), Albufeira e Esmoriz. Cada uma com as suas especificidades, cada uma com o seu sabor. Sinto-me novo e com forças para os ciclos que aí vêm. Sinto-me como um comboio desembestado, que ninguém consegue parar (prometi a mim mesmo que usaria, pelo menos uma vez a palavra desembestado num discurso sério. Missão cumprida!). Agarra que vem aí Setembro e a coisa vai aquecer! Graças a Deus...mais um dia a comer pãozinho fresco ao pequeno almoço e acho que dava em doido...

Monday, July 7, 2008

Simplicidade

Algures no caminho da vida o Homem foi perdendo a capacidade de ser simples, de ser directo, de dizer sim quando quer dizê-lo, de dizer não quando é caso disso. Algures no tempo o Homem criou o conceito do correcto, do aceitável, e criou tanta coisa à volta disso, o politicamente correcto, o socialmente aceitável, o razoável, etc, etc.

Algures no tempo perdeu-se a capacidade de ser dito aquilo que se pensa, só porque destoa ou porque não é assim 'tão correcto'. E depois vêm os equívocos. O casamento equivocado, as relações pais-filhos equivocadas, o equívoco próprio de não sabermos bem quem somos nem o que andamos aqui a fazer.

Algures no tempo perdeu-se a simplicidade. A capacidade de resolver aquilo que nos aparece sem grandes alaridos nem grandes ondas. A capacidade de dizer sim e não. A capacidade de trazer ao de cima aquilo que pensamos.

Algures no tempo perdeu-se a genuinidade. Que crime. Afinal aquilo que somos ainda é um dos nossos maiores tesouros.....ou será que não?

Thursday, June 5, 2008

O efeito Obama

Ao contrário da Europa, a democracia norte-americana lá vai dando sinais de pujança. À previsibilidade dos aliados europeus, os americanos vão respondendo com a força da surpresa, reforçada nos últimos meses com a ascensão política de Barack Obama.

Poucos se lembrarão a esta altura mas quando começou a corrida à presidência norte-americana ninguém ousava vaticinar um vitória de Obama no lado democrata. Se formos mais longe, percebemos também que ninguém vaticinava a vitória de McCain no outro lado da contenda. Mas foquemo-nos, por hoje, em Obama. Pelo seu discurso, por aquilo que representa, por ser o primeiro afro-americano a concorrer à presidência, Obama acaba por ser um valente sopro de novos ventos na lógica política. Não sei se estes 'ventos' chegarão à velha Europa, mas pelo menos trazem-nos um sinal de que nem sempre tudo corre como o previsto.

Creio que o maior desastre da democracia é quando esta perde o seu teor de imprevisibilidade. Tal como um campeonato em que o primeiro leva 20 pontos de avanço do segundo perde emoção, também a política tem na força da imprevisibilidade dos resultados um dos seus grandes aliados. Isso mobiliza as pessoas, fá-las lutar porque acreditam neste ou naquele projecto, mobiliza a opinião pública, cada vez mais regida pela emoção do que pela razão. Creio que, entre outras coisa, esta falta desta lógica de imprevisibilidade que tem contribuído para a descredibilização do sistema político europeu, do qual as mais recentes crises sociais do Sul e Centro são apenas um resultado e reflexo óbvio.

Confesso que encontro paralelo com a recente situação de Passos Coelho no PSD. O seu discurso representa uma espécie de experiência de uma corrente Obamista na Europa. Não venceu mas marcou pontos e terreno. Pela época em que apareceu será sempre colado a esta nova lógica política. A realidade é que a política e a sociedade precisam desesperadamente de mudança, pelo é normal que um discurso virado para essa mudança seja refrescante e uma lufada de ar fresco no já desgastado sistema social e político europeu.

Agora, resta-nos esperar. Enquanto portugueses e enquanto europeus. Esperar que, mais do que o discurso, possamos ver acções de mudança. Porque, segundo me parece, de discursos anda o povo farto...

Wednesday, June 4, 2008

Um País preso por arames

Portugal é um país único. Talvez fosse boa ideia algum especialista estrangeiro estudar um pouco o nosso país e perceber o porquê de tanto fenómeno estranho que ocorre por estas bandas. Falo a nível social, político, económico e, mais importante que tudo isto, falo da mentalidade do português médio.

Ponto prévio: sou portuguesíssimo, de nascença e criação. Gosto do meu país. Talvez por isso algumas destas coisas me entristeçam tanto. Vejamos se algumas destas coisas não são absolutamente caricatas (para ser simpático):
  • O governo prevê a inflação a 2,2% e dá aumentos dessa ordem. O povo, há largos anos a perder poder de compra não percebe porquê, mas também não diz nada. Mas vêm 100 mil professores para as ruas porque não querem ser avaliados. Faz sentido. É preferível ganhar pouco uma vida inteira do que ganhar mais mas arriscar ser despedido porque se é incompetente. Bom, a inflação já vai bem acima dos 2,2%, mas ninguém se preocupa. Mais um ano a perder poder de compra. Tudo vai bem, tudo vai óptimo.
  • O povo. O povo queixa-se. Dia sim, dia sim. O que faz? Pouco. A produtividade é baixa, os salários condizentes. Reclamamos direitos mas não cumprimos os deveres. Afinal, o dinheiro é pouco para comprar aquele plasma que tanta falta faz para ver o Euro. Os chamados bens de primeira necessidade. E o povo continua a queixar-se. Mas também continua a ir de transporte próprio para o emprego, mesmo quando tem transporte público à porta de casa e do trabalho. Mas queixa-se que a gasolina está que não se pode. Mas o plasma, esse, não falha. Parece que a loja entrega até dia 7. E é bom que apareçam antes das 17h , porque o povo quer ver a abertura do Euro. Esse fantástico Suiça-Rep.Checa. Onde? Na SportTv, claro!
  • Os políticos. Uns são bons, outros nem tanto. Uns são competentes, outros são o contrário. Tal como em qualquer outra actividade. Os políticos. Avessos à mudança. Afinal a mudança é desconfortável e o povo manifesta-se na rua sempre que há sinais dela. Porquê? Ninguém sabe. Mas todos sabem que isso custa votos. Os políticos. Como disse Cavaco quando Santana era primeiro, os competentes devem afastar os incompetentes. Será? Bom, enquanto o povo continuar a preferir a demagogia à verdade e o espectáculo à eficiência será difícil. Quando Santana, depois do que fez no país e no PSD, ainda obtém 30% dos votos de militantes do seu partido, parece-me que algo vai mal. Prefiro a crua verdade de Ferreira Leite (ao menos ninguém é enganado. Não podemos baixar impostos, ponto!) ou o discurso renovador e fresco de Passos Coelho (num estilo de Obama português...). Os políticos. Ao menos Manuel Alegre não engana ninguém, diz o que pensa, mesmo que seja em conjunto com os seus 'amigos' do BE. Trouxe o tema da igualdade social ao topo da actualidade, em vez da subida dos combustíveis. Está na hora. Novos ricos, há cada vez menos. Já novos pobres vão surgindo todos os dias....
  • O ópio. Papel que encaixa perfeitamente ao futebol. O Porto excluído da Champions abre o Telejornal. A pobreza no país, o excessivo endividamento das famílias portuguesas, a desigualdade social que grassa por estas bandas, tudo isso é secundário. O facto do Porto perder a participação na Champions é que é grave. Ou isso ou as últimas do treino da selecção. Por falar nisso, já repararam que os treinos da selecção são transmitidos em directo pela televisão? Traço de terceiro mundo que nem ouso comentar... O ópio. Sabe bem ao início, faz-nos alhear da realidade e parecer que tudo está bem. Mas quando acaba o efeito causa valente dor de cabeça. Estou para ver a depressão em que o país estará por alturas do fim do Euro. E se formos campeões (Deus queira que sejamos, ao menos animava isto um bocadinho...), apenas adiamos a dor uns quantos dias.
O país preso por arames. Tipo marionetas. O que chateia? Esta inércia do povo...esta tremenda inércia do povo. Fiquemos por aqui...

Tuesday, May 13, 2008

A Jornada

Afinal, caminhamos para onde????


Muitas vezes pergunto a mim próprio para onde caminho, para onde estou direccionado nesta jornada de vida....muitas vezes consigo chegar a conclusões, outras nem por isso, mas a realidade é que este exercício é indispensável.

Há alguns meses atrás ouvi uma frase muito interessante que muito me fez pensar. Dizia que 'aquilo que perseguimos define aquilo que somos'. Bom, isto fez-me pensar no que persigo, e porque o persigo. E se calhar fez-me pensar mais nesta segunda variante (o porquê) do que na primeira. Isto porque, honestamente, parece-me muito mais perigoso o 'porquê' do que o 'o quê'. Porque persigo isto, porque quero aquilo, porque desejo x ou y.

A vida é uma jornada. Acertamos umas vezes, erramos outras, metemos água ali, safamo-nos acolá. É uma aprendizagem. É importante o que fazemos, sem dúvida. Mas não deixa de ser importante o porquê de o fazermos (para mim até mais importante...).

Porquê? O que me motiva? Coloco-me perante esta questão quase todos os dias. Uma vezes fico tranquilo, outras fico assustado, mas este exercício lá me vai ajudando a manter a minha cabeça no sítio e o meu coração alinhado. Porque o porquê leva-me sempre de volta à casa de partida, ao meu momento de pequenez e percepção do carácter finito e limitado do ser humano. E nada como isso para percebermos, afinal de contas, porquê..........

Tuesday, April 15, 2008

Futuro...

É um tema delicado...

O nosso futuro preocupa-nos, desafia-nos, inquieta-nos, anima-nos, aterroriza-nos, encoraja-nos, controla-nos, impele-nos....

A realidade é que o nosso futuro provoca em nós reacções muito diversas...

Pouca coisa podemos dizer acerca do futuro...e a realidade é que não sabemos o que ele nos reserva. Mas também é real que o podemos influenciar, modificar e planear.

Tanta vez perdemos tempo a olhar para o que está atrás (quer seja bom ou mau...), tanto tempo desperdiçamos a pensar naquilo que já foi, tanto e tão precioso tempo dedicamos ao que já foi, mas que já não é e, muito menos, será...

O segredo talvez seja este (e bem simples que ele é...): olhar para aquilo que está adiante e não para o que já passou, seja óptimo, seja péssimo. Não ser baú de recordações nem poço de culpa. Não ser escravo do bem e do mal já feito, nem olhar fixamente para o que já foi.

O que está à frente, o que nos é 'proposto'. Olhos abertos às oportunidades de cada dia. Uma consciência de que valemos demais para ficarmos presos às coerências e incoerências de um passado mais ou menos recente. Demasiado valiosos para ficarmos 'lá atrás', demasiado importantes para sermos algo que já foi, demasiado únicos para não usar dons e qualidades apenas porque já antes foram usadas....

Afinal, o futuro ainda é o fruto da decisão e da acção do presente. Porquê hipotecá-lo quando é possível construí-lo?

Thursday, April 3, 2008

Onde quer que estejamos...a jornada continua...

E estou de volta depois desta pausa 'forçada' (e bem!) pelo Mais Que Música... Normalmente gosto de dedicar algum tempo a meditar e pensar depois de épocas de grande esforço e pressão como foram estas últimas semanas (ou meses...) e é isso que pretendo fazer nos próximos dias.

Nas alturas de grande desgaste tendo a direccionar os meus pensamentos nas coisas centrais, naquilo que, verdadeiramente, importa. A realidade é que a sobre ocupação da nossa vida diária pode ter como que um 'efeito de funil' na nossa mente. E que efeito é esse? Levar-nos a pensar apenas no essencial, sem que percamos tempo com o acessório. E para mim, essencial é apenas uma coisa: a centralidade de Cristo na nossa vida, a centralidade do seu sacrifício por nós, a centralidade da sua vida pela nossa. O restante é pouco mais que acessório...

É óbvio que a vida sempre será feita de momentos de grande tensão, por momentos de descompressão, por novos momentos de stress, e por aí fora...que saibamos perceber a jornada em que estamos e aprender com cada situação, com cada momento de tensão. Que saibamos refocar-nos no essencial. E que compreendamos que o significado de jornada tem tanto de aberto como de desafiante...a jornada não é a mais que a constante aprendizagem, que a constante apreensão daquilo que a vida nos vai trazendo, a forma como escolhemos moldar-nos ou não aos desafios que a nossa jornada nos vai propondo...

Um dia óptimo a todos....

Wednesday, March 5, 2008

Verdade: relativa ou absoluta?

O termo verdade encerra 2 lados distintos. O lado relativo (que nos diz que é verdade até que...) e o lado absoluto (que nos diz que será sempre verdade, mesmo que...).

Socialmente, o ser humano está cada vez mais inclinado para a primeira ideia, ou seja, a de que o que é verdade, é-o até prova em contrário, ou, às vezes, até suspeita em contrário. Esta relatividade marca, de forma forma cada vez mais profunda, a nova geração, quase toda ela baseada em pressupostos relativos, e à qual basta uma suspeita ou teoria para colocar em causa aquilo que consideramos 'verdade'.

A questão é o que consideramos relativo e o que consideramos absoluto. É uma questão difícil mas importante. Nem tudo é relativo, nem tudo é absoluto. Princípios e valores são absolutos (por exemplo), enquanto a forma deve ser sempre relativa (e por forma tomo a maneira de fazer, de actuar, por exemplo). Sempre haverá verdades relativas e verdades absolutas. Sempre haverá coisas que hoje são fantásticas e que amanhã não o serão mais. Também sempre haverão coisas que fazem tanto sentido há 5000 anos como fazem hoje. Distinguir umas de outras é o desafio. O que é relativo, o que é absoluto, até onde podemos ir, o que devemos deixar intocável?

Estamos a ser puxados para uma época (se é que já não vivemos totalmente nela) de relativismo acentuado, com todas as vantagens e desvantagens que isso nos traz. Pessoalmente, continuo a achar absoluto aquilo que Deus fez. Por isso Deus continua a fazer sentido. E, para mim, sempre continuará. Por isso continua a fazer sentido seguir princípios absolutos de vida que nos foi deixando ao longo dos tempos. Isso é absoluto.

Que a mensagem seja sempre uma verdade absoluta, e que a forma como fazemos chegar a mensagem o mais longe possível seja sempre relativa, para que continuemos sempre à procura da melhor maneira de fazer chegar Deus aos necessitados, aos desesperados, aos rejeitados, àqueles que não se sentem bem, àqueles que não acreditam em si mesmos, àqueles que, na realidade, mais d'Ele precisam.

Que Deus faça sentido na vida de cada um.

Monday, March 3, 2008

Ah, que beleza....

O meu velho amigo Ricardo Silvestre enviou-me há uns dias este mail, que rendeu umas belas gargalhadas. Apesar de não ser o meu caso (minhas caras colegas e colega, vocês são porreiros....), não pude deixar de partilhar esta oração convosco...

''Senhor, dá-me sabedoria para entender alguns colegas, porque se me dás força, parto-lhes a cara!!!''

Um bom dia a todos......


Thursday, February 7, 2008

Uma Lição Americana

Odiados por metade do mundo, inclusivamente nalguns sectores da Europa, os Estados Unidos, no meu entender, continuam a dar um sinal de vitalidade democrática, que vulgariza, e chega, até, a ridicularizar a democracia europeia. Creio que o que se passou em 2001, entre Bush e Al Gore, foi um acidente (que também é possível na política portuguesa...) de percurso, que não nos tem deixado ver a nós, europeus, algumas das virtudes democráticas dos 'polícias do mundo'.

Há pouco mais de um mês, John McCain, candidato republicano, era dado como morto politicamente, sem hipóteses de vitória aparentes. Hoje é o candidato republicano mais-que-anunciado. No início da campanha, e até há bem pouco tempo, Barack Obama não era mais que uma 'figura simpática' nesta corrida. Hoje, luta taco-a-taco, com a aquela que, há tempos, era a vencedora antecipada e anunciada dos democratas: a experiente Hillary Clinton.Seria isto possível em Portugal? Seriam estas reviravoltas prováveis no nosso país? Em Portugal aconteceu uma vez, no primeiro referendo ao aborto. Na História recente da Europa, lembro-me de um exemplo: Espanha, há sensivelmente quatro anos, onde Mariano Rajoy, ultra-favorito, perdeu à última hora para Zapatero, que seguia a mais de 10 pontos percentuais nas sondagens, embora aqui todo o 'mérito' tenha estado do lado da desastrosa gestão do 11 de Março por parte do PP Espanhol, e da forma cega como tentou culpabilizar a ETA num primeiro momento.

Enquanto os Estados Unidos vivem há décadas (desde Watergate, embora com alguns 'acidentes de percurso' pelo meio) numa estabilidade invejável, a Itália vai conhecer o seu enésimo governo dos últimos 10/15 anos, a Inglaterra viveu uma situação de sucessão quase monárquica (Gordon Brown limitou-se a tomar o poder dentro do seu próprio partido...), França sofre com os excessos pessoais do seu presidente, Alemanha vive num governo de bloco central para não se tornar ingovernável, etc, etc.

Para os mais distraídos com este 'circo' mediático, lembro que as verdadeiras eleições presidenciais norte-americanas decorrem, apenas, em Novembro deste ano, sendo que esta pré-campanha intra-partidária decorre há sensivelmente um ano. E é interessante verificar que, ao contrário do que acontece na Europa, em que as lutas são cada vez menos baseadas em diferenças de ideal, mas em diferenças de opinião (e, às vezes nem isso, o que é claramente o nosso caso...), na América assiste-se a uma batalha interessante de diferenças, de rupturas. Até nos Republicanos, no poder há 8 anos, a candidatura anunciada é de ruptura, porque McCain foi um dos maiores críticos internos a George W. Bush.

Para os anti-americanos primários, uma questão. Em algum país da Europa assistimos a um debate tão extenso, mas, ao mesmo tempo, tão eficaz, tão revelador das necessidades de um país, tão despertador das consciências? A meu ver, tal não acontece deste lado do Atlântico. Daí o grande interesse que estas corridas americanas despertam na Europa. Creio que isso também se explicará com alguma 'frustração'... Os americanos discutem intra-partidariamente, assumindo diferenças, mantendo uma pose de respeito mútuo (que se tem verificado imensamente nesta corrida), sem grandes ataques pessoais, sobrepondo-se, neste caso, aquilo que considero um excelente debate de ideias. Depois disso ainda há a tal discussão final, para a qual partimos já com meses e meses de discussão prévia. Para mim este debate de ideias acaba por ser uma espécie de expressão final da democracia. Com erros, com infelicidades, é certo. Mas muito superior à expressão de democracia europeia.

Muitos dirão que, sendo a democracia americana tão 'superior' à europeia, como são possíveis erros como o Iraque, a política ambiental, a política económica dos últimos anos, e por aí fora? São possíveis, é um facto, tal como na Europa. Mas isso não invalida que um sistema seja superior ao outro. Em Portugal as escolhas reduzem-se, sistematicamente, a dois candidatos, escolhidos por dois partidos (até aqui tudo bem) que de diferentes nada têm. Que discussão haverá entre duas pessoas, dois partidos iguais a tentarem parecer diferentes?

Olhemos de forma descomplexada para o exemplo norte-americano e aprendamos a discutir, verdadeiramente, o futuro do nosso país. Porque as diferenças e
a discussão das mesmas são as bases da democracia. E quando elas não existem...

Friday, February 1, 2008

E quando nem tudo vai bem???

Talvez como nenhum outro antes deste, este post terá como primeiro destinatário eu próprio...

Na realidade, é difícil aplicarmos muitas das coisas que afirmamos quando as coisas não correm bem connosco próprios. Como que, instintivamente, vamos começando a pensar que à medida que as vamos estudando e falando acerca delas ficamos como que imunes ao seu efeito. Isso não corresponde à verdade. A realidade é que é nestas situações (quando nem tudo vai bem...) que se apresentam os maiores desafios à nossa vida.

Ciclicamente, a nossa vida tem altos, baixos, fases calmas, fases turbulentas, fases exuberantes, fases discretas, fases boas, fases más. Isso é inegável. Como lidamos com as fases boas é importante (e se calhar tema para abordar no futuro...veremos...), mas hoje o meu pensamento está direccionado para as fases menos boas.

De que forma lidamos com elas? Qual a nossa atitude perante essas fases menos boas? O que as provoca? Será que estamos preparados para tomar decisões importantes, de choque, de ruptura, quando estamos no meio da tempestade (que é quando elas são mais necessárias, mas também mais dolorosas...)?

Não vou responder a muitas perguntas, mas parece-me que é indispensável uma dose de alguns ingredientes nesta 'panela'...

-Coragem - Tomar decisões em momentos difíceis e desconfortáveis necessita, acima de tudo, de grande dose de coragem...
-
Determinação - Nem tudo muda à primeira investida, à primeira tentativa. Muitas vezes o complicado é continuar a tentar, continuar à procura...
-
Persistência - Não desistir é difícil, mas também é a diferença entre uma vitória inesquecível e uma derrota dolorosa;
-Continuar a Olhar para os nossos objectivos - Numa maratona, o maratonista sofre. Mas o facto de olhar para o objectivo final, para o prémio, para aquilo que está à sua frente, é o ânimo para continuar a ultrapassar o sofrimento;


Tudo isto são pequenos contributos nos quais tento também eu pensar quando as coisas correm menos bem. É verdade, nem sempre, conseguimos ficar focados apenas neles, mas que eles nos ajudem a dar a volta a um momento menos bom. Porque afinal de contas...o melhor está para vir!

Monday, January 14, 2008

A Opinião e a Cultura

Bom, findo este período festivo (em que todos nós ganhámos um peso do qual nos tentaremos, muitas vezes em vão, livrar até ao próximo Verão...), e voltando a conseguir roubar uns minutos ao dia, eis que volto a postar. E queria 'inaugurar' (com pompa e circunstância, incluindo corte de fita e champanhe, hehe....) esta nova época de postagens (tal como a época futebolística...) com um conjunto de posts sobre algumas das coisas que mais me têm marcado ao longo destes últimos tempos.


Conrad Hilton, director da conhecida cadeia de hotéis Hilton disse um dia que ''O sucesso parece estar ligado à acção. Pessoas bem sucedidas mantêm-se activas. Elas cometem erros, mas não desistem''. Eis uma frase interessante e que merece que pensemos acerca dela. A mim, isto sugere-me algo simples. Acção é chave. Aquele que age, multiplica as suas possibilidades de sucesso. Não quer dizer que não falhe. Não quer dizer que não erre. Mas a realidade é que faz. E quem faz, tem sempre uma maior probabilidade de fazer bem do que quem não faz!

Creio que a tendência actual, de sobrevalorização da opinião e subvalorização da acção, deve ser invertida. Devemos dar mais valor a quem age do que a quem opina. Devemos dar mais 'tempo de antena' a quem faz, do que a quem critica. Isto quer dizer que a opinião não tem lugar? Não, nada disso...Apenas quer dizer que quem age tem um posicionamento diferente e, regra geral, melhor acerca das coisas.


Vejamos alguma coisa prática. O nosso carro, por exemplo. Imagine que o carro está a fazer um barulho estranho. Imagine que tem 2 amigos que são mecânicos, ambos competentes. Liga ao primeiro, explica o barulho. Este faz-lhe um diagnóstico do mesmo, segundo a sua explicação. Não podendo levar o carro ao primeiro mecânico, e sabendo que o 2º amigo tem a sua oficina perto da sua casa, decide levar lá o carro. Este vê, observa, mexe, dá uma volta com o carro para ouvir ele mesmo o barulho. Chega a uma conclusão. Diferente da do primeiro mecânico. Lembre-se que considera os 2 competentes (nunca teve razões de queixa...). Em que diagnóstico confia? No segundo. Porquê? Porque o segundo teve a acção e a experiência de ver, ele próprio, qual o problema do carro. O primeiro limitou-se a fazer um diagnóstico por fora, segundo os elementos que tinha. Quem age tem sempre mais dados do que quem apenas opina. Porquê? Porque está dentro da situação. Pode falhar? Com certeza. Mas as probabilidades de isso acontecer serão, certamente, menores.

Devemos lutar pela informação, pelo conhecimento, pela expressão da opinião. Mas não devemos sobrepor isso à acção. Porque se a opinião é o alarme da sociedade, a acção é o combustível da mesma. E todos sabemos que, sem alarme, avançamos. Sem combustível, não.