Sem portátil há já algumas semanas e com pouco tempo de internet por dia, confesso que gostaria de já ter comentado esta crise que vivemos. Mas como mais vale tarde (embora isto ainda vá dar pano para mangas...) que nunca, cá vai disto.
Estamos consumidos. Pela crise, pelas preocupações que ela causa no seio famílias, pela aparente ( e talvez real...) incapacidade do mundo política para lidar com ela e com as suas repercussões, pelo pânico que, volta e meia, se gera em quase todos os sectores. Difícil é um adjectivo que se torna curto para nomear os dias que as famílias (creio que especialmente estas) vivem. Às vezes, mais lancinante que a dor da crise actual, é a incerteza daquilo que o amanhã pode ou não trazer. Vivemos exactamente neste ponto. Sentem-se os efeitos da crise económica/financeira, mas mais grave que isso é a incerteza e a falta de confiança em relação aos tempos que aí vêm.
No meu entender, um ponto é certo. O mundo económico terminou tal como o conhecemos. Não sei quanto mais tempo demorará o Estado a compreender que tem de assumir o papel de regulação forte e implacável, único forma de fazer sobrepor o bom senso à crescente ganância dos mercados e investidores. Mas talvez o Estado futuro não tenha apenas este papel regulador. Talvez lhe esteja destinado um papel importante na prestação dos serviços sociais básicos (educação, saúde, segurança social), embora a tendência europeia seja a de passar estas responsabilidades para os privados. Talvez lhe esteja destinado o voltar a tomar conta daquilo que são serviçoes prioritários de serviço ao cidadão, voltando a compreender que há responsabilidades que o Estado não pode entregar a outros, mas que têm de ser interpretadas e executadas pelo próprio.
E não esquecer que há famílias que sofrem com dificuldades crecentes desde há 7/8 anos a esta parte. É preciso que não aconteça o mesmo que tem acontecido durante este tempo, ou seja, que sejam estes, novamente, a pagar o preço da crise. Porque senão corremos um grande risco. É que em vez de estarmos a caminhar para a convergência europeia, às vezes parece que caminhamos para o modelo social sul-americano. Pouca gente muito rica, muita gente muito pobre. E classe média? Um mito...pouco mais que um mito...
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
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