Este título é um facto indesmentível. Mesmo que nós, no meio do pó, no meio da confusão, no meio de todos os 'mortos e feridos' não tenhamos a capacidade de o perceber na hora. Já todos experimentámos fases de grande dificuldade, onde nada parece correr conforme o planeado, em que vemos coisas a desmoronar naquilo onde menos esperávamos, como diz a canção, épocas em que 'parece que o mundo inteiro se uniu para me tramar'.
Mas este título é mesmo verdade. As dificuldades moldam-nos. Fazem-nos crescer, fazem-nos enfrentar a vida de forma diferente e com uma outra perspectiva. Nunca mais me esqueço de uma manhã fria do último Inverno. Estava em grande dificuldade comigo mesmo, se é que posso usar esta expressão. Numa hora livre da faculdade (que acabou por se tornar numa manhã inteira...), guiei o carro até uma zona muito pouco movimentada de Lisboa. Estacionei-o, recostei-me no banco do condutor e abri a Bíblia, num impulso, sem nada pensado. Depois de ter percorrido 2 ou 3 das minhas passagens favoritas, achei vindo 'do nada', uma passsagem que me marcará até ao fim da minha vida. «Mas ele disse-me: a minha graça te basta, pois o meu poder aperfeiçoa-se na fraqueza». Confesso. Fiquei sem palavras. Naquele momento chorei compulsivamente. Nada se tinha alterado em relação à espiral de acontecimentos que teimava em empurrar-me para o fundo. Mas tinha compreendido o propósito. O poder que se aperfeiçoa quando estamos fracos. Tinha compreendido que a dificuldade é uma ferramenta para o nosso próprio bem e crescimento pessoal.
Até hoje recorro a este pensamento, a esta pequena frase, para me lembrar que a dificuldade pode ser uma via para o crescimento. É nela que posso que posso fazer investimentos que me levem a ser mais e melhor do que aquilo que sou hoje. E hoje sou assim, moldado pelas dificuldades. Não moldado nas convicções, nem na crença, mas sim moldado na experiência, no saber e na capacidade de lidar com aquilo para o qual não estamos preparados.
Sei que este é um momento difícil. Basta ligar a televisão e 'apreciar' as notícias. Mas ficar a pensar numa esperança sebastianista que chegue por entre o nevoeiro é o suicídio. A crise está aí e quem quiser aprender é só olhar para ela. A experiência que este beco sem saída social em que nos metemos nos garante é a nossa maior ajuda. Saibamos nós retirar daí os devidos frutos...
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
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