Bom, nada como tratar de um problema sério recorrendo ao humor. O Procurador-Geral da República, o Dr. Pinto Monteiro ia-se tramando um destes dias à conta desta lógica, mas mesmo assim continuo a acreditar que vale a pena.
Antes de mais convém dizer que Portugal, no meu entender, é um paraíso para os comediantes. Matéria prima não falta, disparates são mais que muitos, a risada, só de olhar para o dia a dia do nosso querido país, é garantida e vale bem a pena. Percebe-se o esforço dos políticos, dirigentes, titulares de cargos públicos, gestores de empresas. Percebe-se a sua preocupação em produzir humor. Afinal, a coisa é tão séria que só mesmo na base do ridículo é que vamos continuando a lidar com esta e aquela situação.
Só ontem vi duas ou três coisas com as quais me fartei de rir. A trapalhada do Ministro Manuel Pinho, cujo antigo (ou ainda actual, confesso que acabei por não perceber) procurador foi nomeado agora para a Autoridade da Concorrência, isto depois de ter comprado ao BES, no tempo que Pinho era administrador deste banco, uma parcela de um edifício para o futuro ministro, coisa profundamente ilegal, já que os administradores de bancos estão proibidos de fazer negócios com os bancos que administram. Uma confusão que custa a desatar. Mas o Ministro diz que não vai ao Parlamento, nem vai falar mais acerca do assunto (como se já tivesse falado alguma coisa). Como se não bastasse, o Primeiro-Ministro diz que ouviu a notícia e que não ouviu nada de extraordinário ou fora dos parâmetros. Qual terá sido a parte do ilegal que não foi percebida pelo nosso Primeiro? (desculpem a contundência, mas estas coisas irritam-me profundamente) Se calhar foi por isso que ele fumou naquele célebre voo da TAP...
Outra. Soubemos ontem que as alegações finais do processo Casa Pia serão, mais que provavelmente, mais uma vez adiadas. Mas a juíza ficou de tal forma perturbada com umas declarações claramente 'brincalhonas' do Procurador-Geral, que perguntava se as alegações iam ser nesse tal dia, mas do ano 2010 ou 2011. A muito perturbada Senhora Dona Juíza mandou informar o quão perturbada estava com o tipo de comentários proferidos, ao mesmo tempo que se levantava novamente a mais que provável hipótese de novo adiamento. Isto de facto tem que se lhe diga...
Outra. Hoje vi o senhor Primeiro a entegar mais não-se-quantos Magalhães a uma 'catrefada' de alunos. Já alguns dias antes, tínhamos visto alguns alunos a entregar uns Damasovos (eu sei que também dava um belo nome de um portátil de produção nacional, mas trata-se de uma marca de ovos, por sinal a única de que me lembrei agora...) à Senhora Dona Ministra. Esta reciprocidade tem tanto de belo como de emocionante. Quase tão emocionante como a maneira como se tenta, à força, impingir uma reforma contra a qual estão pais, alunos, professores, sindicatos e sociedade em geral. Em suma, é a Sra.D. Maria de Lurdes Rodrigues e o seu gabinete contra o Resto do Mundo. Que belo!
E para terminar a risada ocorre-me agora um episódio nobre e de beleza inequívoca. Não julgavam que me ia esquecer do episódio da bandeira, da segurança privada e da Assembleia Regional encerrada, pois não? Claro que não me esqueci (embora só Deus saiba como o desejava esquecer rapidamente...). Vou limitar-me a narrar os factos. E digam-me se não parece saidinho de um episódio dos Simpsons... Então um deputado da Assembleia Regional da Madeira decide desfraldar uma bandeira nazi em plena hemiciclo (que ideia peregrina...). Em resposta, a sessão é interrompida. No dia seguinte, uma equipa de guardas de uma empresa de segurança privada impede o mesmo deputado de entrar nas instalações da Assembleia, isto depois de o PSD, sozinho, ter aprovado a suspensão de mandato do dito senhor (que confusão, já nem eu próprio entendo o que estou a escrever...). Após isto, todos os restantes partidos deixam a sala, deixando o PSD sozinho (ui,que diferença que isso fez...). Em resposta, o Presidente da AR Madeira decide suspender de vez os trabalhos da Assembleia enquanto decorrer o processo-crime contra o deputado do PND (à velocidade que decorrem os processos neste país, arricavamo-nos a não ter Assembleia Regional ate 2012..e daí talvez não fosse má ideia...). Enfim, parece que ontem lá retomaram os trabalhos (aviso: a palavra trabalhos aqui deve ser encarada enquanto forma de expressão, não devendo ser levada à letra) e deixaram entrar o tal deputado. Mas ainda não acabou. Parece que o tal deputado se recusou a entrar porque, e citando, o queriam fazer entrar 'pela porta do cavalo'. Hã?!?!?!? Mas a ideia não era entrar na Assembleia? Que raio de diferença faz a porta por onde se entra? Não é lá dentro que acontecem as (ah, como é que se diz? Ah, já sei...) coisas? Bom, amanhã devem haver grandes desenvolvimentos, portanto vejam se não perdem os Telejornais e Jornais da Noite...
É ou não é engraçado? Desconfio que não há outro país com tanta e tão boa produção humorística em todo o mundo. E depois venham dizer que não estamos na vanguarda.
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
0 comentários:
Post a Comment