Foi ontem a tomada de posse de Barack Obama como 44º Presidente dos EUA. Poucas vezes terá havido o sentimento de euforia à escala mundial que se sentiu no dia de ontem. Já tive a oportunidade de o dizer uma vez e volto a repeti-lo: cuidado, as altíssimas expectativas que se colocam em Obama podem sair frustradas logo que este precisar de tomar algumas medidas um pouco mais 'chatas', digamos. Só espero que esta euforia não o deixe refém do próprio povo, que tantas vezes provou que não pode 'liderar' directamente um país, mas apenas escolher quem crê estar mais capaz de o fazer.
Grandes desafios se apresentam a Obama. Na diplomacia internacional, as questões do Médio Oriente, o lidar com a crise nuclear iraniana e norte-coreana (esta, no meu entender, mais grave e perigosa) e a recuperação da débil imagem norte-americana no exterior são os grandes desafios. Lidar com Hillary Clinton também poderá ser um problema, mas prefiro, honestamente, esperar para ver o que poderá esta equipa dar...
Na óptica da defesa, apresentam-se alguns desafios também eles de grau de dificuldade elevado. Retirada do Iraque, a situação afegã, ou o enfraquecimento da Al-Qaeda, são aspectos de importância extrema. Há que retirar ponderada e calmamente do Iraque, para que este não se torne um 'campo minado', há que perceber a opção 'Afeganistão' de Obama e há que enfraquecer Bin Laden e seus camaradas, sob pena de a história vir dar razão a Bush (e que grande golpe isso seria...).
Internamente, a questão do sistema nacional de saúde poderá ser o mais difícil obstáculo, dada a pressão que a Admnistração sofrerá dos lobbys dos grandes grupos privados americanos que operam na área. Não deixa de ser estranho que nós, na Europa, andemos a ver como passar a saúde para os privados, enquanto na América eles tentam inverter o processo...dá que pensar... Mas além da saúde temos a tão badalada questão da crise económica mundial. Nada facéis se avizinham estes primeiros meses para Obama...
Vamos ver o que Obama poderá vir a representar para o mundo. Mas aconselho o resto do mundo, especialmente os europeus, a deixarem de olhar para Obama como o 'Salvador'. Poderá ser um bom político, um óptimo Presidente, até pode entrar para a História por outras razões que não apenas ser o primeiro Presidente negro da História dos EUA. Mas acho que já somos demasiado crescidinhos (por alguma razão nos chamam 'o Velho Continente') para acreditar em contos de fadas...
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
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