Só há uma cruz. Aquela que O levou até ao topo do monte, onde veio a morrer só porque eu quis. Aquela que foi carregada sem ajuda, sem brilho, sem glamour. Aquela que viu sangue, água, vinagre, injúrias, dor, morte. Aquela que se tornou o símbolo de uns tantos para a perdição de muitos.
Só há uma cruz. A que ainda não foi, nem é, nem será totalmente compreendida por nós. A que nós ainda não vimos, a que nós ainda não alcançámos na totalidade. A que pensamos ser o pior momento, a que pensamos ser a vergonha das vergonhas.
Só há uma cruz. Uma que não significa pregos e madeira. Uma onde não se ouve o barulho dos martelos a baterem no madeiro. Uma de onde não jorra morte, ou ódio, ou infâmia, ou culpa, ou maldição. Uma onde tudo o que fazia sentido deixou de fazer. Uma que usou as coisas estranhas para enganar as óbvias. Uma que veio baralhar as contas do senhores que ‘tudo’ sabiam.
Só há uma cruz. Não, não é a das mãos e pés pregados. Não, não é a da carinha infeliz e mísera de um corpo frágil e sem cor. Não, não é a do sofrimento, dor e súplica. Não, não é a do desafio do ‘salva-te a ti mesmo’. Não, não é da repetição exaustiva disto ou daquilo. Não, não é, definitivamente, a cruz da morte.
Só há uma cruz. A do sangue que escorre vitoriosamente. A da dor redentora, do amor encarnado e vivido. A da pedra removida, do lugar vazio, da surpresa, do impensável. A da misericórdia de um ser que, sendo forte, poderoso, se fez fraco, se tornou como um dos tais que o desprezaram, e por eles mesmo decidiu carregar peso e mais peso.
Só há uma cruz. Aquela de onde vejo todo o mundo. Aquela de onde se vê o lado direito do Grande. Aquela onde a Humanidade decidiu firmar estacas. Aquela que não mostra um ser morto, mas alguém vivo. Aquela onde quem quiser pode beber, e fazê-lo de graça.
É essa a cruz que eu conheço. Conheces outra?
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
2 comentários:
Muito bom!!!
Muito bom!!!
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