Ninguém me tira da cabeça que o homem não é um ser democrático. O que torna ainda mais espantoso como é que a democracia conseguiu evoluir (pelo menos no Ocidente) até aquilo que hoje é. Mas o ser humano não é democrático. Isso vê-se pelo seu comportamento, e acima de tudo, pela fraca qualidade que evidencia na hora de aceitar as opiniões divergentes da nossa.
O fundamentalismo é associdado quase que em regime de exclusividade aos muçulmanos extremistas. E isso é tudo menos verdadeiro. Tenho-me dedicado a observar debates, entrevistas, intervenções e um sem número de outros derivados destas, e tenho, invariavelmente, chegado à mesma conclusão: democratas? Só quando é para pôr a cruzinha no boletim…
Hoje de manhã, de forma casual, ouvi o presidente da Opus Gay em entrevista na SIC Notícias. Não concordando com a generalidade dos pontos de vista que defendem, sempre primo por tentar perceber (embora confesse que nem sempre consigo) os pontos de vista em questão. Foi com surpresa e desagrado que ouvi da boca deste senhor, António Serzedelo de seu nome, a destilar disparates odiosos contra tudo o que é contra a legalização dos casamentos entre homossexuais, dizendo que a recolha das 90 mil assinaturas que hoje foi apresentada no Parlamento tinha sido obra de ‘párocos que haviam incentivado os fiéis a assinarem no final das homílias’(uau, grande problema...) e que ‘até os evangelistas tinham feito publicidade a esse facto numa conferência no Algarve’ (nem eu, que estive nessa tal conferência de evangelistas, sabia que a conferência tinha sido assim tão importante para a Opus Gay…). Deixando de lado a ignorância da expressão ‘evangelistas’ (como diria Ricardo Araújo Pereira, já que é para injuriar, ao menos que o façam acertadamente…), espantou-me o tom do discurso e a dureza arrogante do mesmo. Eu sou o primeiro a afirmar que os homossexuais foram, ao longo dos tempos, perseguidos e alvos de injustiças sociais gigantescas. Mas isto só vem confirmar os meus receios: o ser humano só suspira pela democracia quando está na mó de baixo, quando aparece como ‘parte dominante’ rapidamente se esquece dessa mesma democracia.
É deste fundamentalismo que falo e contra o qual me pronuncio. Então de que vale a nosso opinião? É certo que a arma da opinião tem sido mal usada n vezes, por gente que não percebe que a opinião vale a pena quando é para agir. Costumo dizer que não precisamos de alguém que aponte os problemas, porque esses já conhecemos. Precisamos é de quem trabalhe nas soluções. Mas a má utilização da opinião não justifica isto. Será que a minha opinião vale menos ou mais que a de alguém? Será que o meu ponto de visto é melhor ou pior do que um qualquer outro? Será que podemos passar a vida a julgar as pessoas, tendência particularmente óbvia quando os julgados deixam a sua posição e passam a julgadores? Será? Então de que democracia somos nós apoiantes? Slazar, Hitler e Mussolini também se diziam democratas. Em Portugal haviam eleições, com o ‘pequeno’ pormenor de ganahr sempre o mesmo. Hitler ganhou o poder democraticamente, mas no que toca a democracia, ficámos por aí. Porque a grande conquista da democracia não foi a cruz no boletim. A grande conquista da democracia é que eu gtenho direito a ter a minha visão, a minha opinião, e tenho direito a fazer algo por isso. Na democracia, a única coisa que não se deveria admitir é a superioridade de julgamento de pensamento ou de opinião. E eu ainda hei-de ver isso a acontecer…
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
1 comentários:
Ouvimos falar de Orgulho Gay, mas não de Humildade Gay... curioso.
Depois, considero o mundo actual como promotor de uma tolerância intolerante. Ou seja, sou tolerante contigo desde que o que defendes não me ponha em causa pessoalmente.
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