Este Blog...

É fruto da maneira como vejo o mundo. Aceitam-se discordâncias e divergências, sempre dentro de uma lógica de boas maneiras, claro!

Sejam bem-vindos!

Monday, August 31, 2009

Momentos de Decisão

Existem momentos na nossa vida em que a pressão aumenta, o coração bate mais depressa, em que a adrenalina sobe até quase fazer disparar o coração. São normalmente momentos em que percebemos que algo está em jogo, momentos que percebemos que podem ser decisivos e que podem influenciar o nosso rumo daí por diante. É interessante ver como mudamos perante a possibilidade iminente de momentos de decisão, como a nossa atenção se redobra, como, de repente, nos tornamos atentos a todos os pormenores, todas as possibilidades, todas as potenciais movimentações.

Mas o que é feito dos outros momentos? O que é feito da esmagadora maioria dos momentos em que, à partida, não somos obrigados a atenção redobrada ou a um cérebro em permanente estado de alerta. São aquilo a que chamamos os ‘dias normais’, aqueles em que não temos nenhuma apresentação no trabalho ou na faculdade, aqueles em que não temos nenhum exame ou avaliação. Reparemos no exemplo dos atletas de alta competição. Eles não aparecem apenas nos dias dos Olímpicos ou dos Mundiais. Antes disso há toda uma preparação que lhes permite chegar aos momentos decisivos com todas as suas capacidades no topo, capazes de dar o melhor de si. De uma maneira simples, podemos dizer que a preparação de um atleta de alta competição tem dois momentos dstintos. Um primeiro momento, anterior ao sucesso, em que o atleta é preparado para melhorar os seus índices físicos gerais. Ao mesmo tempo, a sua exposição a um trabalho intenso e difícil de suportar molda a sua personalidade e capacidade de sofrimento. Num segundo momento, o atleta prepara-se especificamente para a sua disciplina, especialmente se falarmos de uma disciplina técnica. Ou seja, um saltador não treina apenas o salto em si, treina todos os aspectos relacionados com cada momento do salto, desde a velocidade, passando pelo acto da chamada, e terminando na maneira como ‘aterra’ na caixa de areia. Mas o verdadeiro momento decisivo não é quando se apresenta num Campeonato do Mundo ou nuns Jogos Olímpicos. O momento decisivo deu-se no primeiro dia de treino, quando decidiu que se iria esforçar e trabalhar para chegar a um determinado nível. Mais, os momentos decisivos foram todos aqueles em que decidiu ir correr em vez de ir beber uns copos com uns amigos (bem mais apelativo, não é?), ou todos aqueles em que decidiu ir saltar para a caixa de areia, em vez de ir ver o jogo de futebol, ou até todos aqueles momentos em que ficou horas a fio a melhorar a sua técnica de salto, em vez de ficar em casa, deitado a ver televisão.

Todos nós temos dons, e isso é um facto. Mas ainda não conheci nenhum dom que se desenvolvesse enquanto estamos sentados no sofá a beber cerveja, a comer tremoços e a ver televisão. O momento em que decidirmos deixar de viver por essa bitola, saindo da nossa zona de conforto, esse será o momento de decisão da nossa vida.

Wednesday, August 26, 2009

Esta coisa chamada Portugal

'Ora pois que aqui andamos.' Podia ser esta a frase que melhor definiria o actual momento do nosso país. Mas não. Com eleições à porta, a Silly Season a rebentar, parece que anda tudo esquizofrénico. Daí que a frase deveria ser algo como 'ora pois que aqui sobrevivemos, sabe Deus como.'

Escutas na Casa da Presidência, recusas de debates, barulheira infernal a ocupar os telejornais das 20h às 21h, ininterruptamente. É esta a agenda política do país. E ainda nos vamos espantando com as incongruências deste pedaço de terra. Isto tudo porque amanhã vai faltar um mês para eleições legislativas. Portanto, se isto foi até aqui, imaginem como serão os próximos 30 dias. Alguém me traga um copinho de água com açucar, estou a desmaiar...

'Ora pois que aqui andamos', contentes e felizes, felizes com a relativamente aceitável mediocridade em que nos temos transformado. Apre (bela expressão)! Já fomos grandes e capazes, porque não o podemos ser agora? Porque temos de nos contentar com esta madronha, com esta lenga-lenga que é a tentativa de sacudir a água do capote. O povo diz que é o governo, o governo diz que é o povo. Ficamos onde?

Tudo isto porque vêm aí eleições, e ou muito me engano, ou ficamos todos na mesma. Mas não porque vai ganhar x ou y. Apenas porque o povo é o mesmo, e os políticos também. Logo...

Monday, August 24, 2009

Num dia assim...

Num dia assim, em que a moleza decide aparecer sem pedir licença e instalar-se em todos os músculos do corpo, tornando o nosso próprio peso quase insustentável e insuportável, como se tivéssemos engordado 20 ou 30 quilos numa só noite. Num dia assim, em que o tempo se revelou híbrido, desgraçadamente virado do avesso e esquizofrénico, fazendo o que bem lhe apetece, sem tomar consciência dos prejuízos que causa em milhares de pessoas que precisam de e querem trabalhar. Num dia assim, em que ninguém sabe dizer com certeza o que vai na alma, porque, afinal, não são só os músculos que estão pesados, a cabeça também e as emoções ainda mais. Ninguém sabe porquê, até porque nada de especial se passou naquilo que, em teoria, seria apenas 'mais um dia'. Num dia assim, em que a palavra criatividade se tornou uma miragem distante e longíqua, em que a palavra produtividade é tabu e vergonha pessoal e nacional, em que a infame palavra preguiça reina sem dó nem piedade, num regime absoluto e tirano. Num dia assim em que escrevo o que me apetece, mas onde tenho de conviver com as cãibras das pontas dos dedos, porque a preguiça enviou emissários a esta zona do corpo também, para se certificarem diligentemente de que nada é feito. Será que há alguma coisa a fazer num dia assim?

Num dia assim talvez não dê para muito. Dá para usar os sentimentos em que a preguiça não interfere. Assim, as mãos, os pés e cabeça não vão longe, mas o meu amor por aqueles que me rodeiam pode perfeitamente rebentar com a escala. Porque a produtivdade não está apenas nas mãos e no cérebro. Afinal, também podemos ser produtivos com o coração. E hoje decidi fazer do meu um lugar produtivo.

Tenham uma grande semana.

Thursday, August 20, 2009

O Governo...sempre o Governo...

É automático. O 'Governo' (e vou colocar entre aspas porque não se refere a nenhum em especial, mas a todos em geral) consegue ser a resposta para todos os males deste mundo e do próximo. A culpa da saúde estar como está é do 'Governo'. A culpa da justiça estar como está é do 'Governo'. A culpa da criminalidade e falta de segurança é do 'Governo'. A culpa do Benfica não ser campeão é do 'Governo'. A culpa do Nélson Évora não ter conseguido o ouro no Triplo Salto é do 'Governo'. Já cansa e chateia. O Governo, ou os sucessivos governos, têm culpa (à excepção destes últimos dois...e mesmo assim...), como é óbvio. Mas serão eles os únicos e até os principais culpados? Receio que não.

Infelizmente, 'a culpa é do governo' é uma frase que indicia aquilo que nós, portugueses, somos. Coloca à mostra a facilidade com que não assumimos a responsabilidade que todos temos. Na saúde há milhares de médicos a quem deixam ser uma espécie de híbridos, fazendo uns trabalhinhos no público enquanto encaixam uma fortuna no privado. Na justiça, os juízes 'estremunham' porque lhes tiram 15 dias de férias. Tudo bem , caso os trinunais não estivessem 2 meses encerrados para férias! Será que a culpa é só do governo, ou será que há muita responsabilidade nossa que anda para aí perdida no ar?

Não nos damos conta, mas grande parte dos nossos problemas vêem da nossa própria condição de povo. Já ouvi dizer que o Governo não é mais do que o reflexo do povo que o escolhe. E é verdade. Nós, o povo, por exemplo, somos muito lestos a reclamar os nossos direitos, mas muito lentos a cumprir com os nossos deveres. É por isso que continuamos na cauda da produtividade. Continuamos a ser um país onde o chico-espertismo é assinalado com um 'aquele gajo é que é esperto. Se eu pudesse fazia o mesmo.' Continuamos a ser um país em que o vizinho não denuncia a tareia que o marido da vizinha lhe deu, porque 'não quer arranjar problemas na vizinhança.' Continuamos a ser um país onde a vigarice é um posto de estatuto elevado. Será isto concebível?

É sempre o governo. Tem as costas muito largas o senhor governo. Terá as suas culpas e não morrerá sem a consciência pesada aqui e ali. Mas também concordemos numa coisa: somos um povo tramado para governar. e enquanto assim for, até Obamas para aqui poderiam vir que pouco haveria a fazer.

O que vale é que está nas nossas mãos mudar isso.

Wednesday, August 19, 2009

Vou falar de bola para outro sítio...

A partir de hoje decidi que este blog é demasiado sério para falar de futebol...mas não pensem que as minahs opiniões credíveis sobre o mundo futebolístico vão ficar sem tribuna. Nem pensar nisso. É por isso que decidi criar outro blog, este só para falar de futebol e afins (sim, porque muito do que se passa no futebol por cá, pouco ou nada tem a ver com futebol...).

Por isso, e a partir de hoje, abro solene e oficialmente o novo blog leidabola.blogspot.com, onde explanarei toda a minha sapiência acerca deste tema central da sociedade portuguesa...

Faz favor de visitar e escrever injúrias (afinal é ou não é um blog sobre futebol?)...

Ao mesmo tempo devolve-se alguma credibilidade a este espaço...já estava na hora...

Thursday, August 13, 2009

Falemos de Futebol...

Está quase a começar a época desportiva a sério. Euforias e encontros particulares à parte (à excepção de Porto e Sporting), agora tudo começa a doer, as vitórias valem 3 pontos e as derrotas valem 3 pontos de atraso. Agora, terminam os estados de graça e começam os lenços brancos, terminam as desconfianças e começam as chicotadas psicológicas, terminam as declarações de intenções e começa a verdadeira luta.

É interessante o fenómeno da 'bola' neste país. Talvez não seja só neste país, mas centremo-nos só por cá. Já sabemos que o Porto é a máquina do costume, trucida tudo o que mexe, com mais ou menos mérito. Já sabemos que o Sporting está mais interessado em sanear as finanças que parecem estar cada vez pior e colocar jogadores das escolas no mercado. Já sabemos também que o Benfica, pela 19ª temporada consecutiva, venceu o campeonato de pré-temporada, com milhares de pessoas nos jogos, milhares de pessoas nos treinos e milhares de pessoas com a ilusão do famoso' este ano é que é'. Depois temos mais 13 equipas que vão lutar por alcançarem protagonismo efémero (travando um dos grandes) ou mais constante (fazendo um campeonato na linha da frente). É um pouco o reflexo da nossa sociedade. Os grandes muito grandes e que absorvem quase tudo, os pequenos muito modestos, que a pouco mais aspiram que à efémera glória do 4º lugar.

Vou arriscar e deixar algumas tentativas de predizer o que vai acontecer. Não, não vou dizer quem ganha (é desnecessário, não é? Faço parte dos 6 milhões de iludidos, eheheheh...), mas vou aqui lançar alguns nomes e tentar prever quem se vai destacar positiva e negativamente. No fim do ano estou eu e estão vocês para ver se acertei ou não. Atenção! Isto é um mero exercício de análise, não pensem que andei a ver futuros em borras de café....eheheheh...

Jorge Jesus - Vai fazer um belo campeonato, mesmo que não o ganhe. Cumpre certamente o segundo ano de contrato.

Jesualdo Ferreira - Campeonato mais difícil do que o ano passado, mas sempre lá em cima. Mantém-se no comando da equipa.

Paulo Bento - Ano muito difícil para o senhor do risco ao meio. Cheira-me que vai andar a apagar fogos no balneário durante todo o ano. Dificilmente chegará ao fim, sem ser por teimosia da direcção...

Nacional da Madeira - Novamente a surpresa da temporada, com excelente caminhada e lugar europeu.

Braga - Uma desilusão, provavelmente sem qualificação europeia. Dificilmente Domingos ficará até ao fim...

Olhanense - Outra surpresa, com um campeonato tranquilo, a 'morder' os grandes nos jogos contra eles.

Vitória de Guimarães - Boa temporada, com lugar europeu, mas longe dos grandes. Vai praticar um bom futebol.

Rio Ave - Boa temporada, tranquila e perto da Europa...

Naval - Época difícil, sempre lá por baixo, talvez até para a descida...a rever.

Miguel Veloso - Apesar de apostar na má época do Sporting, Veloso vai fazer boa época. Um dos poucos que se salva, juntamente com Moutinho.

Cardozo e Saviola - Vai haver molho nas defesas que joguem contra o Benfas...Cardozo melhor marcador e Saviola a regressar à selecção argentina.

Hulk - Vai continuar a partir loiça...

Moutinho - Vai perder-se nos equívocos tácticos de Paulo Bento, apesar de conseguir sempre dar a volta por cima. No final da época vai querer mudar de ares...

Raúl Meireles - Enorme figura do Porto, a equipa vai girar à volta do seu espírito guerreiro. Passa a capitão no fim da época, quando Bruno Alves sair.

Falcão - Vai ser um dos flops da época. Vai jogar pouco e marcar ainda menos. Os benfiquistas vão agradecer ao Porto ter 'desviado' este jogador.

Yebda - Vai ficar nas boxes o ano inteiro, e sempre que entrar, vai meter 'o pé na argola'...sai no fim da tempoarada, ou até na reabertura do mercado...


Não sei porquê mas sinto-me bem a fazer isto...eheheheh...agora só espero não me enganar muito!

No fim da época conversamos....

P.S. - Prometo solenemente que o próximo post não terá referências a futebol... ehehehehehehe

Wednesday, August 5, 2009

Agora também na 'Radiosfera'!

Estreou no passado Sábado o meu programa semanal de crónicas na Rádio UCB Portugal (que podem ouvir através do site ucbportugal.pt), ao qual decidi dar o nome sugestivo '3 Minutos'.

É um programa em que utilizarei muitas das coisas de que falo aqui no blog, e vice-versa, embora sempre com aquela magia radiofónica que os blogs ignoram.

Já sabem, todos os Sábados, às 10h20 e às 20h20, faz favor de colar esses ouvidinhos às colunas do PC e ouvir aqui as opiniões do Professor Marcelo da UCB, ok?

Tenham um excelente dia!

O milagre das 9 e tal da noite...

Eram perto de 21h30...estava sentado no meu sofá ultra-confortável, ao telefone e a tentar manter uma conversa. Enervei-me, não com o meu interlocutor, mas com aquilo que estava a ver. Todos sabem do meu benfiquismo, mas 'aquele' Sporting enervou-me profundamente. Que raio, afinal sou português e chateia-me ver uma equipa portuguesa, nem que seja de corfebol, a levar da maneira que o Sporting ontem estava a levar. A querida esposa estava na cozinha a aquecer o jantar (eu sei que era tarde, mas lá em casa somos como os espanhõis e jantamos à hora da ceia...), enquanto eu gritava da sala frases como 'epá, estes gajos não estão a jogar nada' ou o também clássico 'epá, se era para isto, era preferível não estarem lá!' Nisto, último minuto, canto do lado direito, um guarda-redes meio atabalhoado a tentar cabecear uma bola, mas apenas a conseguir atrapalhar um defesa, confusão desgraçada e...GOLO! Eu não sei porque sou benfiquista, mas creio que está na hora de os sportinguistas erguerem um altar de sacrifíos entre Enschede e Alkmaar...

Bem, mas por incrível que pareça, não vim falar de futebol. Venho, isso sim, falar de duas atitudes distintas perante a vida. Utilizo o jogo de ontem como mero exemplo. Quantas vezes mais acontecerá aquilo que aconteceu ontem à noite? Quantas vezes mais cairá qualquer coisa do céu, livrando-nos da derrota mais que certa? Quantas vezes mais seremos salvos mesmo no segundinho antes do apito final?

Parece estranho, mas a maior parte de nós acaba por viver como o Sporting ontem. Não estamos inspirados, não estamos com grande vontade de estar ali, preferíamos estar no Liverpool ou no Real Madrid ou até no clube da esquina. Se trabalhamos na empresa x, preferiamos trabalhar na y. Se trabalhamos na y, preferiamos trabalhar na x. Falta-nos diariamente a atitude de guerreiros, porque afinal, a vida é 1% de inspiração e 99% de transpiração. É um facto que muitas vezes seremos salvos à beira do apito final, mas quantas vezes isso acontecerá?

É altura de trabalharmos de forma mais afincada nos treinos, de levarmos uma vida mais 'profissional', porque nem sempre acontecem os milagres das 9 e tal da noite. É por isso que é preferível darmos tudo desde o primeiro minuto de jogo, independentemente do campo em que jogamos. A alternativa é vivermos de milagre em milagre, sob pena de ele, um dia, não aparecer. E aí, poderá ser tarde mais...