Cá está um daqueles casos que nos faz sentir pequeninos, pequeninos, pequeninos. A história de Eluana, uma italiana de 37 anos de idade e há 17 em coma devido a um acidente de viação deixa-nos assim. É uma das histórias que me faz pensar na questão da eutanásia e/ou da morte medicamente assistida. Percebo o que deva custar a uma família qualquer uma das decisões: manter viva uma pessoa que desde há 17 não é mais que um vegetal ou terminar com o sofrimento mútuo e provocar a sua morte. Não deixo de pensar nisto como uma questão complexa, bem mais profunda do que o simples 'não temos direito de matar ninguém'.
Compreendo o sofrimento da família, embora não o possa 'medir'. Não compreendo o sofrimento da Eluana, como é óbvio. Será que ela sente o que se passa à sua volta? Será que ela tem noção do que se passou ao longo destes 17 anos? Tudo isto são questões de profundidade assinalável e para as quais a ciência, mesmo que aqui e ali vá conseguido responder parcialmente, não dá respostas definitivas ou claras. Eu acredito piamente que não temos direito a terminar com a vida de ninguém. Mas estes casos são demasiados difíceis para serem encarados com esta argumentação. São casos que ultrapassam a equação vida/morte, extravasando para uma equação muito mais complexa e de difícil resolução.
É óbvio que, enquanto cristão convicto, creio na vida e na capacidade que Deus tem de fazer renascer/ressurgir qualquer um, mesmo nas mais difíceis condições. Mas este é um daqueles casos em que quase somos convidados a pensar com o intelecto e não com a fé. A minha fé diz-me que nunca se 'mata' ninguém. A minha razão diz-me para se dar a 'oportunidade' de te uma morte condigna a alguém. Difícil equação...muito difícil. Não venho aqui, ao contrário do que costumo fazer, dar a minha opinião em relação a esta questão. Deixem-me também adiantar que se falássemos de alguém consciente (como já aconteceu noutras ocasiões) nem sequer no racional apoiaria. Mas nestes casos muita coisa é diferente. Até interiormente sinto o dilema. Imagino pelo que passa aquela família há 17 anos. Ou se calhar tento fazê-lo, sem sucesso. Mais uma vez, razão para um lado, fé para o outro...
Como cristão vejo a fé como o ponto mais importante da nossa vida. Por ela somos salvos e justificados. Aquele que crê jamais será rejeitado ou lançado fora. Por isso, que se sobreponha a fé à razão. Mas não o consigo fazer sem que haja esta luta interior...
A injustiça da parábola do filho pródigo
13 years ago
1 comentários:
Nunca algo me pareceu tão eu a escrever. A pensar. A questionar e a sentir. Sábias inquietações. Também as tive e nasceu uma das crónicas que de certo conheces bem em "Mafaldisses". Independentemente de tudo há uma coisa que isto a todos devia ensinar: que temos de valorizar até ao mais infimo segundo a oportunidade que Deus nos dá em manter-nos vivos nesta vida e conscientes com a liberdade que possuimos.
O abraço continua em suspenso até 6f;) Beijinhos Mafi
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