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Friday, March 6, 2009

Os partidos pequenos e a descredibilização dos gigantes


A imagem à direita mostra a tendência mais recente das sondagens no nosso país: a constante queda dos 'gigantes' PS e PSD e a subida acentuada dos pequenos partidos: Bloco, PCP e CDS (a quem já alguns 'entendidos' fizeram o funeral uma dúzia de vezes, mas que lá se vai mantendo nas contas...). Tendência estranha num país que, desde a consolidação da democracia, se habituou a ver no PS e no PSD as grandes forças políticas nacionais, enquanto todos os 'outros' eram relegados para uma posição de segundo plano. Mas o que motiva esta viragem para os pequenos? Porque é que, de um momento para o outro, os portugueses parecem ver alternativa nos partidos que, até agora, não eram de poder?

Nos últimos 10/15 anos, os grandes partidos centralizaram mais que nunca as suas estratégias na pessoa do líder. Quero o PS, quer o PSD passaram a ter a sua estratégia assente no próprio líder e não no partido e na sua estrutura. Tudo isto provoca grande instabilidade nos próprios eleitores. Como é possível, por exemplo, que o PSD tenha, no espaço de 4 anos, líderes tão distintos e distantes, como Manuela Ferreira Leite e Santana Lopes? Que estabilidade mostra um partido assim ao eleitorado?

Tammbém o último congresso do PS veio reforçar esta tese. Assistimos a um partido centrado em José Sócrates que, tal como aconteceu com o PSD quando Cavaco se retirou, muito sofrerá quando assistirmos à sua saída de cena. Afinal quem define as matrizes dos partidos? O líder ou as bases? E qual o papel das bases? Serão meros fantoches de massas, manipulados conforme o entendimento de quem lidera os partidos?

No meio desta indefinição levantam-se 3 partidos: BE, PCP e CDS. Os dois primeiros crescem por se afirmarem como alternativas. Propoem outros caminhos, outras formas de fazer as coisas. São coerentes nas suas lideranças e têm um caminho que, quer gostemos quer não, mantêm independentemente dos ventos políticos. O CDS cresce muito à base da descridibilização do PSD. O eleitorado de direita, aquele que se recusa a votar à esquerda do PSD, tem de votar nalgum lado, mesmo que não se reveja 'neste' PSD. Sobra Paulo Portas que, com maior ou menor dificuldade, lá vai mostrando ideias e fazendo alguma mossa no governo Sócrates...

A grande preocupação que emerge é se este crescimento não poderá fazer de Portugal um país ingovernável após as legislativas. O PS parece-me longe da maioria, o PSD parece-me longe de tudo, o PCP e o Bloco são partidos que vivem da sua condição anti-poder. Sobram três soluções: governo minoritário (que, no meu entender, não duraria os 4 anos...); CDS, em coligação com o PS (será isto possível? Que preço pagaria Sócrates?); e o Bloco Central. Dos três cenários, talvez o último seja o mal menor. Mas perante a inevitabilidade da derrota estrondosa do PSD, com quem iria Sócrates 'montar' este bloco central?

Muitas perguntas para poucas respostas...

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